terça-feira, 31 de março de 2009

Via dolorosa






Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Isaias 53 - 700A.C

Evangelho Maltrapilho / Brennan Manning

domingo, 29 de março de 2009

Um mundo de contrastes

Pregadores sem profundidade



"Seus dons de pregador não melhoraram; são iguais a sete anos atrás; você possui vida, mas não profundidade; há alguma monotonia em sua mensagem; não há amplidão de pensamento. Somente a leitura diária pode remediar isso, combinada com meditação e oração. Você causa a si próprio graves prejuízos ao omitir tais coisas. Sem elas, você nunca chegará a ser um pregador profundo, e nem sequer um cristão completo. Oh! comece, só! Reserve horas determinadas de cada dia para entregar-se aos exercícios especiais. Você pode adquirir o gosto que ainda lhe falta: o que no princípio é tedioso passará a ser agradável depois".

(John
Wesley em correspondência a um de seus cooperadores.)

Fonte: Lelièvre, Mateo. João Wesley: sua vida e obra. p.143-144.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Portas largas para Abelardos



O Senhor está maluco! Reduzir o capital? Nunca! ...Para defender meu dinheiro, serás executado hoje mesmo! Herdo um tostão de cada morto nacional!

A concentração do capital é um
fenômeno que eu apalpo com minhas mãos. Sob a lei da concorrência, os fortes comerão sempre os fracos.

Só se pode prosperar a
causa de muita desgraça, mas de muita mesmo!


Estas são falas de Abelardo I, personagem central do livro de Oswald de Andrade - O Rei da Vela. Percebe-se claramente que se trata de uma caracterização perfeita de um ganancioso capitalista, totalmente desumano e egoísta.

A percepção que tenho (quero estar errado), é que Abelardos são bem vindos na maioria das igrejas, e mais; são considerados abençoados, pois segundo o entendimento da massa, foram galardoados com o raríssimo "dom de adquirir riquezas".

Abelardos, na maioria das vezes, encontram seu lugar de destaque nos primeiros assentos (E atentardes para o que traz traje e lhe disserdes: Assenta-te tu num lugar de honra - Tiago 2.3) e são disputados a tapa por líderes que olham apenas a vantagem de tê-los como sócio-parceiros ministeriais. A razão está no fato dos Abelardos poderem colocar a disposição destes megalomaníacos narcisistas o poder da realização. Não há limites. Ora, pense nas possibilidades: Espaço na mídia, status social, abertura política, terrenos, templos, e alguns mimos também.

Abelardos são aqueles que não sabem discernir entre a sua mão direita e sua mão esquerda. Isto é, não bem onde está o limite entre a necessidade e o desejo. Sua convicção é a de que Deus realizará todos os seus desejos, mesmo que isto implique em cavar ainda mais o abismo da desigualdade social.

Pergunto como é possível algo outrora considerado tão perverso se tornar um símbolo de status e mera convenção social? Ora, será que houve uma trágica redução do evangelho, aquilo que René Padilla chama de evangelho-cultura? Isto é, podemos dizer que o evangelho se tornou um covil de Abelardos? Será que a mensagem de prosperidade material conseguiu alienar as consciências e encobrir a estupidez da exclusão social, exploração dos pobres e aniquilação dos recursos naturais?

Pense e reflita.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Igreja Ideal



Há muitos anos um grande amigo me emprestou um livro que me abençoou muito e que continuo voltando para suas palavras de tempos em tempos em minha jornada pastoral, buscando servir a Deus e Sua Igreja. Trata-se de Comunidade: Lugar do Perdão e da Festa. Abaixo estão algumas linhas onde Jean Vanier fala sobre a busca da comunidade ideal, perfeita.

Não devemos ir em busca da comunidade ideal. Trata-se de amar aqueles que Deus pôs ao nosso lado, hoje. Eles são o sinal da presença de Deus entre nós.

Talvez preferíssemos pessoas diferentes, mais alegres e mais inteligentes. Mas são estas que Deus nos deu e que escolheu para nós. É com elas que devemos criar a unidade e viver a aliança. Escolhemos sempre nossos amigos, mas não escolhemos nossos irmãos e irmãs: eles nos são dados. Assim é na comunidade.

