terça-feira, 30 de junho de 2009

Quando orar, olhe para seus próprios pés


Texto: Ubirajara Crespo


Lucas 18.9-14: Esta parábola é simplesmente devastadora para ao meu coração. Ela me corta, me pisa, me enlouquece, mas acima de tudo me mostra quem realmente sou e me coloca no meu devido lugar.


Vou tentar resumi-la: “... Dois homens subiram para orar, o primeiro falou de si para si: Graças te dou por não ser como um destes pecadores....”


Este sujeito não orou para Deus, orou de si, para si, porque se considerava “O Cara”, “The Best”, “o centro do universo”: mais ou menos como fazemos hoje: Sou evangélico, sou pastor, sou crente contextualizado, sou Gospel, sou apostólico, sou escritor, sou compositor, sou cantor, sou batizado no Espírito Santo, sou profeta, sou mestre, sou líder, sou intercessor, sou apóstolo, sou levita, sou evangelista, sou diácono, falo em línguas, sou da Igreja tal, sou batista, sou pentecostal, sou fulano, sou guerreiro. - Estes títulos todos só servem para hierarquizar, criar castas e nos distanciar uns dos outros.


Todos gostam de parecer especiais, diferentes, mas a única identificação que realmente serve é: "Sou servo de Jesus e servo de todos, o meu único direito é me humilhar perante a poderosa mão de Deus".


APLICAÇÃO


Você já se exaltou alguma vez? Eu já tentei fazer isto inúmeras ocasiões, em algumas até fui bem sucedido, mas em todas delas, desagradei ao meu Senhor. Eu espero nunca mais exaltar a mim mesmo ou a algum outro destes pobres vermes que, como eu, subem em púlpitos, palcos e fazem gravações tentando parecer valioso?


Tomei o cuidado de dizer espero nunca mais exaltar a mim mesmo, propositadamente, porque acho que neste aspecto eu não sou nada confiável, são muitas as tentações e tenho a tendência de cair em todas. Se algum dia eu merecer o título de “Servo Inútil e sem valor”, já terei subido inúmeros degraus além do lugar onde me encontro neste momento.


Ao orar, devo olhar par aos meus próprios pés, e ver como realmente são. Quando não sou nada, sou tudo, quando me humilho sou exaltado, quando sou servo me torno o maior.


Fonte: http://sob-nova-direcao.blogspot.com/

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Caçadores de Deus



Por José Barbosa Júnior


... E então vinha o homem, ao entardecer, na viração do dia, remexendo entre arbustos e galhos de árvores maiores, quando de repente sua presa deu-se por vencida. “- Te peguei, Deus! Que coisa feia... fugindo de mim?”


Sei que todos nós sabemos que não foi assim, mas é a cena que vem a minha mente quando ouço falar no termo “caçador” de Deus. Um Deus acuado, sem ter pra onde correr senão para os braços daquele que lhe “acolherá”. Papéis invertidos? Lógico! Palavra deturpada? Sem dúvida alguma.

O homem sempre esteve em busca de Deus, sempre “caçou” Deus... e todas as tentativas dessa perseguição do elemento divino terminaram inexoravelmente em RELIGIÃO. A religião é isso: o homem em busca de Deus, uma busca desesperada, mediante esforço próprio, sacrifícios, na tentativa de prender esse mesmo Deus ao seu sistema de ritos, doutrinas e convenções humanas.

A religião é, portanto, inerente ao ser humano. O vazio existencial, o buraco negro da alma em busca de algo que o possa preencher, tudo isso clama pela religiosidade. E ela então chega, como se fosse a salvação para o homem. O homem então se entrega na sua busca de Deus, fazendo dele a caça, o alvo a ser alcançado, atingido... para depois de preso, estar sujeito aos seus caprichos e deleites.

Porém, há algo novo, sempre novo. Chama-se Evangelho. Na viração da tarde, na ausência de cor para a continuação do dia, é Deus quem toma a iniciativa: “Adão, onde estás?”. A iniciativa da caça é dele! E não é uma caça para exterminar o objeto caçado. Somos alvo do AMOR de Deus. Essa caça é que nos traz vida! A salvação foi, é, e sempre será iniciativa de Deus. A cruz ressoa desde a eternidade... sobre a manjedoura de Belém já pairava a sombra de uma cruz, a cruz preparada desde a eternidade e sobre ela o cordeiro imolado por nós desde a fundação do mundo.

Isso é graça! Eu não mereço... eu não busco, eu não caço Deus. Ele me ama... me busca... me encontra.... me abre os braços... eu só descanso nEle... e a obra é ELE quem faz e continua fazendo até o dia dEle mesmo.

Fui seduzido e deixei-me seduzir. Fui preso na sua graça! Fui enclausurado em sua liberdade, não tenho como deixar de ser livre! Fui caçado na viração do dia... não sei o que é a noite sem Ele. Morri. Ele vive em mim!


***
Fonte: Crer e Pensar (via) Púlpito Cristão

Religião da satisfação dos desejos


"Na atualidade assistimos a uma enorme expansão de religiões de satisfação dos desejos. Se a nossa cultura é, como dizia J. Galbraith, uma cultura da satisfação, essa realidade não poderia deixar de influir na religião. Multiplicam-se as religiões cujo objetivo é invocar a Deus ou as forças sobrenaturais para dar segurança, tranquilidade interior, paz, saúde, equilíbrio psicológico, emprego, felicidade. Elas defendem uma teologia da prosperidade. Essas religiões criam um ambiente de fervor religioso, de emoção, de alegria tal que as pessoas por elas atingidas se sentem consoladas e fortalecidas. Muitas vezes têm a impressão de que as suas doenças desapareceram. A religião da satisfação dos desejos penetrou profundamente no protestantismo e também no catolicismo, estando na base das novas religiões holísticas. O objetivo é sempre bem-estar individual. Tais religiões estão muito longe da esperança de Jesus, porque fazem dela apenas força para ajudar a satisfazer aos desejos. Ignoram a mensagem de Jesus. Invocam sem cessar a Bíblia, mas desconhecem seu conteúdo."

José Comblin em O Caminho - Ensaio sobre o seguimento de Jesus

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cristianismo Puro e Simples

Durante a segunda guerra mundial, a BBC convidou C. S. Lewis para fazer uma série de palestras pelo rádio. Foram programas que, ao final, deram um sentido novo a à vida de milhares de adultosde todas as classes e profissões. O livro Cristianismo puro e simples, que colige essas prelações legendárias, veio a ser considerado a mais popular e acessível de todas as obras de Lewis, lembrando-nos daquilo que é mais importante na vida e apontado-nos o caminho da alegria e do contentamento. Esta edição de quinquagésimo aniversário nos recorda de uma ocasião em que C. S. Lewis foi capaz de dar conforto e consolação a milhões de pessoas num tempo de guerra e de incertezas; mas suas palavras são tão pertinentes agora quanto em qualquer outra época..(Martins Fontes)

Leia o livro em pdf.

