Prevalece em nossos dias, principalmente dentro das igrejas mais carismáticas, um absoluto espírito de anti-intelectualismo. Não falo de um demônio burro e ignorante quando me refiro a espírito, mas discorro sobre um conceito filosófico que permeia a praxis cristã da grande maioria daqueles que frequentam as igrejas.
Obviamente seria demasiadamente longo buscar a raiz história deste conceito e os malefícios causados, mas podemos apontar o séc. XIX como o momento em que se lançou as bases da dicotomia entre a fé e a razão no seio do cristianismo, e devemos isto principalmente ao metodista Peter Cartwright [1].
Algumas características deste movimento e deste zeitgeist (espírito do tempo em alemão).
1- Um movimento tendenciosamente misticista.
2- Afastamento da revelação objetiva de Deus.
3- Oposição a teologia e ao conhecimento humano.
4- Abandono ao raciocínio e aos processos de cognição.
5- Pragmatismo e a busca por resultados através de métodos duvidosos.
Gostaria de deixar um conselho de Charles Finney (1792-1875), teólogo e filosofo americano.
"Meu irmão, irmã, amigo: leia, estude, pense e leia novamente. Você foi feito para pensar. Far-lhe-á pensar; desenvolver suas capacidades pelo estudo. Deus determinou que a religião exigisse pensar, pensar intenso, e desenvolvesse nossa capacidade de pensamento. A própria Bíblia é escrita em estilo tão condensado para exigir o mais intenso estudo".
[1] mais informações no livro "Pentecostal de coração e mente - um chamado ao dom divino do intelecto" / Rick Nañez
Soli Deo Gloria
4 comentários:
Daniel,
Interessante você citar Finney em favor do intelectualismo e o livro Pentecostal de coração e mente como fonte sobre o antiintelectualismo.
Isso porque o livro em questão aponta Finney como um dos responsáveis pelo antiintelectualismo que tem caracterizado o meio pentecostal-carismático.
A propósito do livro, estou concluindo a leitura e pretendo resenhá-lo.
Em Cristo,
Clóvis
http://cincosolas.blogspot.com
Oi Clóvis,
Eu li o livro de Rick Nanez e gostei bastante, porém fiquei com uma péssima impressão de Finney naquilo que tange as questões do intelecto.
A pouco iniciei a leitura da obra de Finney "Teologia Sistemática" e fiquei surpreso com a frase que citei no blog. E não somente com isso, mas também com a profundidade em epistemologia na introdução do livro. Por isso resolvi citá-lo.
Um grande abraço,
Daniel Grubba
Muito interessante seu espaço!
Daniel,
Sem dúvida alguma, fomos feitos para pensar. E as suas observações nos conduzem para esse caminho. Bela reflexão!
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