terça-feira, 27 de maio de 2008

Felicidade não se compra (Frank Capra)

Estes dias andei pensando muito no conceito da felicidade. E confesso que entrei em contradição, pois fui levado pelos meus próprios pensamentos a um dilema enigmático onde cada um parece ter seu próprio conceito de felicidade. E é algo que parece ser tão subjetivo, cheio de opiniões vazias e não essênciais. A verdade é que aquilo que traz felicidade a minha existência pode ser diferente daquilo que traz a sua. Mas neste oceano metafísico de subjetividade encontrei um porto, algo concreto e absoluto. Tão absoluto quanto o desejo que cada ser humano tem de ser feliz, afinal não estão todos em busca da felicidade? Como disse o filósofo e matématico Blaise Pascal:

"Todas as pessoas buscam a felicidade. Não há exceção para isso. Sejam quais forem os meios diferentes que empreguem, todos objetivam esse alvo. A razão de alguns irem à guerra, e de outros a evitarem, é o mesmo desejo em ambos, visto de perspectivas diferentes. A vontade nunca dará o último passo em outra direção. Esse é o motivo de cada ação de todo ser humano, mesmo dos que se enforcam".

Todos objetivam esse alvo. Esta frase de Pascal atingiu meu ser. Enfim, algo objetivo. A subjetividade é sufocante para quem é sincero na busca pela verdade. Mas me perdi e fiquei a deriva novamente quando busquei algum sentido nos meios subjetivos empregados a fim de satisfazer algo tão essêncial. Será que existe algo que seja inerente a todos nós?

O filme de Frank Capra (em português - A Felicidade não se compra) ajudou a esclarecer minhas dúvidas existênciais. Neste filme maravilhoso e cheio de significados verdadeiros, George Bailley, o protagonista deste romance natalino, diante de sua vida cheia de sonhos não realizados e dificuldades tão intransponíveis, decide parar o trem condutor da vida e descer, afinal ele estava tão cansado de tudo. Uma trama, que chega a ser engraçada, se desenrola no céu e um anjo é designado para cuidar de Bailley. Não foi uma tarefa fácil, pois o homem estava demasiadamente desânimado, nada o faria voltar atrás em sua decisão, a morte era o único caminho para que o objetivo final da felicidade fosse alcançado. Mas brilhantemente o anjo aceita o pedido de Bailley que em um momento de lamentação diz que nunca queria ter nascido. O anjo, então, passa a mostrar como seria a cidade, a empresa, as pessoas, a vida das famílias que Bailley tinha passado. A verdade é que havia um vazio, um buraco, afinal Bailley nunca existiu. Por exemplo, quando Bailley foi em busca da sua casa, reencontrar sua família, nada havia, apenas uma casa abandonada. Sua mulher? Era uma solteira, velha e infeliz. Filhos? Não existiam mais, afinal Bailley nunca tinha nascido. É muito interessante como a situação fica desesperadora e angustiante, ele tenta conversar com as pessoas, chamar atenção, mas ninguem o conhece, ele nunca existiu. Ele implora ao anjo: por favor, eu quero minha vida de volta.

Aprendi muito com este filme. Aprendi que nossa vida tem um valor incalculável e que a morte definitivamente não é caminho para a felicidade. Muito menos desejar nunca ter nascido, pois como pode a não-existência ser melhor que a existência? É a mesma coisa querer dizer que uma cadeira que nunca foi fabricada e que não existe, é melhor que uma cadeirinha de palha. Como pode isso se a cadeira nem existe? Mais alguém pode dizer: Ah, qualquer coisa é melhor que uma velha cadeira de palha. Bom, neste caso "qualquer coisa" faz parte de algo que existe. Chego a conclusão que qualquer vida é melhor do que nunca ter existido.

Reflita sobre isso, você é ser único e especial, existe valor real em tua existência. Há sentido e proposíto. Você não é um absurdo ou acidente cósmico. Como disse Socratés: Conhece-te a ti mesmo. Busque o significado e você achará teu tesouro. E onde estiver teu tesouro, ali estará seu coração.

Daniel Grubba

quarta-feira, 14 de maio de 2008

É possível acreditar em Darwin e em Deus, diz pesquisador

Em entrevista a ÉPOCA, o professor de Oxford Alister McGrath afirma que a fé ajuda a explicar o que a ciência não consegue.