O ser humano na visão dos filósofos


Ontem (25/06) tive o grande privilégio de assistir uma palestra com o filósofo e professor da PUC, Luis Felipe Pondé (foto), que abordou o tema "O ser humano na visão dos filósofos".


Para poder definir ou apresentar definições acerca do gênero humano, Pondé começou o discurso abordando o nascimento da Filosofia Ocidental ainda na antiga Grécia e o contexto de seu aparecimento. Segundo o filósofo da PUC, a filosofia como a entendemos hoje, nasceu porque alguns resolveram pensar sistematicamente acerca das questões mais elementares: De onde viemos? Porque existimos? E para onde vamos? No entanto, a mitologia e os poetas trágicos já tinham estabelecido as respostas mediante as narrativas mitológicas. O que então fizeram estes pensadores pré-socráticos? Assumiram uma postura negativa diante da mitologia e passaram a dizer: Não, não queremos estas respostas mitológicas, vamos procurá-las mediante a razão somente. Começa então a filosofia e a busca pela essência da existência sem o aparato mitológico. Segundo Pondé, a filosofia é uma tradição que surge na Grécia (conceito histórico).

O que é ser humano? Podemos defini-lo ou não?

As respostas são intermináveis, portanto é mais fácil narrar o ser humano dizendo: Ser humano é "tipo gente que nem nós", é um ser questionador com sede de saber, e um sujeito que vive na história.

A definição aristotélica é interessante pois postula em diferenciação. Ou seja, existe a alma vegetativa (plantas), alma sensorial (animais) e alma intelectual (homem racional). E o último é inerente apenas a nós, portanto humano por definição é um ser racional.

Mas afinal de contas, de onde viemos?

Pondé discorreu de forma brilhante as principais variáveis elaboradas ao longo da história, desde os pré-socráticos até os pensadores modernos. E colocou todos no auditório em uma grande aporia ou em um impasse que desassossega. Posto que, não há uma resposta definitiva, mas tentativas que vem de todos os lados e tradições, sejam elas religiosas ou não.

Onde está, no entanto, a razão de pensarmos filosoficamente acerca do homem?

De acordo com Pondé, a filosofia contribui na evolução do homem e no seu processo de crescimento-amadurecimento. Pois segundo ele, a filosofia ousou dizer a raça humana que o homem não está aprisionado pelo destino dos deuses da mitologia (sempre irritados e inconstantes) conforme as antigas tradições, e que pode assim contribuir na construção de seu próprio destino. Isto é, podemos melhorar e aperfeiçoar nosso caminho ético e moral.

Chegando ao fim da palestra, Pondé falou sobre as concepções mais modernas elaborados pelos pensadores darwinistas, construtivistas e também marxistas. O que obviamente ajudou ainda mais a bagunçar a cabeça do povo.

Em suma, ninguém tem respostas filosóficas definitivas, nem uma concepção filosófica, senão concepções (plural).

***

Bom, o que temos haver com isso?

Veja só: Este discurso todo é extremamente importante para a sociedade pois qual seja a definição que dermos ao homem, seja religiosa ou não, automaticamente desembocará em algum tipo de implicação moral e ética em resposta a esta concepção. Veja: Se alguém diz que "os homens não são iguais" e que não adianta tentar aproximá-los, a sociedade se organizará para defender e sustentar as diferenças. Se por outro lado alguém disser que "somos todos iguais", então a sociedade se organizará para lutar pelos direitos da igualdade. A resposta que escolhermos demandará visões políticas bem distintas.

Qual meu palpite como estudante de teologia?

Nós somos o sujeito contigente. E existe o objeto. O problema em estudar o gênero humano e tentar defini-lo é que nós "o sujeito da questão" está analisando um objeto, que somos nós mesmos - "o sujeito". É um círculo vicioso. Portanto, precisamos de um sujeito que está acima de nós para poder explicar o sentido de nossa existência. E este sujeito é Deus.

*****

Luiz Felipe Pondé, pernambucano, é escritor, filósofo e ensaísta. Doutor em filosofia pela USP, é professor do Departamento de Teologia da PUC-SP, da Faculdade de Comunicação da FAAP e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo. É autor de “O Homem Insuficiente” (Edusp) e “Crítica e Profecia – Filosofia da Religião em Dostoievski” (Editora 34), entre outros. Escreve às segundas-feiras no caderno Ilustrada da Folha.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

C.S. Lewis em suas próprias palavras

Durante a Segunda Guerra Mundial, a BBC convidou C.S. Lewis para fazer uma série de palestras pelo rádio. Foram programas que, ao final, deram um sentido novo à vida de milhares de adultos de todas as classes e profissões. Estas gravações foram mais tarde compiladas em um livro chamado Cristianismo puro e simples. Por causa do esforço da guerra, os carretéis auditivos foram reciclados e perdemos um tesouro de valor incalculável. Mas um sobreviveu...


Sou a favor do aborto, sim.



Calma leitores, não me crucifiquem! Deixe-me explicar.

Eu não sou favorável ao aborto, pois tenho minhas convicções e razões.

Também não sou o autor da frase que dá título a este post.

O autor no caso, é o dono da Record, o Sr. Edir Macedo. Refiro-me ao Sr. Macedo como dono da Record, porque estou enfatizando seu lado empresarial, uma vez que não entra na minha cabeça como um pastor evangélico que deveria ser defensor da vida seja a favor do aborto (em qualquer situação). Assim, separando o empresário do pastor, concedo a ele o "benefício da dúvida".

Mas sabe gente, eu não me espanto não. Pois como disse o bispo anglicano Robinson Cavalcanti "chamar o bispo Macedo de protestante é de fazer tremer o Muro da Reforma, em Genebra, e os ossos de Lutero e Calvino em seus túmulos"

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Edir Macedo diz:

“Sou a favor do direito de escolha da mulher. Em casos como estupro, má-formação do feto ou quando a vida da mãe está comprovadamente ameaçada pela gestação, não há o que discutir. Sou a favor do aborto, sim. A Bíblia também é. Olhe só [Ec 6.3]: ‘Se alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele’ [...] O Brasil deveria se unir pelo direito da mulher de optar pelo aborto [...] Certamente grande parte de nossas mazelas sociais diminuiria. Pense comigo: é melhor a mulher não ter filhos ou ter e jogar o bebê na lata do lixo? [...] Vamos ser frios e racionais: é preferível a criança não vir ao mundo ou vê-la nos lixões catando lixo para sobreviver? Eu creio na Bíblia. Nesses casos, eu credito que o aborto é melhor do que nascer. A mulher precisa ter o direito de escolher” (“O Bispo”, 2007, p. 223).

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Vi no Púlpito Cristão

Morre lentamente


Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade.

Pablo Neruda

Porque você não quer mais ir à igreja?



Depois de toda uma vida dedicando-se à Igreja e ao caminho que sempre lhe pareceu o certo, Jake Colsen está diante de uma dolorosa dúvida: como é possível ser cristão há tanto tempo e, ainda assim, se sentir tão vazio?

