quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Teologia do altar




Por Daniel Grubba

A primeira vez que li sobre a "teologia do altar" foi no livro Pentecostal de mente e coração - um chamado ao dom divino do intelecto (por sinal, um excelente livro que me influênciou bastante). Simplificando, a teologia do altar é "o conceito de que uma benção de purificação e de poder instantâneos pode ser recebida pela fé, em vez o árduo processo de busca" (NAÑEZ, 2005).

Em termos práticos, isto significa que a pessoa vai ao altar em resposta a um apelo e recebe ali na hora, algo que para um simples mortal poderia durar toda uma vida. Pode ser uma cura física ou emocional, libertação de vícios, transformação do carácter defeituoso, capacitação profissional, idiomas e claro, não poderia faltar; riquezas materiais (isto é mais recente, os antigos pentecostais não eram materialistas). Esta ideologia passou a ser defendida a partir da década de 1840 e se tornou um dos pilares do pentecostalismo moderno, dominando todo o movimento durante todo o século XX.

Livros


"Queremos livros que nos afetem como um desastre. Um livro deve ser como um machado diante de um mar congelado em nós."

Franz Kafka, escritor tcheco

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Construção da identidade autônoma

Daniel Grubba


O ser humano está em busca de sua identidade - quem sou eu? - Não queremos apenas existir, queremos saber quem somos. Não é tanto "o que sou", mas principalmente "quem sou". Senão não se compreende, e mais do que isto: não encontra o sentido de sua existência. A resposta para esta pergunta existencial (quem sou eu?) só pode ser respondida pelo ministério da alteridade, do outro que me provoca a ser e principalmente do Outro, do Deus Vivo, que diz sim a nossa existência, e torna possível a formulação da nossa identidade.

O conceito da alteridade, do outro que me provoca a ser, é fundamental para a construção da nossa identidade. Repare na atividade essêncial da nominação, isto é, dar um nome. É na nomeação que o ser anônimo é integrado na comunidade dos outros e deixa de ser alguém desconhecido e incognoscível, para tornar-se uma pessoa.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vazio do tamanho de Deus

Daniel Grubba

Concordo que o título é estranho mesmo. Deus não é uma categoria mensurável. Não há possibilidade alguma em falarmos em "tamanho" de Deus. Qualquer proposição neste sentido soará tão irracional quanto a tentativa de abordar o peso gravitacional da cor verde. Isto simplesmente não existe, é um erro categórico. Deus está para além da matéria e do tempo. Ele é Totalmente Outro.

Mas foi de forma analógica, pois somente assim conseguimos ter alguns vislumbres do Ser de Deus, que o brilhante e apaixonado escritor russo Dostoiévski, disse: "Todo homem carrega no peito um vazio do tamanho de Deus".


Creio que este vazio já foi dissecado conceitualmente pelos mais variados eruditos em todas áreas do conhecimento humano. No entanto, creio que foi C.S Lewis que consegui falar de algo tão "profundo", por assim dizer, de modo mais simples possível. O texto inteiro é maravilhoso*, mas deixo apenas uma citação para meditação.

"Deus nos criou como um homem inventa uma máquina. Um carro é feito para ser movido a gasolina. Deus concebeu a máquina humana para ser movida por ele mesmo. O próprio Deus é o combustível que nosso espírito deve queimar, ou o alimento do qual deve se alimentar. Não existe outro combustível, outro alimento. Esse é o motivo pelo qual não podemos pedir que Deus nos faça felizes e ao mesmo tempo não dar a mínima para a religião. Deus não pode nos dar uma paz e uma felicidade distintas dele mesmo, porque fora dele não se encontram. Tal coisa não existe".

"Somos feitos para Deus e nunca estaremos satisfeitos com menos do que isso."
Brennan Manning


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* O título do capítulo é A alternativa estarrecedora em Cristianismo Puro e Simples, p.66.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Evangelho da Verdadeira Liberdade

Por Daniel Grubba



Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
- Paulo em II Co 3.17 -



A interpretação mais corriqueira deste pequeno versículo parece sempre estar ligada a liberdade litúrgica. É muito comum ouvirmos, principalmente em comunidades mais carismáticas, algo assim: Irmãos, na presença do Senhor temos liberdade, podemos cantar em todos ritmos, dançar como Davi dançou, chorar copiosamente, cair na unção, orar em línguas o mais alto para que todos ouçam, ou se preferir, ficar em silêncio contemplativo. Então, no fim da breve ministração concluem citando o versículo supracitado. É muito bonito, mas este trecho de II Co 2 não tem absolutamente, nada haver com liberdade que se expressa no culto.