Alister McGrath e Richard Dawkins, autor do livro Deus, um delírio, têm trajetórias bastante parecidas. Ambos são cientistas de Oxford, estudiosos das ciências naturais e mostram-se abertos a novas formas de pensar, desde que as evidências o levem a isso. A diferença é que o raciocínio lógico levou Dawkins a pregar o ateísmo e McGrath a acolher a fé. Leia, nesta entrevista, como ele considera que a existência de Deus pode ajudar o conhecimento científico.

ÉPOCA - Quando você passou a acreditar em Deus?
Alister McGrath
- Na juventude estive apaixonadamente persuadido pela veracidade e relevância do ateísmo. Quando fui para Oxford estudar química, comecei a refletir sobre se aquilo faria sentido. Mais tarde conheci Joanna (sua atual esposa) e percebi que a força dos argumentos que levam a Deus é mais satisfatória do que a que leva ao ateísmo.

ÉPOCA - Vocês e Richard Dawkins são amigos?
McGrath
- Não, somos apenas professores da mesma universidade. Nós estamos presentes em alguns congressos e nos encontramos. Somos cordiais. Mas não posso dizer que somos amigos. Nós nos conhecemos mais pelas publicações que um e outro produziu. E nossas divergências também aparecem no que escrevemos.

ÉPOCA - Você diz que Dawkins se tornou um fanático. Qual a sua suspeita?
McGrath
- A agressividade de Dawkins é reflexo de sua frustração. Ele passou a ser mais agressivo porque sabe que a religião está cada vez mais presente na vida das pessoas. Ele convoca seus leitores para militar contra a religião e rompe com sua própria argumentação. Seu único argumento é de que a religião não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. É por frustração que ele afirma que toda a religião é perniciosa e deve ser banida da sociedade.

ÉPOCA - Quais seus argumentos para acreditar que Deus existe?
McGrath
- Neste meu livro, eu realmente não dou argumentos para acreditar em Deus, mas rebato os de Dawkins. A forma como você acredita em Deus dá sentido ao mundo. Acreditar em Deus traz esperança e motivação para se manter vivo e se relacionar com as pessoas.

ÉPOCA - Você acredita na evolução?
McGrath
- Eu discordo de Dawkins em sua insistência de que a evolução biológica exclui Deus do processo. Não entendo como ele chegou a essa conclusão. Na minha opinião, as duas coisas são compatíveis.

ÉPOCA - As pessoas religiosas têm a moral mais desenvolvida que os ateus?
McGrath
- Não quero dizer que ateus são pessoas ruins. O que quero dizer é que acreditar em Deus dá habilidade e ferramentas para tratar melhor deste assunto.

ÉPOCA - Dawkins diz que é importante submeter a fé a um exame crítico. Você acredita nisso?
McGrath
- Sim, acho que isso é uma importante coisa a se fazer. Acredito que todo mundo deveria submeter suas crenças a um exame crítico. Sempre. A razão pela qual sou cristão é porque submeti minhas crenças e descobri que elas não ficavam em pé. Para mim, acreditar em Deus tem razões muito mais robustas.

ÉPOCA - Quando a ciência não pode explicar Deus?
McGrath
- Penso que a ciência é extremamente efetiva para explicar o mundo natural. Mas quando tenta explicar questões como valores ou significados, não acredito que ela consiga com êxito. Dawkins diz que a ciência pode explicar todas as coisas. Eu digo que acreditar em Deus ilumina partes da vida que a ciência não pode explicar. As duas podem trabalhar muito bem juntas.

ÉPOCA - Você votaria em um candidato ateu?
McGrath
- Eu não escolheria meu candidato considerando a religiosidade dele. Dawkins exagerou no preconceito. Eu não cultivo o preconceito que ele próprio tem. Há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Eu li e recomendo...Deus mandou matar?