Fico cada vez mais impressionado ao ver pessoas insatisfeitas na comunidade. Quando vivem em comunidades pequenas, gostariam de comunidades grandes, nas quais se é mais ajudado, há mais atividades comunitárias, onde se celebram liturgias mais belas e mais bem preparadas. Quando vivem em comunidades grandes, sonham com as pequenas, que lhes parecem ideais. Os que têm muito trabalho sonham com longos momentos de oração; os que têm muito tempo para si mesmos, parece que se aborrecem. Então, procuram desesperadamente uma atividade que dê sentido à própria vida.

Não é verdade que todos nós sonhamos com essa comunidade ideal, perfeita, em que estaríamos plenamente em paz, em perfeita harmonia, tendo encontrado o equilíbrio entre exterioridade e interioridade, na qual tudo seria alegria?

É difícil fazer com que as pessoas compreendam que o ideal não existe, que o equilíbrio pessoal e essa harmonia sonhada só chegam depois de anos e anos de luta e sofrimento, e que, mesmo assim, são passageiros, são apenas momentos de graça e de paz.

Não percam tempo buscando a comunidade perfeita. Vivam plenamente na sua comunidade, hoje. Parem de ver os defeitos que ela tem; olhem antes para os seus próprios defeitos e saibam que vocês são perdoados e que podem, por sua vez, perdoar os outros e entrar, hoje, nesta conversão do amor.

Será que não deveríamos pensar a ekklesia da mesma maneira que o texto acima? Não seria uma contradição buscar uma igreja perfeita quando estamos anunciando que a igreja é o lugar onde é proibido a entrada de pessoas perfeitas (usando as palavras do livro de John Burke)?

Igreja são pessoas; se pessoas são imperfeitas, como podemos esperar que a igreja seja perfeita? Será que não estamos usando de desculpas para encobrir nosso ego e fugir da realidade que o problema verdadeiro pode estar dentro nós? Nós somos a comunidade, nós somos a igreja; será que os defeitos que enxergamos não são, na realidade, um reflexo de nós mesmos?

O fato é que precisamos desesperadamente aprender a amar…

Sandro Baggio

segunda-feira, 23 de março de 2009

A igreja em descrédito



Diariamente perseveravam unânimes no Templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e
contando com a simpatia de todo o povo. (Atos 2.46-47)

Ora, se de fato estivéssemos em meio a um avivamento, como nos costumam dizer os mais otimistas, algo parecido com o registro de Atos seria uma constatação factível. Isto é, contaríamos com a simpatia de todo o povo. Mas infelizmente, não é o que mostra o gráfico estatístico acima. Ao contrário do que acontecia na primeira comunidade cristã, hoje somos objetos da repugnância social. Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado (Romanos 2.24).

A pesquisa de opinião, feita com 1.200 entrevistados, mostra o Judiciário está em 9º lugar entre 17 instituições no índice de confiança. Em relação à confiança em profissionais, os juízes ficam em quinto lugar. A pesquisa revela que em primeiro estão as Forças Armadas, seguidos das escolas, Policia Federal, Ministério Público, o presidente da República, a Igreja Católica e, em penúltimo
lugar a Justiça e, em último, as Igrejas Evangélicas.

Fonte do gráfico: Caminhando na graça, de graça.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A nauseante Teologia da Prosperidade

Vejam o vídeo e tirem suas conclusões. Apenas observem a face religiosa do neoliberalismo capitalista nas expressões destes animadores. É a crise do ser e do ter. Como dizia karl Marx: "O homem deixa de SER e manifestar sua vida na medida em que passa a TER e sua vida se torna alienada".

Avivamento insípido, país doente



Texto: Daniel Grubba


Toda vez que via a igreja com gente "saindo pelo ladrão" logo pensava: "Isto que é avivamento!" Semelhantemente quando um novo censo do IBGE constatava o crescimento carismático pentecostal; ou até mesmo, quando alguns profetas teatralizavam aqueles atos proféticos cheio de signos e símbolos, que carregavam em si mesmo o poder imediatista da mudança do país. Em outras ocasiões, gritos exagerados de júbilo eram corneteados em ovação pública quando o empolgado pastor dizia: "Seremos a maior nação evangélica, este país será transformado!". É extasiante perceber que você faz parte de algo tão grandiosamente messiânico, é um exorcismo simbólico da crise de inferioridade tupiniquim.