Liberdade de culto?


Levarei em conta apenas duas considerações. Em primeiro, a contrário dos mais tradicionais, penso que a flexibilidade litúrgica traz dinâmica e vida ao culto. Não creio que o culto cristão, para ser mais solene, deva assemelhar-se a um funeral, ou deva zelar a todo custo por uma estrutura tradicionalista, rígida e imutável. Desde que haja ordem e decência como nos orienta Paulo em I Co 14.40, podemos torná-lo mais feliz, por assim dizer. Não podemos nos esquecer que nosso povo é expansivo, passional, alegre. Há que se compreender os aspectos culturais. O culto no Norte do país em uma Assembleia Pentecostal, será muito diferente do culto celebrado no Sul em um igreja luterana. Por isto, sempre haverá perigo na vã tentativa da sacralização ou demonização de aspectos culturais "a-morais" e singulares de cada região.


Erro crasso de interpretação

A segunda consideração que gostaria de registrar é de natureza hermenêutica. Como já disse na introdução, a liberdade que o Espírito promove não tem nada a ver com a vida cúltica. Afirmar isto, além de reduzir ao máximo o profundo significado do texto, também é um erro crasso de interpretação. Apenas quem não conhece o contexto imediato do capítulo 3 do segundo livro aos Coríntios pode dizer que a frase - onde o Espírito do Senhor está, ai a liberdade - significa liberdade para "fazer o que der vontade de fazer" no culto.

A verdadeira Liberdade

Então, de que somos libertos afinal? Que espécie de liberdade o Espírito do Senhor promove? Simples, leia todo o capítulo II Co 3.1-18. Como alguém já disse: texto sem contexto, é pretexto.

A primeira coisa que deve ficar bem clara é que a liberdade do Espírito do Senhor, que Paulo discorre em toda perícope, não está de modo algum relacionada a expressões litúrgicas de culto. Pois a maravilhosa libertação ocorre em nós, no interior da gente, no modo como nos relacionamos com Deus em nossos corações, e não fora de nós. Pois é bem possível que haja pessoas que dançam, correm e pulam no culto, mas em seu interior são consumidas por um medo angustiante de serem riscadas do livro da vida, de serem consideradas indignas do Reino, de não serem amadas incondicionalmente por Deus. Sim, muitas vezes, estão pulando, dançando, gritando, pois querem convencer a Deus de que são dignas em si mesmas de obterem a salvação, de que são merecedoras de serem abençoadas. E neste caso, toda liberdade do culto, em todas suas expressões, deflagram apenas uma devoção patrocinada pela culpa.

Então, de acordo com Paulo, seguindo a sequência natural de texto, devemos afirmar que somos libertos da toda frustração e culpa que provém de nossas inúteis e arrogantes tentativas de afirmar nossa justiça diante de Deus mediante a obediência da Lei. Vejamos:

Vers. 3.3 - Somos libertos pelo Espírito do Deus vivo, de um relacionamento primitivo que se fundamenta em tábuas de pedra como na Antiga Aliança, para nos relacionarmos intimamente com Deus, nas tábuas de carne do coração. Paulo está dizendo, na verdade, que não tinha nenhum código de leis, regras legalistas, preceitos mosaicos - tábuas de pedra - para apresentar ao povo de Corinto, como meio de relacionar-se com Deus. Ao contrário, eles iriam discernir a vontade de Deus, lendo e observando as tábuas de carne. Ou seja, o modo de viver de um cristão que aprendeu amar (I Co 13).

Vers. 3.6 - Somos libertos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra do Antiga Aliança, mas do Espírito; porque a letra, os códigos, os preceitos, e as ordenanças da Lei, são as coisas que matam pela imposição da culpa, mas é o Espírito que vivifica. Posto que a Lei só serviu para mostrar o quanto somos pecadores e incapazes de cumpri-la. "Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus." (Rm 3.19).

Vers. 3.7-8 - Somos libertos do ministério da morte que foi gravado com letras em pedras. E que apesar de toda gloria, que estampava-se na face de Moisés, era transitória e temporal; Ficou velha e caduca, pois Hebreus 8.13 diz: Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. Fomos chamados a liberdade da glória do ministério do Espírito, que é infinitamente maior e eterna.