Um grande embaraço está reservado para todo leitor da Bíblia. Principalmente quando este se depara com textos explícitos do AT sobre a ordem de Deus dada aos judeus para matar a nação cananéia inteira, sem piedade alguma, incluindo mulheres e crianças inocentes. A pergunta que não quer calar é: Deus mandou matar? Este tipo de questionamento se torna mais inquietante ainda quando analisamos estes registros sanguinários a luz dos ensinamentos de Jesus Cristo no NT. Em especial, quando tentamos ler estas sinistras passagens a luz da máxima de Jesus, que é amar os inimigos e orar por eles. Será que existe alguma justificativa racional?

Stanley Grundry colocou em diálogo, ao redor deste tema, quatro teólogos de diferentes escolas, que por sua vez, apresentam quatro pontos de vistas em relação ao genocídio cananeu. Este tipo de livro-debate é interessante por natureza, mas o que torna este livro mais interessante ainda, é o fato dele ter sido escrito pouco tempo depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro, e obviamente, os sentimentos de todos estavam aflorados.

Recomendo a leitura deste texto a todo estudante sincero da Bíblia que busca em seus registros inspiração para a humanidade. Também recomendo aos apologistas e cristãos de um modo geral, que por tantas vezes são questionados a cerca deste tema tão polêmico. Portanto, esteja preparado para responder todo aquele que pedir razão da tua fé (I Ped 3.15).

Boa leitura.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Problemas com a igreja?


Todo relacionamento passa por três fases distintas: idealização, frustração e, por fim, maturidade. Isso vale para amizades, namoro, relacionamento com Deus e... com a Igreja. Quando estamos dando nossos primeiros passos na fé, tudo é perfeito. A Igreja é o paraíso na terra. Mas essa fase de idealização infelizmente passa, e começamos a ver que a Igreja não é tão perfeita assim, pelo menos se apercebem disso aqueles que não estagnam, e seguem um processo de crescimento emocional, espiritual e intelectual normal e saudável.
Já os que param no tempo dificilmente enfrentam esse tipo de problema, são aqueles que como disse Bertrand Russel: “Preferem morrer a pensar”. Mas à medida que amadurecemos e nos tornamos mais cientes da Santidade de Deus, vemos o quão distante do ideal a Igreja está. E ai bate a frustração. A reação a esse estágio varia de pessoa para pessoa, uns se afastam de Deus, outros mudam de igreja (comprando uma nova ilusão de que encontrarão uma igreja perfeita), e outros... estagnam. Sim, alguns param na fase de idealização, mas outros, param na frustração. Vivem de criticar a Igreja e criticar lideres espirituais por eventuais pecados ou desvios doutrinários. Jesus ao fundar a Igreja jamais esperou perfeição.
Perfeição é algo que não veremos nesse mundo. A raça humana é decaída e depravada e isso é válido para você e eu. Da mesma forma que as pessoas que eu critico tem defeitos, eu também tenho – talvez até piores! O que não podemos fazer é estagnar na fase de frustração – quanto tempo eu parei nessa fase! – mas sim, partir para o próximo degrau: a maturidade. É nessa fase que aprendemos aceitar a Igreja e o próximo pela graça, assim como Deus nos aceita com todas nossas imperfeições. É a fase que ao invés de nos isolarmos e cultivarmos a frustração, nós nos envolvemos com nossa Igreja imperfeita para transformá-la. Uma fase em que paramos de pensar no que a Igreja pode fazer por nós, mas o que nós podemos fazer pela Igreja. Uma fase em que derrubamos nossos muros da arrogância e permitimos sermos tratados por pessoas tão pecadoras quanto nós, e ao invés de menosprezar os desvios dos outros, nós fazemos o possível para abrir seus olhos, não com uma atitude de superioridade, mas de forma humilde.
A fase da maturidade é uma fase que eu estou encontrando agora, aceitar minha Igreja com todas suas imperfeições, sem esquecer que foi essa mesma Igreja imperfeita e cheia de gente imperfeita que tanto me beneficiou outrora. É a fase que ao nos depararmos com o erro nós dizemos: “Eu mudarei essa Igreja, pois tudo é possível àquele que crê!”. É fé na prática! Dietrich Bonhoeffer quando fez 14 anos, surpreendeu a família ao anunciar sua decisão de se tornar ministro do Evangelho e estudar teologia. Seus irmãos e irmãs criticaram essa decisão e disseram que a Igreja era uma instituição “pobre, fraca, monótona e pequeno-burguesa”. A resposta de Bonhoeffer? “Nesse caso, precisarei reformá-la”.
O que você espera para reformar a sua Igreja? A Igreja precisa de consertos sim, mas esses consertos não serão corrigidos através de cristãos hipócritas e arrogantes que criticam ao invés de agir. A Igreja precisa de uma reforma, não só de credo mas também de obras. Amadureçam! Ensinem! Preguem! Pratiquem!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Eu li e recomendo...Contexto e ambiente do Novo Testamento / Eduard Lohse