Os anos passam e o fervor dos zelotes é suprimido pela força das contrariedades. Nos tornamos os céticos joão-batistas, investigadores da missão de homem de Nazaré. "És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?" (Lucas 7 : 20). Entretanto, há aqueles que a semelhança de Judas, de tão decepcionados tentam forçar uma barrinha, e acreditam de todo coração poder arrancar do cordeiro de Deus um rugido de leão. Neste caso, o fim todos sabem; suas vísceras tornar-se-ão um espetáculo macabro. Os fins não justificam o meio.


Eis abaixo uma constatação perturbadora do bispo Anglicano Robinson Cavalcanti:


O pentecostalismo que nos chegou não foi o da ala negra da rua Azuza, com sua visão social, mas o da ala branca, com seu isolacionismo, sua ascese extra-mundana e sua escatologia pré-milenista pessimista. Com o passar do tempo, permaneceu apenas o conceito de pecado individual e de uma ética individual da santidade negativa (não fazer o mal) — e não da santidade positiva (fazer o bem) — legalista, moralista, sem os conceitos de pecado social e pecado estrutural, e ética social. A teologia da libertação, racionalista, enfatizaria esses últimos às custas dos primeiros, e, por fim, a teologia liberal pós-moderna, relativista, e amoral, negaria ambos. A “batalha espiritual” reforçaria a alienação e a teologia da prosperidade seria a face religiosa do neoliberalismo capitalista. O neo-pós-pseudo-pentecostalismo não prega conversão e santidade, mas neo-indulgências e sessões de descarrego. Do novo nascimento ao sabonete de arruda tem sido um longo caminho, por onde passam os sócios “evangélicos” dos escândalos da República. Uma igreja insípida não salga nem salva um país enfermo.

O primeiro intérprete da Palavra



(Obra de Michelângelo retratando a tentação no Jardim do Éden)


Por um acaso, você sabe quem foi o primeiro intérprete da Palavra de Deus? Bem, para podermos responder a esta pergunta temos que nos dirigir até o livro de Gênesis 3.1-5. Esta passagem nos mostra pela primeira vez nos registros bíblicos alguém interpretar a Palavra de Deus. E você sabe quem foi seu primeiro intérprete? Foi o próprio Satanás!


Veja, abaixo, qual foi o "método hermenêutico" usado por Satanás para interpretar a Palavra de Deus:


Em primeiro lugar, Deus disse ao homem: "De toda a árvore do jardim comerás livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás" (Gn 2.16,17a). Porém, a serpente (a qual é chamada em Ap 12.9 de "a antiga serpente" e é identificada com o próprio Satanás) se aproxima de Eva e lhe diz: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?" (Gn 3.2). Vemos aqui que o primeiro "princípio hermenêutico" usado por Satanás para interpretar a Palavra de Deus foi o princípio da distorção da Palavra. Ele deliberadamente muda o sentido daquilo que Deus havia dito em Gn 2.16 a fim de que tal interpretação se encaixe adequadamente em seus malignos propósitos.


Em segundo lugar, além de distorcer o sentido da Palavra de Deus, Satanás também emprega o "princípio hermenêutico" da citação parcial. Na sua conversa com Eva, Satanás omite muito convenientemente o que Deus diz no verso 17a. Ele somente menciona (e de forma distorcida!) parcialmente o que Deus havia dito.


Em terceiro lugar, Deus diz: "(...) porque no dia em que dela comerdes, certamente morrerás" (Gn 2.17b). Satanás, ainda em seu diálogo com Eva, ao se referir a essas palavras, afirma: "Certamente não morrereis". O terceiro "princípio hermenêutico" que Satanás usa é o da alegorização. Para Satanás, aquilo que Deus disse - "certamente morrerás" - não deve ser entendido ao pé da letra, mas sim de forma figurada. O curioso é que ele mesmo se oferece para "desvendar" o sentido mais profundo e místico da Palavra de Deus: "Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal" (Gn 3.5).


Finalmente, e desta vez nas páginas do Novo Testamento, veremos novamente o intérprete Satanás em ação. Em Mt 4.5,6 e Lc 4.9-11, textos que tratam da tentação de Jesus no deserto, Satanás emprega o seu quarto "princípio hermenêutico": o uso de um texto bíblico fora de seu contexto. Nestas passagens dos sinóticos, a fim de tentar a Jesus, Satanás cita o Sl 91.11,12 de forma totalmente aleatória, arbitrária e descontextualizada. Ele instiga a Jesus para que salte do pináculo do templo sob a alegação de que os anjos o protegerão. Aqui, vale muito bem aquela máxima hermenêutica: "ele usou um texto fora de seu contexto para lhe servir de pretexto".