Vers. 3.9 - Fomos libertos do ministério da condenação, que foi glorioso, mas muito mais excederá em glória o ministério da justiça. Sim, a lei - letra que mata - nos encerrou debaixo do pecado destituindo-nos da gloria, mas a justiça de Cristo, nos declarou para sempre justos diante de Rei. Portanto, não há mais condenação (Rm 8.1).

Vers. 3.11 - Fomos libertos do que era transitório e temporal. E apesar de todo o esforço dos evangélicos legalistas de reavivar uma Lei para se ufanarem de seus gloriosos feitos [...] Nós, os que acreditamos na justificação pela fé, não nos apoiamos em nossa obediência a Lei, que não passam de trapos de imundícia, pois é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Pois como disse Paulo em II Co 3.5: "Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus".

Vers. 3.13 - Fomos libertos da tendência de reproduzir a espiritualidade de Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Pois fomos chamados à sermos a semelhança do Filho de Deus, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.29).

Vers. 3.14 - Fomos libertos do endurecimento dos sentidos; libertos do véu que nos obrigava a guardar a Lei, a qual foi por Cristo abolida. Sim, não somos mais obrigados a obedecer a Lei como meio de justificação, pois ninguém nunca será justificado pelas obras da lei (Gl 2.16).

Vers. 3.18 - Fomos libertos e todos nós, com rosto descoberto, refletimos como um espelho a glória do Senhor; somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. A transformação é obra de Deus, não é algo que possamos fazer por nós mesmos.

Posto isto, devemos afirmar, de acordo com a consciência do Evangelho, que toda e qualquer tentativa humana de guardar a Lei, produzirá frustração e culpa. Sim, ora ficaremos frustrados por descobrir que é impossível cumprir os preceitos, e automaticamente seremos condenados a estado crônico de culpa e ansiedade.

Viver segundo o Evangelho da Verdadeira Liberdade

Viver segundo o Evangelho da Verdadeira Liberdade é poder descansar no fato, de que tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.

Viver segundo o Evangelho da Verdadeira Liberdade é poder seguir rumo ao alvo, sem ter a necessidade de olhar para as coisas antigas, pois quem está em Cristo é uma nova criatura, tudo ficou para trás, e novas coisas se fizeram.

Viver segundo o Evangelho da Verdadeira Liberdade é não aniquilar a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu em vão. É poder cantar, dançar, pular; ou se preferir ficar em silêncio em profunda reverência, desde que o coração esteja apaziguado na maravilhosa graça de Deus.

O paradoxo da nossa humanidade


Por Daniel Grubba


Todos os seres humanos, sem distinção alguma, carregam dentro de si mesmos uma dimensão existêncial de paradoxos. Para alguns, isto se traduz em angustia e desespero, e para outros é apenas um desafio a ser vencido.


Todos os seres humanos, sem distinção alguma, são feitos a imagem e semelhança de Deus, e paradoxalmente também possuem uma natureza caída e corrompida, o que os teólogos costumam chamar de "consequências do pecado original"

Viktor Frankl, psicanalista vienense e sobrevivente dos campos nazistas de concentração, captou com exatidão este paradoxo de nossa humanidade quando disse que o ser humano "é o ser que inventou as câmaras de gás; mas é também aquele ser que entrou nas câmeras de gás, de cabeça erguida, com uma oração nos lábios"

O pastor e professor John Stott corrobora dizendo que "somos capazes da mais excelente nobreza e da mais baixa crueldade. Somos capazes de nos comportar por um momento como Deus, a cuja imagem fomos criados, e no momento seguinte como bestas, de quem fomos feitos para ser para sempre distintos."

É exatamente este paradoxo, que nos torna capazes de, por exemplo, jogar aviões em prédios, e ao mesmo tempo, adentrar bravamente dentro deles enquanto estão ruindo para salvar vidas.

Este paradoxo abalou as razões dos seres pensantes durante toda história humana. E foi pensando em resolvê-lo, como quem busca saída para contradições, que a filosofia antropológica se debruçou sobre o paradoxo de nossa humanidade e chegou basicamente a duas conclusões distintas. Um de seus entroncamentos mais otimistas, de tendências humanistas, enfatiza a gloria do ser humano e o coloca no centro do universo. A outra via, de orientação existencialista, vai ao extremo oposto, é pessimista e beira ao desespero.