Mas o amor divino está sempre a postos para transformar vidas. Observando uma multidão numa praça, Jake depara com João, um homem que fala de Jesus como se o tivesse conhecido e que percebe a realidade de uma forma que desafia a visão tradicional de religião.

Com a ajuda do novo amigo, Jake irá reavaliar os conceitos e crenças que norteavam seu caminho. Levar uma vida cristã significa ter os comportamentos aprovados pelo grupo religioso a que pertencemos?

A cada nova palavra de João, assistiremos ao renascimento de Jake em busca da verdadeira alegria e da liberdade que Cristo veio ao mundo oferecer. Na reconstrução da sua vida, perceberemos a ação do Deus de perdão e amor.

"Se você busca pela fé mesmo onde a religião não alcança e sente que ser cristão é muito mais do que seguir regras e rituais, a trajetória de Jake servirá de inspiração para encontrar a verdadeira liberdade e alegria".

terça-feira, 23 de junho de 2009

Amor ao dinheiro



"Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar;
tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes.
Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição.
Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores".


Saulo de Tarso em I Timoteo 6.7-10

Paz sem voz não é paz, é medo


Quem se cala diante do pecado, da injustiça e de falsas doutrinas não ama de verdade. A Bíblia diz que o amor "...não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade" (1 Co 13.6). Deveríamos orar muito por sabedoria e, com amor ainda maior, chamar a atenção para a verdade e não tolerar a injustiça.

Ao estar em jogo a verdade, Estevão argumentou, mas sempre em amor a seu povo e com temor diante da verdade em Cristo. O apóstolo Paulo estava disposto a ser considerado maldito por amor ao seu povo, mas não cedia um milímetro quando se tratava da verdade em Cristo. Jesus amou como nenhum outro sobre a terra, mas assim mesmo pronunciou duras palavras de ameaça contra o povo incrédulo, que seguia mais as tradições e as próprias leis do que a Palavra de Deus. O Dr. John Charles Ryle, bispo anglicano de Liverpool que viveu de 1816 a 1900, certa vez disse assim:

"Controvérsias religiosas são desagradáveis. Já é extremamente difícil vencer o diabo, o mundo e a carne sem ainda enfrentar conflitos internos no próprio arraial. Mas pior do que discutir é tolerar falsas doutrinas sem protesto e sem contestação. A Reforma Protestante só foi vitoriosa porque houve discussões. Se fosse correta a opinião de certas pessoas que amam a paz acima de tudo, nunca teríamos tido a Reforma. Por amor à paz deveríamos adorar a virgem Maria e nos curvar diante de imagens e relíquias até o dia de hoje. O apóstolo Paulo foi a personalidade mais agitadora em todo o livro de Atos, e por isso foi espancado com varas, apedrejado e deixado como morto, acorrentado e lançado na prisão, arrastado diante das autoridades, e só por pouco escapou de uma tentativa de assassinato. Suas convicções eram tão decididas que os judeus incrédulos de Tessalônica se queixaram: 'Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui' (At 17.6). Deus tenha misericórdia dos pastores cujo alvo principal é o crescimento das suas organizações e a manutenção da paz e da harmonia. Eles até poderão fugir das polêmicas, mas não escaparão do tribunal de Cristo".

***
Fonte: Inconformidade Cristã via Púlpito Cristão
- Título Original: Calar por amor ou falar por causa da verdade?

Um post scriptum: Cabe aqui a célebre frase do reformador Martinho Lutero:
"A paz se possível, mas a verdade a qualquer preço".

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Deus idolatrado

Ed René Kvitz

"Deus é transformado em ídolo quando o relacionamento com Ele é fundamentado em relações de mérito e demérito, pois nesse caso o fator determinante do relacionamento é o humano, que faz por merecer ou deixa de merecer, isto é, Deus apenas reage. Deus é gratuidade. Deus é transformado em ídolo quando o relacionamento com Ele é fundamentado em relações de causa e efeito, pois isso implica confinar Deus às regras de um mecanismo que pode ser ativado ou desativado, e nesse caso se pretende manipular Deus por meio da descoberta dos botões que o fazem funcionar. Deus é incondicionado".

2009 | Ed René Kivitz


Ler o texto completo aqui
Fonte: Site da Ibab

Eu não preciso ver para crêr



Tear Down The Walls, do novo cd do Hillsong United. Confira a tradução da letra abaixo.

Derrube as barreiras
Veja o mundo
Há algo que se foi?
Olhe para nós mesmos
Veja além
Há muito mais que isto

E eu não preciso ver para crer Eu não preciso ver para crer
Porque eu não posso mover este fogo de dentro do meu coração

Olhe os céus
Esperança ergue-se
Veja Sua majestade revelada
Mais do que esta vida
Há amor
Há esperança e isto é real

E eu não preciso ver para crer Eu não preciso ver para crer
Porque eu não posso mover este fogo queimando de dentro do
meu coração

Esta vida é Sua
A esperança está erguendo-se à medida em que Sua glória flui em
nossos corações
Que o amor derrube estas barreiras
Que toda criação volte-se para Ti
É tudo para Ti

Seu nome é glorioso, glorioso
Seu amor está mudando-nos, chamando-nos
Para adorar em espírito e em verdade
À medida em que a criação retornar à Ti

Oh, por todos Seus filhos e filhas
Que estão caminhando na escuridão
Tu estás chamando-nos para guiá-los de volta a Ti
Nós vamos ver Seu espírito erguendo-Se
À medida em que o perdido vir do esconderijo
Todo coração vai ver esta esperança que nós temos em Ti

Pois Seu nome é glorioso, glorioso
Seu amor está mudando-nos, chamando-nos
Para adorar em espírito e em verdade
À medida em que a criação retornar à Ti

Vi no Pavablog

sábado, 20 de junho de 2009

O salto existencial do pináculo


Texto: Daniel Grubba

Na segunda investida do tentador contra o Filho de Deus, o Salto do Pináculo foi apresentado como sendo o caminho mais fácil ao reconhecimento público. A proposta era simples e não envolvia a dor excruciante do caminho que o levaria ao Gólgota. Bastava Jesus saltar do ponto mais alto do templo que automaticamente os anjos lhe serviriam de "air-bag divino" conforme as escrituras prometiam, e deste modo, toda a multidão frequentadora do templo o elegeria como o Messias de Israel.

O que Satanás na verdade estava propondo era que Jesus promovesse em favor de sua popularidade um "Show da Fé". Era mais ou menos assim: esqueça a maldição da cruz, as vilas abandonadas da Galileia, o abandono do seu povo, familiares e amigos, não trilhe este caminho Jesus. Há um atalho mais fácil. Pule do lugar mais alto do Templo, promova um golpe publicitário no projeto de Deus, e você vai estourar a boca do balão!!!