De tudo isso, a lição óbvia que fica é: "Não basta apenas interpretar a Bíblia, temos que buscar interpretá-la corretamente".


Autor: Carlos Augusto Vailatti - Fonte: http://blogdovailatti.blogspot.com/

quinta-feira, 19 de março de 2009

Deste "deus" sou ateu



O que me preocupa são os conceitos deformados que estão se formando a respeito de Deus. Confesso que já encontrei muitos ‘deuses’ diferentes nesta ‘teologia tupiniquim’ que pairou sobre nossa pátria a partir dos anos 80 e pegou em cheio o cristianismo. O Deus soberano, criador e sustentador do universo foi trocado pelo ‘deus do mercado da fé’, disposto a leiloar sua imagem em cada reunião. Trocamos o Deus Altíssimo, onisciente e onipresente, que independe de nós, pelo ‘deus Papai Noel’ (aquele que, para conquistar admiradores e adoradores, sai distribuindo presentes a granel). Trocamos o Deus que nos guia mesmo nos vales escuros da vida pelo ‘deus paternalista e superprotecionista’, que, em nome de um triunfalismo barato e sem propósitos, não nos deixa passar pelas provações. Trocamos o Deus que nos ensina a viver em paciência e longanimidade pelo ‘deus micro-ondas’ [...] imediatista, que é obrigado a fazer o que eu quero aqui e agora. Concluo que crer ou não crer não é mais a questão. A questão é em que Deus temos crido”.

Quando ouço os pregadores que fazem da fé um show, que fazem seu reino universal, e mesmo outros em igrejas chamadas históricas, preciso dizer que, se Deus é o que estas pessoas dizem que é e ensinam, eu não acredito nele. Sou ateu do deus deles. O deus dos pregadores televisivos e anunciadores do sucesso é um deus mecânico, muito ao estilo das “vending machines”: basta colocar a moeda e pegar a benção. É um deus subserviente, mecânico, previsível, movido pela gasolina das ofertas, impiedoso, que não conhece a graça.

De minha parte, prefiro o Deus do evangelho de João, que vai em busca dos necessitados, que dá a quem não pediu, que abençoa quem não merece, que ama os seus até o fim.


Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br

Fonte: http://www.ultimato.com.br/?pg=show_conteudo&util=1&categoria=3&registro=986

terça-feira, 17 de março de 2009

Da verdadeira possessão diabólica



"Ele não é propriamente o Espírito do Mal. O mal, tu bem sabes que já tem sido praticado, ao correr da História, com os mais sagrados desígnios. E o que assinala e caracteriza os servos do Diabo, neste nosso inquieto mundo, não é especificamente a maldade: é a indiferença".


Mario Quintana, A Vaca e o Hipogrifo, p.52.

Bem-aventurado os pobres


Os teólogos da prosperidade costumam relacionar pobreza material com maldição. Pobreza é maldição, e por implicação todo pobre é maldito. Um deles chegou a afirmar "a única vez em que as pessoas foram pobres na Bíblia foram quando elas estiveram sob uma maldição"1.

Para nós que vivemos em uma sociedade que organiza sua economia segundo o sistema capitalista, este discurso não chega a ser nenhuma novidade, posto que apenas os mais fortes se destacam em um mercado de concorrência. Os pobres? Segundo o sistema econômico vigente, são fracos e merecem a pobreza como seu salário; 30 milhões que morrem de fome ao ano porque não são bons suficientes para vencer seu concorrente direto. Quem são estes mortos miseráveis? Segundo a religião do mercado, são os "sacrifícios necessários" para o desenvolvimento e progresso econômico.

É evidente que esta necrófila lógica de mercado e a teologia da prosperidade andam de mãos dadas. Para a primeira pobre é um fraco, para a segunda um maldito. Por isto está na hora de passar a criticar não apenas os pressupostos teológicos desta teologia burguesa, mas sua absoluta desumanidade para com os pobres, oprimidos e miseráveis da terra.

Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? Tiago 2.5-6

Será que existe alguma vantagem em ser pobre? O pobre pode ser considerado um bem-aventurado? O que faz os pobres merecerem a preocupação de Deus? Achei algo interessante no livro de Phillip Yancey2. Veja algumas vantagens:

01- Os pobres sabem que têm necessidade de redenção.
02-Os pobres reconhecem não apenas sua dependência de Deus e de gente poderosa como também interdependência uns dos outros.
03-Os pobres depositam sua confiança não nas coisas, mas nas pessoas.
04-Os pobres não têm um senso exagerado de sua própria importância...
05-Os pobres esperam pouca da competição e muito da cooperação.
06-Os pobres conseguem distinguir entre necessidade e luxo.
07-Os pobres podem esperar, porque adquiriram uma espécie de paciência obstinada...
08-Os temores dos pobres são mais realistas e menos exagerados...
09-Quando os pobres ouvem o evangelho, ele soa como boas novas e não como uma ameaça ou repreensão.
10-Os pobres podem reagir ao apelo do evangelho com certo abandono e com uma inteireza descomplicada porque têm tão pouco a perder e estão prontos para tudo.

Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus...Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação. (Lucas 6.20 e 24)

_______________________________________
1 - Paulo Romeiro, Supercrentes, p.68
2 - Phillip Yancey, O Jesus que eu nunca conheci, p.122

segunda-feira, 16 de março de 2009

Leia Pedagogia do oprimido / Paulo Freire

Li há pouco a obra prima de Paulo Freire, Pedagogia do oprimido. Cônscio de todas polêmicas que envolvem seu pensamento, apenas digo; não me recordo de ler algo tão belo e profundo. Este vídeo mostra alguns pensamentos contidos no livro.


quinta-feira, 12 de março de 2009

Que cristianismo é esse?



O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que, no tempo da igreja primitiva se entregou ao Imperador Constantino em troca de cargos e isenção de impostos. Costume esse, que felizmente para uns e infelizmente para outros, ainda hoje reina.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que, no tempo do imperador Justiniano fomentou perseguições, revoltas e guerras por causa do culto às imagens de esculturas, ─ que ainda hoje, alguns praticam para gáudio de seus próprios “egos”.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que, para cristianizar e escravizar os povos do Ocidente fez do Rei Carlos Magno, seu chefe espiritual ─, cujo ideário ainda se mantém intacto na esdrúxula politicagem atual.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que introduziu as Cruzadas, para em duzentos anos de guerra, praticar roubos e crimes em nome de Deus ─, semelhante a nossa história de D. João VI para cá.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que promovia execuções públicas para concretizar sua intenção de intimidar o povo no tempo das grandes inquisições ─, que de forma escamoteada ainda predomina entre nós.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que fez do judeu convertido Tomás de Torquemada um sanguinário implacável, o qual em defesa da fé jogou dez mil à fogueira. ─ Fogueira essa, hoje, representada pelo submundo dos desvalidos e marginalizados do nosso imenso país.

O que o Cristo tem a ver com esse cristianismo que prendeu e torturou Galileu, só porque ele afirmou, com comprovação científica, que o sol e não a terra, era o centro do nosso sistema planetário ─ fato que ainda hoje faz da ciência a maior inimiga da religião.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo, que no Brasil, a troco de civilização, escravizou os nossos antepassados com um espúrio catecismo imposto a ferro e fogo, e que hoje, com um outro nome (doutrina) ─, faz o mesmo papel.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que reconstruiu os muros da intolerância entre as nações ─, e continua até hoje, através dos massacres ideológicos dos paises de primeiro mundo, contra os de segundo e terceiro mundos.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que restaurou o véu do templo, para ali, tentar falar com Deus sem a intermediação do seu Filho ─, como fazem algumas seitas que não quero revelar os nomes.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que faz propaganda enganosa de curas, diariamente, com horário pré-estabelecido nas emissoras de televisão.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que estimula e exalta os instintos arcaicos dos indivíduos, levando-os, por fim, a uma histeria coletiva grotesca ─, que muitos acreditam ser o mesmo poder que desceu sobre os que estavam reunidos em Jesusalém no dia de Pentecostes ─ acontecimento registrado no livro de Atos dos apóstolos.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que reedita a Sua crucificação ─ ao substituí-Lo por amuletos e réplicas desrespeitosas dos símbolos judaicos, numa heresia nunca vista nos últimos tempos.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que leva multidões de incautos, sem sabedoria, a se reunirem para sessões de quebra de maldições em praça pública ─, invalidando o sacrifício d’Aquele que se fez maldição por nós.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que deturpa o sentido dos versículos bíblicos ─, ao afirmar que, se o crente não possui tudo o que o vil deus Mamon oferece, é porque está em pecado.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que faz da Bíblia o livro mais vendido no mundo ─, para simplesmente ser carregada por muitos, em procissões, como imagem de escultura.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que prega e “emprega” ─, mas evita ao máximo, que as almas se disponham a comprovar através do estudo, se o que se alardeia é correto ─ como fizeram os de Beréia.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo que divide os crentes em duas classes ─ os de primeira classe são os que têm o dom de glossolalia, e os de segunda classe são aqueles comedidos que só falam o seu idioma pátrio.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo, que de forma engenhosa e sutil, continua nos nossos dias iludindo a muitos ─ com seu discurso hedonista, recheado de atraentes guloseimas que empanturram o corpo e enfraquecem o espírito.