Penso que ambas tradições filosóficas nos ajudam a compreender a dimensão de nossa humanidade, mas nenhuma delas consegue ser tão equilibrada quanto a proposta que somente o cristianismo autêntico estabelece como o realismo radical da Bíblia. "As Escrituras preservam o paradoxo, a saber: a glória e a vergonha de nossa humanidade, nossa dignidade e nossa depravação" diz John Stott.

Não sei quanto a você, mas sou um daqueles que em virtude destes paradoxos interiores, revolve-se em uma dolorosa dialética entre cinzas e glória, entre fraquezas e conquistas. Fico deprimido, angustiado, perco-me em meio as inconstâncias do meu ser e entro em desespero frente aos meus desvios de conduta. No entanto, tenho a absoluta convicção de que serei completamente purificado e absolvido da degradação do meu pecado e viverei a plenitude que só é possível ao novo coração que recebi do Pai.

Porque mais forte que nosso paradoxo, é a oferta revolucionária do Evangelho. Pois Cristo morreu para nos purificar e, pela obra regeneradora de seu Espírito Santo, ele pode nos tornar novos.

Em espírito e em verdade


Por Ed René Kvitz

Ao ensinar que Deus é Espírito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade, estava respondendo uma pergunta da mulher samaritana que queria saber o lugar certo de adorar.

A pergunta da samaritana fazia sentido para uma mente religiosa, que aprendeu a se relacionar com Deus a partir de lugares, pessoas e rituais sagrados. A religião faz isso mesmo, oferece uma forma e um conjunto de regras para que a relação com o divino aconteça da maneira correta. As pessoas precisam de dias, horas, atividades e lugares específicos onde materializar a pessoa e a presença de Deus. Precisam também de pessoas sagradas, que representem Deus, ouçam a voz de Deus e falem em nome de Deus.

Parece coisa de criança, que quando pergunta quantos dias faltam para a a Páscoa, a gente tem que mostrar os quadradinhos do calendário ou colocar um montinho de palitos de fósforo, que vão sendo subtraídos a cada dia, e então a gente diz: "falta um monte assim". A mente humana tem necessidade de dar forma, mensurar e delimitar, para poder avaliar, contabilizar e controlar.

Quando a samaritana perguntou a respeito do lugar certo para adorar, na verdade trazia uma afirmação nas entrelinhas de sua questão: existem regras que explicam como Deus funciona. Este é o pensamento mecânico, de causa e efeito, do tipo "se, então": se eu sou fiel no dízimo, então Deus me abençoa; se eu sou assíduo aos cultos, então vou crescer na fé; se eu leio a Bíblia todo dia, então terei sabedoria; se obedeço a Deus, então ficarei livre das desgraças; se eu me santifico, então minha adoração será recebida por Deus; se, então, se, então...

Mas Jesus não acreditava nisso. Sua proposta foi radical. Ensinou que jamais alguém deveria tentar confinar Deus a um lugar, um ritual, uma doutrina, uma idéia, uma forma e muito menos uma fôrma. No lugar da objetividade do relacionamento que pode ser medido e verificado, Jesus propôs a subjetividade da intimidade que ocorre na dança da Santíssima Trindade: adorar ao Pai, no espírito que é Santo, e no Filho que é a verdade. Não é tanto uma questão de regras de adoração para que Deus funcione, mas das coisas do coração, que como disse o filósofo, tem razões que a própria razão desconhece.

Fonte: Ibab

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Coração estranhamente aquecido


Daniel Grubba


No dia 24 de maio de 1738 às cinco horas da manhã de uma quarta-feira, João Wesley abriu sua Bíblia no Novo Testamento em 2 Pe 1:4 e seus conceitos anglicanos e arcaicos da justiça mediante obras da lei, que impregnavam sua alma, começaram a ruir:

Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina”.

Após a leitura uma frase invadiu seu pensamento e coração: "Não está longe do reino de Deus". No mesmo dia, a noite, foi à uma reunião na Rua Aldersgate, onde ouviu o prefácio de Lutero a Epístola de Paulo aos Romanos. Recebeu, naquele momento, uma palavra sobre a transformação que Deus opera no coração mediante a fé em Cristo e nunca mais foi o mesmo. Em seu diário está registrado assim:

"Cerca das nove menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia sobre a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu confiava somente em Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus pecados, em verdade meus, e que me havia salvo da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma maneira especial, me haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira vez, sentia em meu coração".