Satanás pode não se apresentar de modo tão objetivo para nós como se apresentou a Jesus, mas seus ataques mentais continuam os mesmos. De semelhante modo, não existe mais o Templo de Salomão, mas lugares altos e auto-promoção continuam sendo oferecidos através da diabólica cultura que propaga a máxima "os fins justificam os meios".

O fato é que muitos indivíduos e instituições saltam cotidianamente do pináculo para chamar para si a gloria que é devida somente a Javé. Não é um salto literal, mas existencial. Ou seja, a existência é um constante saltar para se auto-vangloriar. E mais, a existência proposital de suas instituições religiosas se sustentam através do "sensacionalismo do milagre". Como disse Caio Fábio no ano de 1994, pré-anunciando a banalização do divino - "ao que parece, nestes dias, o marketing tomou o lugar da unção, do comprometimento e da vida séria com Jesus e com o Espírito Santo".

Isto posto, podemos dizer que o salto existencial do pináculo é a via do sucesso e engrandecimento que usa os dons, sinais e milagres de Deus para promover a si mesmo e a eficácia de sua instituição. O salto é dado quando alguém diz: "Vem e veja o que Deus faz aqui neste ministério, pois somente na Bíblia acontecia o que acontece aqui".

Em suma, o salto do pináculo é antítese da declaração do profeta João Batista - "importa que ele cresça e eu diminua".

"O evangelho é cruz e não pináculo. Não a substitua por ele. Nem a leve para lá. Assuma-a. Proclame-a. Cruz, e não pináculo" (Isaltino G. C. Filho)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

1 bilhão de famintos


A barreira de um bilhão de pessoas que passam fome será superada em 2009 em consequência da crise econômica mundial, anunciou nesta sexta-feira a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

"Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de subnutrição em todo o mundo", adverte a FAO em um relatório sobre a segurança alimentar mundial.

"O número supera em quase 100 milhões o do ano passado e equivale a uma sexta parte aproximadamente da população mundial", destaca a agência especializada da ONU, que tem sede em Roma.

Ler matéria completa aqui

Fonte: Notícias UOL
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"Porque tive fome, e não me destes de comer"
Jesus de Nazaré
(Mt. 25.42)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Carta de Cristo à Igreja Brasileira



Por Hermes Fernandes


“Aos anjos da igreja do Brasil escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo, dos quais tu não podes te esconder.[1]

Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, mas estás morto. Te gabas de ser protagonista de um grande avivamento, mas não sabes que estás moribundo. Teu avivamento artificial e sensacionalista não me comove, nem tampouco produz transformação na sociedade onde estás inserido.[2]

Conheço as tuas obras, as tuas estratégias, o teu marketing, e mesmo que te aches quente, na verdade não és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Tua mornidão e apatia já me causam náuseas. Estou a ponto de te vomitar.[3]

Tu te achas rico, por causa de tuas suntuosas catedrais, como se Eu me impressionasse com sua exuberância; te esqueceste que Eu não habito em templos feitos por mãos? [4]

Tu dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta. Mas não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.[5]

Tua riqueza é fruto de extorsão, de manobras políticas, de sacrifícios dos mais pobres, que caem em suas teias por desconhecerem a minha Palavra. Esqueceste que não quero sacrifícios, e sim misericórdia?[6]

Começaste bem, mas te corrompeste. Deixaste de ser igreja, para ser empresa. Deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te de onde caíste! Arrepende-te, e pratica as primeiras obras. Se não te arrependeres, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, tirarei o teu alvará, e passarás a trabalhar na escuridão e na clandestinidade espiritual.[7]

Tenho contra ti que toleras o espírito do consumismo, e ainda o estimulas com suas correntes de prosperidade. Tenho lhe dado tempo para que te arrependas, mas tu não queres te arrepender.[8]

Tu não te pareces comigo, mas com o mundo. As mãos que tu tens estendido ao Pai em louvor, não têm sido estendidas ao próximo em Amor. Em vez de buscar me conhecer mais, tu preferes conhecer as profundezas de Satanás,[9] ignorando que Eu mesmo o despojei através de minha Cruz. Mas tendes no Brasil algumas pessoas que não contaminaram as suas vestes, nem a sua consciência.[10]

Estas não se venderam aos modismos doutrinários, mas permanecem fiéis, retendo o que receberam. A estas digo: Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. [11]

Sei que habitas no meio a idolatria, superstições, feitiçarias, contudo, reténs o meu nome, e não negaste a minha fé[12].

O que tendes, retende-o até que eu venha. Ao que vencer, e guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com Cetro de ferro as regerá, quebrando-as como são quebrados os vasos de oleiro; assim como também recebi autoridade de meu Pai.[13]

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à igreja brasileira. [14]


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Fonte: Hermes Fernandes

Notas:

[1] Apocalipse 2:18 [2] Apocalipse 3:1 [3] Apocalipse 3:15-16 [4] Atos 7:48 [5] Apocalipse 3:17 [6] Oséias 6:6 [7] Apocalipse 2:4-5 [8] Apocalipse 2:20-21 [9] Apocalipse 2:24; Colossenses 2:15 [10] Apocalipse 3:4 [11] Apocalipse 3:11 [12] Apocalipse 2:13 [13] Apocalipse 2:25-27 [14] Apocalipse 2:29

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sobre o inimigo



Texto: Ricardo Gondim

Caramba, como se fala no diabo! Fico impressionado como ele se tornou necessário. O diabo suga a fé, derruba crente, se infiltra em poderosas redes de televisão, envia pragas, fura pneu de carro, provoca terremotos, conhece os limites dos municípios e domina territórios. Compete e ganha de Deus. É diabo para cá e para lá o tempo todo.

Se alguém está triste, advinha quem mandou a tristeza. Se alguém duvida, advinha quem mandou a dúvida. Se alguém adoece, advinha quem mandou a enfermidade. Arre! Chega! Será que ninguém vai assumir o que faz? Fica fácil culpá-lo já que o mundo inteiro está controlado, guiado, dominado, manipulado e organizado por Satã. Mas o Bicho merece o estatus de espantalho, Judas, bode expiatório? Até quando os humanos vão projetar nele suas mazelas?

Dá para compreender tanta importância. Como se levantaria dinheiro nas igrejas se o Capeta não fosse a estrela do show da fé? Como televangelistas inculcariam pavor nas pessoas se o Coisa-Ruim não fosse tão medonho? Como as poderosas multinacionais da fé subsidiariam seus projetos se o Demo não adquirisse tanta força? Confesso. Tenho medo de uma religião em que o mal se torna o pivô da espiritualidade. Fico apreensivo com uma fé que não pode prescindir de ameaças e arredio com uma ética constrangida pela possibilidade de Satanás ter direitos legais para arrasar as pessoas que erram.