O que Cristo tem a ver com esse cristianismo de pífios espetáculos e práticas escandalosas, cujos líderes promovem disputas engalfinhadas para se apoderar do farto comércio do “butim gospel”.

NA REALIDADE, MEU IRMÃO, CRISTO NÃO TEM NADA A VER COM ESSE SIMULACRO DE CRISTIANISMO, QUE VEM SENDO DIFUNDIDO DESDE OS TEMPOS MAIS REMOTOS ─ PELOS QUATRO CANTOS DA TERRA.
Fonte: Ensaios e prosas, de Levi Bronzeado

quarta-feira, 11 de março de 2009

Oferta cristã na igreja primitiva, que diferença!

Foto: representação artística dos cristãos em face da morte no Coliseu.


"Os cristãos da igreja primitiva ponderavam sobre o que iriam perder ao abraçar a fé cristã. Eles perdiam suas vidas, suas famílias, suas casas, suas heranças...Hoje, o cristão da igreja moderna se pergunta o que ele vai ganhar acreditando em Jesus: dinheiro, casa, carro, viagens..."


segunda-feira, 9 de março de 2009

O filão religioso




O filão religioso / Ricardo Gondim


As Casas Bahia disputam o mesmo mercado que a Magazine Luiza. As duas lojas se engalfinham para abocanhar o filão dos eletrodomésticos, guarda-roupas de madeira aglomerada e camas de esponja fina. Buscam conquistar assalariados, serralheiros, aposentados e garis. Em seus comercias, o preço da geladeira aparece em caracteres pequenos, enquanto o valor da prestação explode gigante na tela da televisão. A patuléia calcula. Não importa o número de meses, se couber no orçamento, uma das duas, Bahia ou Luiza, fecha o negócio - o juro embutido deve ser um dos maiores do mundo.


Toda noite, entre oito e dez horas, a mesma lengalenga se repete nos programas evangélicos. Pelo menos quatro “ministérios” concorrem em outro mercado: o religioso. Todos caçam clientes que sustentem, em ordem de prioridade, os empreendimentos expansionistas, as ilusões messiânicas e o estilo de vida nababesco dos líderes. Assim, cada programa oferece milagres e todos calçam suas promessas com testemunhos de gente que jura ter sido brindada pelo divino. Deus lhes teria abençoado com uma vida sem sufoco. Infelizmente, o preço do produto religioso nunca é explicitado. Alardeia-se apenas a espetacular maravilha.


Considerando que a rádio também divulga prodígios a granel, como um cliente religioso pode optar? Para preferir uma igreja, precisa distinguir sobre qual missionário, apóstolo, pastor ou evangelista, Deus apontou o dedo. E se tiver uma filha com leucemia aguda, não pode errar. Ao apelar para uma igreja com pouco poder, perde a filha. O correto seria freqüentar todas. Mas como? Em nenhuma dessas igrejas televisivas o milagre é gratuito ou instantâneo. As letrinhas, que não aparecem na parte de baixo do vídeo, afirmariam que, por mais “ungido” que for o missionário, um monte de exigência vem embutida na promessa da bênção. É preciso ser constante nos cultos por várias semanas, contribuir financeiramente para que a obra de Deus continue e, ainda, manter-se corretíssimo. Um deslize mínimo impede o Todo Poderoso de operar; qualquer dúvida é considerada uma falta de fé, que mata a possibilidade do milagre.