Que Deus aqueça nosso coração e nos livre de uma espiritualidade estéril, morta e desinteressante.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Fé no absurdo



"Abraão creu na palavra divina de que todas as nações seriam abençoadas em sua posteridade, e continuou a crer nela ainda quando, após ser pai na velhice, lhe foi exigido o sacrifício de seu único filho, Isaac; ora, tal sacrifício, que tirava todo sentido racional à promessa, significou, para Abraão, a fé no absurdo, a certeza de que Deus o estava provando e a disposição de sacrificar, se necessário, Isaac (com a certeza de que este lhe seria restituído); realiza-se, assim, o movimento que parte da resignação infinita (pela qual renuncia a Isaac), em que se adquire a consciência do seu próprio valor eterno, e chega-se, pelo absurdo, à fé, em que se readquire o finito (a retomada de Isaac); tal movimento implica a angústia e o paradoxo pois, se é preciso coragem puramente humana para renunciar a toda a temporalidade a fim de obter a eternidade, é preciso a coragem da fé para, em razão do absurdo, encontrar a alegria na temporalidade finita e transformar, assim, um crime moral em algo santo e agradável. "

Kierkegaad em Temor e tremor.

domingo, 13 de setembro de 2009

Saia do meio deles !!!



Esta mensagem foi pregada no domingo posterior aos ataques das Torres Gêmeas. Vale a pena conferir. Cai como uma luva para todos nós.

É difícil ouvir e não se emocionar com o tom dramático e verdadeiro em que ela é anunciada.

Fonte: Genizah

Estranhezas Bíblicas


Por Daniel Grubba

Alguns dias atrás estávamos conversando com nosso professor de grego enquanto desciámos a rua da faculdade rumo ao metro e ele comentou um pouco acerca de seu projeto de tradução bíblica. Foi quanto ele nos disse, com todo cuidado para não escandalizar, de sua dificuldade em traduzir alguns termos bíblicos ou expressões idiomáticas, principalmente no AT, que certamente não passarão pelo crivo da Editora que o contratou e muito menos pelo padrão moral-religioso dos leitores. Ele nos contou de algumas passagens que trazem a palavra "fezes" (para não falar outra coisa, pois no original em hebraico seria b...) e que certamente ofende nosso pudor.

Agora verdade seja dita: Há algumas passagens bíblicas bem embaraçosas, não é mesmo? É batata!!! Todo leitor atento das Escrituras, cedo ou tarde, se depara com algumas delas. Nas minhas leituras, tem uma passagem, que sempre deixa-me como os malucos da foto. Está em Ezequiel 23.19 : 20 e diz assim no versão do Almeida (Revista e Atualizada):

Todavia ela multiplicou as suas prostituições, lembrando-se dos dias da sua mocidade, em que se prostituira na terra do Egito, apaixonando-se dos seus amantes, cujas carnes eram como as de jumentos, e cujo fluxo era como o de cavalos.

A principio esta passagem não chama muita atenção. Acontece que nesta versão (RA) os tradutores tentaram deixar o texto menos chocante. A tradução mais próxima do original seria assim, na versão CNBB:

Apaixonou-se por esses degenerados, cujos membros são como os de jumentos, e o orgasmo, como o de garanhões no cio.

O que muitos leitores se perguntam ao ler, não somente este trecho mas todo o capítulo 23 do profeta Ezequiel, (que por sinal fala da prostituição espiritual do povo de Israel), é o seguinte: Por que este profeta usou uma linguagem tão repulsiva?

No decorrer da história, principalmente entre os teólogos liberais do século XIX, começou a circular a idéia de que o profeta Ezequiel provavelmente sofresse de algum distúrbio psíquico mais ou menos profundo, sintomas estes que iriam de traços patológicos ou até mesmo esquizofrenia*. E de fato há coisas bem estranhas no comportamento do profeta, dentre as quais destacamos: experiências de arrebatamentos extáticos, a sua mudez temporária(3.22ss), o gesto simbólico de permanecer deitado durante 430 dias (4.4-8), e cozimento de sua comida sobre o esterco de vaca (4.12-15).

