segunda-feira, 29 de junho de 2009

Caçadores de Deus



Por José Barbosa Júnior


... E então vinha o homem, ao entardecer, na viração do dia, remexendo entre arbustos e galhos de árvores maiores, quando de repente sua presa deu-se por vencida. “- Te peguei, Deus! Que coisa feia... fugindo de mim?”


Sei que todos nós sabemos que não foi assim, mas é a cena que vem a minha mente quando ouço falar no termo “caçador” de Deus. Um Deus acuado, sem ter pra onde correr senão para os braços daquele que lhe “acolherá”. Papéis invertidos? Lógico! Palavra deturpada? Sem dúvida alguma.

O homem sempre esteve em busca de Deus, sempre “caçou” Deus... e todas as tentativas dessa perseguição do elemento divino terminaram inexoravelmente em RELIGIÃO. A religião é isso: o homem em busca de Deus, uma busca desesperada, mediante esforço próprio, sacrifícios, na tentativa de prender esse mesmo Deus ao seu sistema de ritos, doutrinas e convenções humanas.

A religião é, portanto, inerente ao ser humano. O vazio existencial, o buraco negro da alma em busca de algo que o possa preencher, tudo isso clama pela religiosidade. E ela então chega, como se fosse a salvação para o homem. O homem então se entrega na sua busca de Deus, fazendo dele a caça, o alvo a ser alcançado, atingido... para depois de preso, estar sujeito aos seus caprichos e deleites.

Porém, há algo novo, sempre novo. Chama-se Evangelho. Na viração da tarde, na ausência de cor para a continuação do dia, é Deus quem toma a iniciativa: “Adão, onde estás?”. A iniciativa da caça é dele! E não é uma caça para exterminar o objeto caçado. Somos alvo do AMOR de Deus. Essa caça é que nos traz vida! A salvação foi, é, e sempre será iniciativa de Deus. A cruz ressoa desde a eternidade... sobre a manjedoura de Belém já pairava a sombra de uma cruz, a cruz preparada desde a eternidade e sobre ela o cordeiro imolado por nós desde a fundação do mundo.

Isso é graça! Eu não mereço... eu não busco, eu não caço Deus. Ele me ama... me busca... me encontra.... me abre os braços... eu só descanso nEle... e a obra é ELE quem faz e continua fazendo até o dia dEle mesmo.

Fui seduzido e deixei-me seduzir. Fui preso na sua graça! Fui enclausurado em sua liberdade, não tenho como deixar de ser livre! Fui caçado na viração do dia... não sei o que é a noite sem Ele. Morri. Ele vive em mim!


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Fonte: Crer e Pensar (via) Púlpito Cristão

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