O Novo Testamento, seus autores e personagens históricos importantes, nasceram no ambiente político-religioso do judaísmo e o evangelho foi proclamado em determinado lugar e tempo da historia. Por isso, de acordo com o que diz o próprio autor, é necessário não somente estudar as línguas faladas naquele tempo – hebraico, aramaico e grego – mas também conhecer, tão exatamente quanto possível, a situação política, as condições de vida e os costumes daquelas pessoas, suas esperanças expectativas, suas idéias e opiniões para conhecermos melhor os condicionamentos histórico-culturais em que se deu a manifestação de Deus. Quanto mais conhecermos o ambiente em que o anuncio cristão encontrou os homens, melhor conseguiremos traduzir o conteúdo dessa mensagem, o modo de falar e as idéias do mundo antigo para a linguagem de nosso tempo.

O livro está dividido em duas partes principais. Na primeira parte do seu livro, Lohse descreve esse contexto histórico e cultural do judaísmo palestino e helenista. São focalizados a história política, os diversos grupos e modelos de pensamento, a vida e a fé dos judeus influenciados pelo ambiente histórico greco-romano. Na segunda parte do livro, o autor dirigi-se a política e a sociedade do Império Romano, com uma atenção especial aos movimentos religiosos e filosóficos, como o gnosticismo.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O povo perece por falta de conhecimento (Os 4.6)

CIDADE DO VATICANO, 28 ABR (ANSA) - A Bíblia, apesar de ser o livro mais difundido e traduzido no mundo, com versões em 2.454 idiomas, continua sendo quase desconhecida em muitos países que se dizem católicos, segundo pesquisa encomendada pela Federação Bíblica Católica apresentada segunda-feira (28) no Vaticano.

Participaram da pesquisa 13 mil pessoas de nove países: Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda, França, Alemanha, Itália, Espanha, Polônia e Rússia. Somente 14% dos italianos entrevistados deram respostas corretas a perguntas básicas de conhecimento sobre a Bíblia, como "Os evangelhos são parte da Bíblia?", "Jesus escreveu livros da Bíblia?" e "Quem, entre Moisés e Paulo, era um personagem do Antigo Testamento?".

Os resultados não foram muito melhores nos outros países: somente 17% souberam as respostas nos Estados Unidos e na Inglaterra, 15% na Alemanha, 11% na França e 8% na Espanha. Os mais bem classificados foram os poloneses, com 20% de respostas corretas, e os piores foram os russos, com 7% de acertos.Apesar disso, 75% dos norte-americanos afirmaram ter lido passagens da Bíblia nos últimos 12 meses, sendo que somente 27% dos italianos disseram o mesmo. França e Espanha tiveram respectivamente 21% e 20% de leitores da Bíblia.

Quanto a freqüentar a igreja, 32% dos italianos disseram fazê-lo, contra 55% dos poloneses e 45% dos norte-americanos. Entre os católicos ortodoxos russos, somente 6% vai a missa a cada domingo. A maioria dos entrevistados afirmou ter a sensação de contar com a proteção de Deus: 86% de norte-americanos, 79% de poloneses e italianos, 78% de russos e 65% de espanhóis, sendo que a França registrou o menor número com somente 47%. Para 34% dos poloneses, 27% dos norte-americanos, 23% dos italianos e 21% dos russos, os textos bíblicos devem ser considerados a "palavra de Deus" e, portanto, ser interpretados ao pé da letra e não de maneira crítica.

A Bíblia tem versões traduzidas para 2.454 idiomas, mas a tradução completa (incluindo o Antigo e o Novo Testamento) está disponível apenas em 438 idiomas. O Novo Testamento foi traduzido para 1.168 línguas e 848 outros idiomas têm pelo menos um livro bíblico.