Porém, esta suposta "loucura" do profeta é apenas uma teoria. O que podemos ver claramente é que seu pensamento não é diferente de uma pessoa sadia. Ele é apenas um ardente apaixonado pelo seu povo e usa de gesto simbólicos para chamar atenção de um povo adormecido. E analisando a estrutura da sua mensagem observamos que "suas idéias aparecem unidas logicamente entre si, delas resultando um contexto homogêneo e coerente"*

A razão, portanto, da linguagem figurada tão realista de Ezequiel, é sua compaixão pelo povo e seu desejo de vê-los livre da ira divina. Falar ao povo nestes termos tão repulsivos era uma medida extrema de desespero. Para Ezequiel, o povo de Deus estava em flagrante prostituição em relação a aliança mosaica. Assim, o Egito seria o amante, o macho lascivo com que a fêmea promíscua, Jerusalém, desejava relações sexuais gratuitas. Esta claro, pelo contexto histórico, que havia entre este povo de Israel a obsessão pela aliança política com o Egito, algo considerado indecente aos olhos de Javé.

Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo. (I Pe 1.20-21)

Ezequiel foi contato entre os profetas inspirados e canônicos. E o mais impressionante nisto tudo, é que a inspiração divina não suprimiu as particularidades individuais de Ezequiel, por mais esquizitas que fossem, apenas as aperfeiçou para o chamado de Deus, tornando-as mais potentes e dinâmicas. E que assim seja conosco, amém!

Soli Deo Gloria
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*Mais informações em Introdução ao AT, p.584-585 (E. Sellin & G. Fohrer)
*Ibib, p.585.
Fonte: Bíblia de Estudo Vida

sábado, 12 de setembro de 2009

Apenas um número


"A contemplar as multidões à sua volta, a encher-se com ocupações humanas, a tentar compreender os rumos do mundo, este desesperado esquece-se de si mesmo, esquece o seu nome divino, não ousa crer em si mesmo e acha demasiado ousado sê-lo e muito mais simples e seguro assemelhar-se aos outros, ser uma imitação servil, um número, confundido no rebanho."

Kierkegaard
em Desespero Humano, p.37.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A natureza da Teologia


A palavra teologia refere-se ao estudo de Deus. Quando usada em sentido mais amplo, ela pode incluir todas as outras doutrinas reveladas na Escritura. Ora, Deus é o ser supremo que criou e sustenta até agora tudo o que existe; a Teologia procura entender e articular, de forma sistemática, as informações reveladas por ele a nós. Assim, a Teologia versa sobre a realidade última. Por ser o estudo da realidade última, nada é mais importante. Por contemplar e discutir esta realidade, ela, consequentemente, define e governa cada área da vida e do pensamento. Portanto, como Deus é o ser ou realidade última, a reflexão teológica é a atividade humana fundamental.

Vincent Cheung em Teologia Sistemática, p. 15.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Caminhando pela fé


Senhor Deus,
Não tenho a menor idéia de para onde estou indo,
Não enxergo o caminho à minha frente,
Não sei ao certo onde irá dar esse caminho.

Também não conheço verdadeiramente a mim mesmo,
E o fato de que penso que estou seguindo a Tua vontade
Não significa que realmente esteja seguindo a Tua vontade.

Mas acredito que o meu desejo de Te agradar
Realmente Te agrada.
E espero ter esse desejo em tudo o que fizer,
Espero nunca me afastar desse desejo.

Sei que, se assim o fizer,
Tu me guiarás pelo caminho correto
Embora eu possa nem saber que o estou trilhando.

Assim, confiarei sempre em Ti
Embora eu pareça estar perdido
E caminhando na sombra da morte.
E não temerei, porque Tu estás sempre comigo
E nunca deixarás que eu enfrente os perigos sozinho.
*****
(Thomaz Merton)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A judaicidade de Jesus


Por Daniel Grubba


Meu interesse pelo judaísmo começou bem no início da minha conversão, há 06 anos atrás, quando pela primeira vez abri o evangelho de Mateus no capítulo um. Confesso que fiquei meio perdido, pois encontrei alguns personagens até então bem desconhecidos para mim. O primeiro versículo diz assim: Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1.1). O rodapé da minha Bíblia indicava livros do Antigo Testamento e descobri rapidamente que a genealogia de Jesus era de um modo geral profundamente judaica.

Para meu espanto, diante de mim agora estava um Jesus tipicamente judeu. Na verdade, minha pré-concepção era simbolizada pela imagem de um Jesus bastante europeu, com cabelos loiros e olhos azuis, assim como ele estava pintado nas gravuras que vi na minha infância em um colégio católico.