Lojas de eletrodoméstico vendem eletrodoméstico, óbvio. Igrejas evangélicas comercializam a idéia de que agenciam o favor divino com exclusividade. E por esse serviço, cobram caro, muito caro. Afinal de contas, um produto celestial não pode ser considerado de quarta categoria. A "Brastemp" espiritual que os teleevangelistas oferecem vem do céu. O acesso ao milagre se complica, porque todos mercadejam o mesmo produto. Os critérios de escolha se reduzem a prazo de entrega, conforto e garantia. Opa, quase esqueci! As lojas, em conformidade com o Código do Consumidor, são obrigadas a dar garantia, mas as igrejas evangélicas não dão garantia alguma. O cliente nunca tem razão. Quando a filha morrer de leucemia, o pai, além de enlutado, será responsabilizado pela perda. Vai ter que escutar que a menina morreu porque ele “deu brecha” para o diabo, não foi fiel ou não teve fé.


Mercadologicamente, Casas Bahia e Magazine Luiza estão bem à frente das igrejas. Melhor assim, geladeira nova é bem mais útil do que a ilusão do milagre.


quarta-feira, 4 de março de 2009

O destestável vírus do legalismo

Texto: Daniel Grubba

O legalismo, em linhas gerais, é um sistema teológico-espiritual que tem por objetivo buscar a aprovação de Deus mediante esforço pessoal. Se trata na verdade de um caminho diametralmente oposto ao caminho do evangelho da graça de Deus, mas mesmo assim são milhões de pretensos devotos que o trilham carregando fardos insuportáveis.


O caminho do legalismo é o modo farisaico de conquistar os favores de Deus. Na mente farisaica não bastava obedecer as 613 leis mosaicas. Além delas, outras 1524 emendas foram criadas para não facilitar as quebras das leis (ex: ao mandamento de não quebrar o sábado foram acrescentadas mais 39 regras proibitivas). O objetivo está claro, barganhar com quem detém o poder. Segundo o entendimento deste grupo legalista, o reino de Deus somente viria se todos praticassem com perfeição tais leis. Este é o motivo dos fariseus odiarem tanto os pecadores que Jesus amava, eles atrapalham os planos eternos; e também motivo do esforços proselitistas, posto que quanto mais fariseus mais rápido o reino virá. Jesus reprova: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito.


A questão é: Será que existe legalismo na atual práxis evangélica?


Pergunto com sinceridade, pois parece que existe uma multidão de piedosos esmagados pelo sentimento de culpa. Muitas vezes, bons cristãos que estão desenvolvendo neuroses profundas em virtude disto. Quer dizer, tentaram com todas forças fazer o melhor, fundamentaram sua fé em si mesmo, mas tropeçaram. Pessoas sinceras que se sentem o vapor exalado do tártaro por terem fracassado. Se tornam tão angustiadas que esperam a cada instante a notícia de que foram rejeitadas para sempre. São tantas as neuroses obcessivas que Sigmund Freud ficaria atordoado só de ouvi-las.


É muito sútil, ninguém vê o tal do vírus chegando. Mas ele começa a agir quando você começa a barganhar com Deus, procurando agradá-Lo, mostrando a Ele todas tuas conquistas espirituais. Deus, olha minha devoção, meus decretos proféticos, minhas horas acumuladas de oração e jejum, milhões de dias a reuniões no templo, olha como sou santo e separado dos demais pecadores, quantos capítulos bíblicos lido, quantas ofertas financeiras, quanto evangelismo e almas ganhas...


Deste modo, instalado no orgulho humano o vírus descaracteriza o ser e cria um distorção, que Jesus chamou de hipócritas (que vem do grego hypokrites e significa ator). Sim, atores que escondem atrás de sua falsa grandeza, a fraqueza inerente de todos os seres. Assim sendo, voltam-se a lei e rejeitam a graça. Tornam-se "atores" em busca do aplauso dos céus, olham apaixonadamente para Sião esperando o esplendor, e ironicamente rejeitam o crucificado do Gólgata.