Não discuto a sua existência. Fico apenas suspeitoso com tanta badalação. Eu já não gostava dele, agora não aguento mais ouvir falar na Peste. Por mim, Belzebu não receberia nenhum jabá. Eu não permito que ele dê o tom do meu culto a Deus; não aceito que seja a minha motivação para agir. Enfim, não deixo que ele tome o lugar de Jesus.
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Comentário do blogueiro:

Um grande amigo me disse certa vez, que em um culto, enquanto ministrava o louvor ao Pai, o pastor chegou e disse:
- Tá fraco, tá fraco !!! Vocês não estão fazendo guerreando espiritualmente enquanto louvam. Tá errado! Vamos para cima do diabo!!! Ataaaaaaaaaaacaaaaaaaaaar!!! Meu amigo então se virou e disse:

- Desculpe pastor, mas não vou louvar a Deus pensando no diabo, não vou mesmo!Onde há luz, trevas se dissipam.


Gondim tem razão, o diabo se tornou necessário, e não são poucos os que tiram proveito desta campanha de demonização do cosmos. Ora, se o mundo está encapetado por inteiro, dominando territórios, nações e continentes (Deus e seus santos anjos devem estar escondidinhos em algum universo paralelo por ai) e Deus me concedeu uma unção especial para desencapetá-lo, sábios são os que me seguem, consomem minhas revelações e colocam em prática meus métodos. Assim, muitos vão ficando famosos anunciando as profundezas ocultas de Satanaz e seus demônios. Vai entender.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Orgulho espiritual


O orgulho é muito mais difícil de ser discernido do que qualquer outra corrupção, porque, por natureza, o orgulho equivale a uma pessoa alimentar pensamentos elevados a respeito de si mesma. Existe alguma surpresa no fato de que uma pessoa que possui pensamentos muito elevados a respeito de si mesma seja inconsciente do orgulho?
.......

Pessoas orgulhosas tendem a falar sobre os pecados dos outros, ou seja, sobre a miserável ilusão dos hipócritas, sobre a indiferença de alguns crentes que sentem amargura ou sobre a oposição que muitos crentes demonstram para com a santidade. A verdadeira humildade cristã fica em silêncio no que se refere aos pecados dos outros ou fala sobre eles com tristeza e piedade.

A pessoa espiritualmente orgulhosa encontra nos outros crentes o erro de falta de progresso na vida cristã, enquanto o crente humilde vê muitos erros em seu próprio coração e se preocupa, a fim de que ele mesmo não se veja inclinado a ocupar-se demais com o coração dos outros. Ele lamenta muito por si mesmo e por sua frieza espiritual, esperando prontamente que muitas outras pessoas tenham mais amor e gratidão a Deus, mais do que ele mesmo.

A pessoa espiritualmente orgulhosa fala sobre quase tudo que percebe nos outros, fazendo-o com grosseria e com uma linguagem bastante severa. Em geral, a crítica de tais pessoas se dirige não apenas contra a impiedade dos incrédulos, mas também contra os verdadeiros filhos de Deus e contra aqueles que são seus superiores. Os crentes humildes, por sua vez, mesmo quando fazem extraordinárias descobertas da glória de Deus, sentem-se esmagados por sua própria vileza e pecaminosidade. As exortações deles para os outros crentes são ministradas de maneira amável e humilde; e tratam os outros com tanta humildade e gentileza quanto o Senhor Jesus, que é infinitamente superior a eles, os trata.

O orgulho espiritual com freqüência dispõe a pessoa a agir de maneira diferente em sua aparência exterior e a assumir uma linguagem, semblante e comportamento diferentes. No entanto, o crente humilde, embora se mostre firme em seus deveres e prossiga sozinho no caminho do céu, mesmo que todo o mundo o abandone, ele não se deleita em ser diferente apenas por amor à diferença. O crente humilde não estabelece como objetivo primordial o ser visto e observado como alguém diferente; pelo contrário, ele está disposto a tornar-se tudo para todos os homens, sujeitar-se aos outros, conformar-se a eles e agradá-los em tudo, exceto no pecado.

As pessoas orgulhosas levam em conta as oposições e injúrias, estando dispostas a falar sobre elas em tom de amargura e murmuração. A humildade cristã, por outro lado, dispõe a pessoa a ser mais semelhante ao seu bendito Senhor, que, ao ser maltratado, não abriu a sua boca, mas entregou-se silenciosamente Àquele que julga retamente. Para o crente humilde, quanto mais clamoroso e irado o mundo se mostra com ele, tanto mais quieto e tranqüilo ele permanecerá.

Outro padrão das pessoas espiritualmente orgulhosas é comportarem-se de maneira que levem os outros a fazerem delas seu alvo. É natural para uma pessoa que está sob a influência do orgulho aceitar toda a reverência que lhe tributam. Se os outros mostram disposição para submeterem-se a ela e sujeitarem-se em deferência a ela, a pessoa espiritualmente orgulhosa está aberta para esta sujeição, aceitando-a espontaneamente. Na verdade, aqueles que são espiritualmente orgulhosos esperam esse tipo de tratamento, formando uma opinião pervertida sobre aqueles que não lhe oferecem aquilo que eles sentem que merecem.

Jonathas Edwards
In: Editora Fiel

Texto completo no Cinco Solas

Graça barata e a graça preciosa



Nascido em Breslau, na Alemanha, em 4 de fevereiro de 1906, Dietrich Bonhoeffer foi teólogo, pastor luterano e um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando, em 1934, diversos pastores luteranos e reformados formaram a Bekennende Kirche (Igreja Confessante), rejeitando desafiadoramente o nazismo: “Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador”.

Seus últimos dois anos foram vividos na Prisão Preventiva do Exército em Tegel, até que, em 9 de abril de 1945, pouco tempo depois do suicídio de Adolf Hitler e apenas três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado em virtude de seu engajamento na resistência anti-nazista.

Em sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo, intitulada “Discipulado”, Bonhoeffer desenvolve o conceito de “graça barata e graça preciosa”, uma das mais belas páginas da teologia protestante. Eis um pequenino trecho:

A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado. A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quando tem; a pérola preciosa, a qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens para adquiri-la; o governo régio de Cristo, por amor do qual o homem arranca o olho que o escandaliza; o chamado de Jesus Cristo, o qual, ao ouvi-lo, o discípulo larga as suas redes e o segue. A graça preciosa é o evangelho que há que se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater. A graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao homem, e é graça por, assim, dar-lhe a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por tê-la sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – “fostes comprados por preço” – e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus. A graça preciosa é a graça considerada santuário de Deus, que tem que ser preservado do mundo, não lançado aos cães; e é graça como palavra viva, a palavra de Deus que ele próprio pronuncia de acordo com seu beneplácito. Chega até nós como gracioso chamado ao discipulado de Jesus; vem como palavra de perdão ao espírito angustiado e ao coração esmagado. A graça é preciosa por obrigar o indivíduo a sujeitar-se ao jugo do discipulado de Jesus Cristo. As palavras de Jesus: ‘O meu jugo é suave e o meu fardo é leve’ são expressão da graça [...] A graça e o discipulado permanecem indissoluvelmente ligados”.