Como diz Caio Fábio, cair da Graça é se entregar aos mecanismos de repetição de sacrifícios e barganhas, que por mais ingênuos que pareçam, significam a não validação do sacrifício eterno de Cristo.

terça-feira, 3 de março de 2009

O deus da lâmpada mágica


Basta alguns minutos na TV ou na rádio e ele aparece. Sempre com ofertas irresistíveis. Não teme mostrar sua fraqueza, nem seu desespero por companhia. Sua meta é nos livrar dos problemas de nossa existência. Ele ama dinheiro e sacrifício, não teme revelar sua face neoliberalista, e proclama com paixão seus caminhos que nos levam a obtenção de todos nossos desejos. É capitalista e usa bem esta estrutura mercadológica. Ama os fortes da fé, os que decretam sentenças, todavia detesta os duvidosos. Em seu arsenal encontra-se toda sorte de objetos milagrosos. Ele na verdade, se parece com um grande supermercado, você escolhe o que precisa, coloca na cesta, paga no caixa o devido preço e vai viver sua vida.


O deus da lâmpada mágica é assim. Ele ludibria, enfeitiça e mais; usa os nomes e atributos do verdadeiro Deus. Incrível é ver sua força ser proclamada por homens e mulheres, em geral líderes, que por ingenuidade ou picaretagem dão a esta divindade híbrida todo espaço necessário para pescar e cativar as almas.


A reflexão de Rubem Alves, em seu livro "Religião e Repressão" é bem oportuna. Ele diz:


"Os grupos "evangélicos" de hoje, não se preocupam com o destino da alma depois da morte. As pessoas não são convertidas para serem "salvas". Elas se convertem para viver melhor esta vida. O que interessa é a vida antes da morte, neste mundo. O que se busca é a "benção". Deus é o poder magico, que se corretamente manipulado, conserta os estragos que o diabo faz na vida de cada um. Talvez essa seja a razão para seu sucesso (...) Como disse Dostoiévski, "os homens não estão atrás de Deus, estão atras do milagre". Deus é o poder que faz a vontade dos homens, se as fórmulas magicvas forem usadas segundo a receita".

segunda-feira, 2 de março de 2009

O que aprendi com Sören Kierkegaard



Meus primeiros contatos com o pensamento de Sören Kierkegaard se deram através da perspectiva do outro, isto é, tudo que sabia a seu respeito era baseado na leitura e interpretação de terceiros. Me foi dito que seu método de investigação cognitiva era guiado por um processo de suspensão racional. Que também era considerado "pai do existencialismo". E mais, responsável indireto pela escola fideísta (a fé é um salto no escuro). Tudo dito por alguém que o leu e o julgou, principalmente pelos "defensores da fé". Portanto, como um estudante de apologética, aprendi a vê-lo com toda sorte de preconceitos possíveis, olhando sempre pelo lado negativo, e tudo isto antes mesmo de conhecê-lo. O que é isto senão dogmatismo?

Resolvi ler e tirar minhas conclusões. Ainda sei muito pouco sobre sua obra, mas o que aprendi?



Que a atitude dogmática nos afasta da verdade, sufoca o livre diálogo e reduz o ser a um esteriótipo vazio de significado. Sim, estava sendo dogmático.


Que seu conceito de fé não invoca o irracional, mas coloca a fé acima da razão. Não suspende o raciocínio, mas não se prende absolutamente a ele. Para Sören, fé é crer no Absurdo.


Que a fé pertence ao mais alto grau de elevação existencial. A fé é superior a estética e a moral.


Saindo do campo filósofico das idéias, aprendi principalmente que não devo julgar quem quer que seja, a partir da análise de terceiros. Devo tirar minhas próprias conclusões a partir da minha própria reflexão. Se quero fazer uma crítica a um escritor, por exemplo, deve lê-lo em primeira mão.


Enfim, leia tudo e tire suas conclusões. Faça isto pelo bem da tua alma. E mais, leia não só os livros, mas os fatos, a vida, a história. Se você assim não fizer, alguém fará por você. Ai você perderá a capacidade de analisar, se tornará um fundamentalista, repetidor de discurso e a verdade estará longe do teu coração.

domingo, 1 de março de 2009

Criação por acaso?

Trecho do DVD Expelled que satiriza a afirmação dos darwinistas quanto a teoria da origem randômica da primeira célula viva. Vale a pena ver.