2009 | Ed René Kivitz

Fonte: Ibab

domingo, 14 de junho de 2009

Sem barganha com Deus


Texto: Daniel Grubba

Uma das coisas mais assustadoras em muitos ambientes religiosos é a prática da barganha com Deus. É algo tão comum que tornou-se em sistema axiomático, que robotiza Deus, e também o torna um mero-servidor-do-homem. É o mercado negro e clandestino da fé, que seduz pelas artimanhas manipuladoras daqueles que o travestem de espiritualidade profética.

Este evangelho da barganha, o qual não é evangelho mas uma perversão, é terrível por muitos motivos. Em primeiro porque torna o sangue de Jesus em produto vendável-rentável, em suco de uva em pó, em algo dispensável, diluído e barateado. O sujeito-consumidor que não o deseja, pode simplesmente optar por outro produto, posto que no mercado existem outras opções mais atrativas: sabonetes, toalhas, rosas, novenas, ritos, campanhas. Tudo se traduz em produtos que tornam o milagre-benção-proteção uma possibilidade sem a necessidade do eterno sangue do cordeiro.

Um outro motivo, é a suplantação e rejeição da maravilhosa graça. No sistema da troca com Deus, a graça é doutrina envelhecida, não a verdade do coração. Deste modo, o padrão de comportamente é a insensatez dos Gálatas e o principal alimento é o fermento que leveda toda massa. Sendo assim, a graça é para os fracos, uma vez que os que tem poder de barganha optam pela "teologia retributiva do mérito". Ou seja, eu mereço porque sou santo, porque pago mensalmente ao poder fiscal celestial meus dízimos e ofertas, porque não sou como estes publicanos pecadores, e assim por diante...

Se os que lhes digo parece estranho, então ouçam C.S. Lewis, ele foi incomparavelmente mais claro:

"Se tínhamos a idéia de que Deus nos impunha uma espécie de prova na qual poderíamos merecer passar por tirar notas boas, essa idéia tem de ser eliminada. Se tínhamos a idéia de uma espécie de barganha - a idéia de que poderíamos cumprir a parte que nos cabe no contrato e deixar Deus em dívida conosco, de tal modo que, por uma questão de justiça, ele ficasse obrigado a cumprir parte dele - , ela deve ser eliminada também [...] Creio que quantos possuem uma vaga crença em Deus acreditam, até se tornarem cristãos, nessa idéia da prova ou da barganha. O primeiro resultado do verdadeiro cristianismo é o de reduzir essa idéia a pó [...] Deus está à espera do momento em que você vai descobrir que jamais conseguirá tirar a nota mínima para passar nesse exame, e não poderá jamais deixá-lo em dívida".

C.S. Lewis em Cristianismo puro e simples, p. 190.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Nosso planeta, Nossa casa



Fonte: Blog do caminho

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Viciados em sinais


“Alguns cristãos anseiam por um mundo bem abastecido de milagres e sinais espetaculares da presença de Deus. Ouço sermões pungentes sobre a divisão das águas do Mar Vermelho, as dez pragas e sobre o maná diário no deserto, como se os pregadores ansiassem que Deus liberasse seu poder daquele modo nos dias de hoje. Mas a viagem dos israelitas, em que estes tinham um roteiro preestabelecido, deve nos levar a fazer uma pausa. Será que uma erupção de milagres sustentaria a fé? Provavelmente não; pelo menos, não sustentaria o tipo de fé em que Deus parece estar interessado. Os israelitas são uma grande demonstração de que os sinais só conseguem nos tornar viciados em sinais, não em Deus.”

Phillip Yancey em Decepcionado com Deus

Fonte: Laion Monteiro

Prefiro ficar com Cristo


"Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade".

Fiodor Dostoievski (1821-1881)
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Escritor russo, considerado um dos maiores romancistas da literatura russa e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A relação entre Kierkegaard e apologética

Meus primeiros contatos com o pensamento de Kierkegaard (1813-1855) foram através de leituras apologéticas ortodoxas (Geisler, Turek, Craig, Schaeffer e outros). Via de regra, Kierkegaard é sempre rotulado como alguém que prestou um desserviço ao cristianismo. E em quase todos textos que li, salvo o livro de W.L. Craig, ele é acusado de ser fideísta e irracionalista.

No entanto, quando comecei a ler os textos de Kierkegaard em primeira mão, não segundo os pressupostos dos apologistas, minha visão sobre este apaixonado cristão mudou muito. Há de se entender o contexto de sua época, e suas angustiosas relações com a vida, com a igreja e consigo mesmo, para entender seu pensamento.

Sua repulsa contundente em relação a apologética estava intimamente associada ao seu conceito sobre a igreja luterana estatal dinamarquesa, onde quase se tornou pastor. De acordo com Kierkegaard, a igreja luterana de sua época, tinha transformado a fé cristã em uma religiosidade estática, burocratizada, fria e sem vida. Um de seus biógrafos nos revela que "toda sua vida constitui uma intensa experiência da contraposição entre aquilo que considerava ser o cristianismo em seu significado mais profundo e as roupagens exteriores com as quais se revestia a igreja luterana de seu tempo. Para Kierkegaard, a vivência mais profunda do cristianismo é a vivência e a certeza da fé" (CIVITA, Coleção Pensadores, 1974).

O que pensava Kierkegaard sobre a defesa da fé?

"Vê-se agora que extraordinária tolice se comete defendendo o cristianismo, como se trai assim o restrito conhecimento do homem, e como essa tática, ainda que inconsciente, tem, sub-repticiamente, partida ligada com o escândalo, fazendo do cristianismo uma coisa tão lamentável, que por fim é necessário advogar sua causa para o salvar [...] Advogar desacredita sempre [...] Declaro incrédulo aquele que o defenda. Se crê, o entusiasmo de sua fé, nunca é uma defesa, é sempre um ataque, uma vitoria: um crente é um vendedor [...] Como admirar-se que a nossa gente, depois disto - por não sentir defensável a própria atitude - sinta necessidade de defender o cristianismo [...] quase como o pastor quando prova em três pontos a eficácia das orações, tanto elas tem baixado o preço que tem necessidade de três pontos para recuperar um pouquinho de prestigio.

O que kierkegaard quer dizer?

Ele quer dizer que a maior evidência que se pode dar aos não cristãos, não são os argumentos (ainda que eles sejam importantes a posteriori), mas uma vida absolutamente apaixonada e mergulhada em amor. Kierkegaard ironicamente diz que jamais passará pela pela cabeça de um verdadeiro apaixonado provar ou defender seu amor em três pontos, visto que alguma coisa vale mais mais que todos os pontos juntos e que qualquer defesa: ele ama.

Não diga que amas, ame de verdade e todos saberão!

Bom samaritano, contemporâneo e travestido

Texto de Rubem Alves

E perguntaram a Jesus: “Quem é o meu próximo?“ E ele lhes contou a seguinte parábola:

Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até tarde num restaurante. Ia cansado e triste. A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima. Vendo o homem assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: “Vá passando a carteira“. O garçom não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.

Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o consolou com palavras religiosas: “Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas console-se: Jesus Cristo sofreu mais que você.“ Ditas estas palavras ele o benzeu com o sinal da cruz e fez-lhe um gesto sacerdotal de absolvição de pecados: “Ego te absolvo...“ Levantou-se então, voltou para o carro e guiou para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.

Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja, onde iria dirigir uma reunião de oração matutina. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e lhe perguntou, baixinho: “Você já tem Cristo no seu coração? Isso que lhe aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus! Você não vai à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus o está chamando ao arrependimento. Sem Cristo no coração sua alma irá para o inferno. Arrependa-se dos seus pecados. Aceite Cristo como seu salvador e seus problemas serão resolvidos!“ O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o seu gemido como a aceitação do Cristo no coração. Disse, então, “aleluia!“ e voltou para o carro feliz por Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.

Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se dele e lhe disse: “Isso que lhe aconteceu não aconteceu por acidente. Nada acontece por acidente. A vida humana é regida pela lei do karma: as dívidas que se contraem numa encarnação têm de ser pagas na outra. Você está pagando por algo que você fez numa encarnação passada. Pode ser, mesmo, que você tenha feito a alguém aquilo que os ladrões lhe fizeram. Mas agora sua dívida está paga. Seja, portanto, agradecido aos ladrões: eles lhe fizeram um bem. Seu espírito está agora livre dessa dívida e você poderá continuar a evoluir.“ Colocou suas mãos na cabeça do ferido, deu-lhe um passe, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado da justiça da lei do karma.

O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços, boca pintada de batom. Vendo o homem caído, parou sua motocicleta, foi até ele e sem dizer uma única palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o na motocicleta e o levou para o pronto socorro de um hospital, entregando-o aos cuidados médicos. E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos, tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.

Terminada a estória, Jesus se voltou para seus ouvintes. Eles o olhavam com ódio. Jesus os olhou com amor e lhes perguntou: “Quem foi o próximo do homem ferido?“

(Correio Popular, 21 de julho de 2002)

Achei no Pavablog

O que é a igreja?




Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus." (Jesus de Nazaré - Mt 21 : 31)

Achei no Caminhando na Graça

Volte ao peixe, Jonas

Vi a foto no Púlpito Cristão e nao resisti a tentação de lhes apresentar.

Jonas queria sair do peixe, e tem quem queira entrar. Fazer o quê, ? Cada um com suas loucuras. Mais uma evidência da fértil imaginação dos nossos queridos da IURD.

...Ai, Ai, Ai...na busca por fiéis, os fins justificam os meios, é o jeitinho brasileiro a serviço do Reino.

Levando em consideração os atos de seus filhos, este deus deve ser brasileiro mesmo.

Medite nisto:

Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. (II Timóteo 4.3-4)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fundamentalismo e suas consequências

Todos nós, os que amamos a sã doutrina, defendemos a inerrância bíblica e assumimos uma postura apologista, corremos o risco de nos tornarmos fundamentalistas no decorrer da caminhada.
Leia e reflita um pouco
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Abraços fraternos!

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O fundamentalista é um fanático… e seu fanatismo o torna uma contradição ambulante, em que ele nega, por suas ações, a fé que afirma professar. Isto não significa que o fundamentalista seja um amigo dos paradoxos. Muito pelo contrario, ele os teme, já que, diferentemente do que a maioria dos fundamentalistas imagina, é na razão (no racionalismo filosófico e na razão instrumental pragmática) e não na fé, que o fundamentalista encontra apoio teórico para suas ações.

O fundamentalista é antes de tudo um inquisidor. Ele persegue e destrói para proteger e salvar, e está disposto a ir às últimas conseqüências para isso. Como qualquer inquisidor, o fundamentalista vê a liberdade de pensamento e de expressão como uma ameaça. Ele entende todo questionamento e toda crítica como formas dissimuladas de ataque, o que evidencia sua neurose paranóide.

O fundamentalista tende a conviver somente com os outros fundamentalistas e, por isso mesmo, acaba isolando-se cada vez mais, o que cria um circulo vicioso de obscurantismo, guetoísmo e uniformidade. Para o fundamentalista, o demônio é o “outro”, isto é, o demônio é identificado com toda forma ostensiva de alteridade. Em vez de dialogar com o outro, ele o hostiliza. Em vez de ver no outro um espelho através do qual ele poderia contemplar suas próprias fraquezas para seu próprio bem, o fundamentalista vê no outro (e na alteridade) uma ameaça.

O fundamentalista religioso se vê, em geral, como dono da verdade, detentor de uma revelação que os outros não possuem ou não compreendem. Ele não enxerga suas próprias limitações, sua humanidade, e se vê, portanto, como mais que humano, ou pelo menos como um ser humano mais privilegiado, selecionado por Deus para um conhecimento secreto ou para uma missão sagrada especial. O fundamentalista não percebe que sua alegada verdade é apenas uma possibilidade entre as outras, e que a única forma de avaliá-la e comprová-la seria estabelecer um diálogo com seus semelhantes que pensam diferentemente, para que, no jogo das interpretações, as incoerências se manifestassem e todos crescessem com isso.

(...) O fundamentalismo é um veneno terrível para o cristão e para as igrejas cristãs. Ele tende a matar lenta e imperceptivelmente, porém também inevitavelmente, a fé dos indivíduos das comunidades. O fundamentalismo é um veneno tão ruim ou até pior que o liberalismo teológico que tanto teme e combate. Ao combater o liberalismo teológico, os fundamentalistas acabam por rotular como liberalismo todas as idéias e noções que sejam um pouco diferentes das suas próprias, e acabam por declarar “liberais” todos os que os questionam ou que problematizam as questões que eles querem fazer crer serem absolutamente cristalinas.

(...) Os pastores fundamentalistas entram facilmente em crise ministerial, ou então se tornam pastores corruptos e politiqueiros, ou ainda aderem a uma piedade pervertida em que se vêem como responsáveis por manter as igrejas protegidas das chamadas heresias. Em nome dessa causa, seus sermões tornam-se teológicos, e a palavra de conforto e orientação que deveria vir do púlpito se torna cada vez mais escassa e a congregação fica sofrendo de inanição espiritual o que acaba gerando um círculo vicioso de maus pastoreios e falta de nutrição espiritual gerando igrejas fracas e que já não mais são capazes de reconhecer o mau pastoreio e a má nutrição, e não são capazes de expurgar de si esses males.

Ricardo Quadros Gouvêa

(Trechos de: GOUVÊA, Ricardo Q. A piedade pervertida. Um manifesto anti-fundamentalista. Em nome de uma teologia de transformação. São Paulo: Grapho Editores, 2006, p. 34-36).

Fonte: Escrever é transgredir
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sábado, 6 de junho de 2009

A história do pastor Zapatta



Ao assistir este video, você provavelmente será impactado. O Pastor Zapatta nos dá uma lição de persevarança e fé.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Somos águias!



"Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus!Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar".

Leonardo Boff no livro “A águia e a galinha” citando o discurso de libertação de James Agreey, em meados de 1925 em Gana (ex-colônia inglesa), p.34.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Consumidores da fé



"Há também aqueles que acham que Deus existe para satisfazer suas vontades e seus desejos. A nossa sociedade consumista "ensina" através de seus meios de comunicação que o mais importante na vida é consumir mercadorias de marcas famosas e caras. As pessoas "educadas" nessa cultura de consumo fazem do consumismo o sentido último da vida. Quando não conseguem satisfazer o desejo de consumo e nem perceber que tais valores não são humanizantes e espirituais, procuram igrejas e religiões para pedir a deus que lhes abençoe com mais consumo. Assim, acabam confundindo a excitação do consumismo com experiência espiritual ou com bênçãos divinas e fazem de Deus e da religião instrumentos para o enriquecimento."

Jung Mo Sung, em Se Deus existe, por que há pobreza? (Editora Reflexão).

Macumba gospel (2)

Sabonete com arruda para limpeza espiritual?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Macumba gospel

Qualquer semelhança com a macumbaria é uma mera coincidência.



Se alguém pregar outro evangelho seja anátema (Ap. Paulo).

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Filosofia e Cristianismo

Texto: Daniel Grubba

Wolfhart Pannenberg postula sobre quatro definições formalmente possíveis na história da relação entre filosofia e teologia (cristianismo) :

A relação entre filosofia e teologia foi concebida (a) como oposição e, por outro lado, procurou-se (b) identificar ambas. Além disso, (c) subordinou-se a filosofia à teologia ou, inversamente, (d) a teologia à filosofia (2008, p.17).

A filosofia como serva da teologia (ponto c de Pannerberg) é nossa opção intelectual-existencial e o que vamos procurar a partir de agora argumentar positivamente. Pois “em certo sentido, a teologia, e não a filosofia, é o domínio mais importante para o pensamento e o intelecto”. (CRAIG & MORELAND, 2005, p.17).

Proclamação do evangelho e apologética

William L. Graig e J.P. Moreland (2005, p.28), renomados filósofos cristãos contemporâneos, são categóricos em dizer que “a filosofia vem desempenhando um papel importante na vida da igreja e na difusão e defesa do evangelho”. E isto nos leva a acreditar que o cristão deve estar habilitado na arte clássica e filosofia de seu tempo e assim usá-la para o beneficio da fé, tanto para difundir o evangelho quanto para defendê-lo dos ataques intelectuais dos opositores.

A proclamação evangélica de Agostinho

Um grande exemplo deste tópico é Agostinho. Foi ele que de modo brilhante se apropriou criticamente da cultura clássica e filosofia para ser posto a serviço do evangelho. Alister Mcgrath faz uma leitura interessante sobre a nobre tarefa deste grande teólogo pratístico:

Para Agostinho, a situação era comparável a fuga de Israel do cativeiro do Egito, à época do Êxodo. Embora tenham deixado para trás os ídolos do Egito, levaram consigo o ouro e a prata para que pudessem fazer um uso melhor e mais apropriado dessas riquezas, que estavam assim disponíveis para servir a um propósito mais nobre que o anterior. De forma bastante semelhante, a filosofia e a cultura do mundo antigo poderiam ser apropriadas pelos cristãos, naquilo em que fossem corretas, e assim poderiam servir a causa da fé cristã (2005, p.53).

A defesa racional de Tomas de Aquino

A apologética também foi beneficiada pelo uso da filosofia. Foi a partir do século XIII que a reflexão filosófica se tornou um valioso recurso para a defesa racional do cristianismo, através da recepção do aristotelismo. Deste modo, mediante o uso da lógica aristotélica, Tomas de Aquino pode “explicar de modo atrativo a fé cristã ao mundo islâmico“(MCGRATH, p.86). Uma de suas grandes obras, Summa contra gentiles, escrita entre 1259 e 1264, foi desenvolvida para uso dos missionários dominicanos que pregavam contra os mulçumanos, judeus e cristãos heréticos da Espanha (WALKER, 2006, p.398).

Ainda sobre a apologética, Craig e Moreland afirmam que “quando uma objeção contra o cristianismo parte de alguma disciplina de estudo, tal objeção quase sempre envolve o uso da filosofia” (2005, p.31). E é justamente por isso que devemos estar preparados filosoficamente para responder todo aquele que pedir a razão de vossa fé (I Pe 3.15) e “comunicar o cristianismo de tal forma que nossa geração possa entender” (SCHAEFFER, 2002, p. 212). Norman Geisler, preocupado com o preparo intelectual dos cristãos, diz que:

...ninguém pode argumentar melhor em prol da verdade do que quando é treinado em argumentação filosófica, pois a tarefa apologética envolve a construção de bons argumentos e fornecimento de boas evidências para justificar a verdade básica do cristianismo (2002, p.62).

Nancy Pearcey, autora americana e estudiosa em Francis Schaeffer, nos alerta para o desafio intelectual que devemos enfrentar nos dias de hoje. E orienta os jovens a buscarem uma nova espiritualidade.

Os jovens crentes precisam de uma religião de cérebro – educação em cosmovisão e apologética – para equipá-los na análise e crítica de cosmovisões concorrentes que eles encontraram mundo afora (2006, p.22).

Elevar ousadia e auto-imagem da comunidade cristã

Não precisa ser nenhum sociólogo para descobrir que os evangélicos de um modo geral têm muita pouca representatividade na sociedade moderna. Parece que o discurso “não somos deste mundo” tem desencadeado processos de alienação histórica de boa parte da cristandade. Julgamos que o mundo é do maligno e nos recusamos a iluminar o mundo e salgar a terra. Todavia, a boa filosofia, deve nos levar a reverter estes processos mediante a reflexão e práxis cristã. Craig e Moreland afirmam que “historicamente, a filosofia tem sido a principal disciplina a auxiliar a igreja na sua relação com os incrédulos” (2005, p.33).

Conclusão

Procuramos neste breve ensaio mostrar a importância da interação entre cristianismo e filosofia. Assim como abordamos as objeções dos que rejeitam ou evitam o uso da filosofia na reflexão teológica e também os motivos pelos quais devemos nos apropriar da filosofia, sempre tendo em vista o benefício da fé crista. Devemos reconhecer que pela pobreza e escassez dos argumentos ainda pode restar à dúvida: Será que a filosofia é realmente necessária para a tarefa apologética e para o cristianismo de modo geral? C.S. Lewis, um dos gigantes intelectuais do século XX, responde:

Ser ignorantes e simples agora [...] seria abrir mão de nossas armas a trair nossos irmãos sem formação acadêmica, que, abaixo de Deus, não tem nenhuma defesa contra ataques intelectuais dos pagãos, a não ser a defesa que lhe podemos oferecer. A boa filosofia deve existir. Se não por outra razão, porque a má filosofia precisa de resposta (2008, p. 61).