Oskar Skarsaune, responsável pelo projeto The History of Jewish Believers in Jesus [A História dos Crentes Judeus em Jesus], professor da História da Igreja Primitiva, pesquisou a fundo as raízes históricas do cristianismo e publicou um livro sobre o assunto "A sombra do Templo". Sobre a nacionalidade judaica de Jesus, ele diz: "Simplesmente não se pensava em Jesus como judeu; para muitos cristãos piedosos, tal idéia deve ter sido chocante."

Logo após a Segunda Guerra Mundial, um ministro escocês, R.A. Stewart, escreveu: "É impossível ter uma compreensão histórica adequada do Novo Testamento sem um conhecimento detalhado da literatura e do pensamento judaico."

Mas antes de embarcar na biografia de Jesus segundo o evangelista Mateus, procurei ler as principais histórias do Antigo Testamento, para poder entender a profundidade do evangelho. Esta aventura de descobrimentos foi fantástica. A cada página descortinava um mundo onde Deus é real, participativo e atuante. Nesta peregrinação espiritual minha paixão pela bíblia e pelo povo de Israel foi despertada e pude entender a razão do choro de Jesus ao avistar a rebelde Jerusalém (Lc 19.41).

Josh McDowll, missionário do Campus Crusade for Christ (Cruzada Estudantil e Profissional) aclamado como um dos principais defensores da fé nos Estados Unidos, afirma que: Para analisar como Jesus de Nazaré realmente era quando Ele passou pela terra da Palestina, não se pode ignorar a evidência de sua judaicidade.

É triste, mas na igreja do século XXI são poucos os cristãos que entendem o contexto histórico onde surgiu o cristianismo e em qual ambiente ele foi gerado. Bruce L. Shelley, pesquisador e professor da historia do cristianismo costuma dizer que “os cristãos de hoje em dia sofrem de amnésia histórica”.

Certa vez minha esposa pediu em uma reunião de intercessão para orar pelos judeus e foi repreendida. Tínhamos acabado de voltar de Jerusalém, onde foi celebrada a nossa cerimônia de casamento. Disseram a ela que existem coisas mais importantes para orar. Na época me lembro de ter chegado a conclusão de que não os conhecemos como deveríamos e não os amamos como a Bíblia nos ensina.

Não defendo de modo algum um estilo de vida judaizante, ou um retorno ao judaísmo, mas se você deseja entender a profundidade do Evangelho, então você precisa obter algumas informações sobre como os ouvintes do tempo de Jesus viviam e pensavam. Tenho a absoluta certeza que sua leitura do Evangelho será muita mais interessante.

Deixo um trecho do Novo Testamento para meditação. Nas palavras do apóstolo Paulo, judeu da linhagem de Benjamim, conforme registrado em Romano 9.3-5;

Porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segunda a carne. São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a gloria, as alianças, a legislação, o culto e as promessas, deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!

Mas se Paulo não convence quanto a importância do povo judeu na história da revelação divina, talvez às palavras de Jesus quebrem as resistências, pois ele mesmo quando falava a mulher samaritana disse: Vos adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus (Jo 4.22).

Sexualidade em pauta


Por Daniel Grubba


No dia 28 de agosto estreiou na Rede Globo o programa "Amor e Sexo" com a apresentação de Fernanda Lima. A proposta desta nova programação global parece não ser apelativa como outros programas que abordam este tema, e que sempre desembocam na banalização da sexualidade. O próprio diretor, Ricardo Waddington, procurou tranquilizar o grande público antes mesmo da estréia. Ele disse: "Fizemos várias reuniões para discutir como poderíamos falar sobre sexo para toda a família. Afinal, o queremos afastar ninguém". Ele fez questão de ressaltar que o objetivo do programa não é constranger. "Será como um papo descontraído na sala de jantar. Ninguém vai se sentir incomodado. Apesar de pretendermos falar sobre tudo, faremos isso de uma maneira elegante", garante. A intenção é fazer um "programa família" sobre sexo.

Fiquei impressionado com a preocupação da direção do programa. A grande questão em debate nas reuniões dos bastidores era: "Como tratar desse assunto na TV aberta?" Afinal, a estimativa é alcançar 120 milhões de espectadores.

Quando me deparei com as notícias do novo programa da Globo, eu pensei: "Meu Deus, como se fala de sexo hoje em dia". É claro que este tema é super importante, uma vez que estamos falando de algo vital para raça humana, não somente como procriação, mas também como fonte de prazer e expressão de amor. No entanto, devemos nos perguntar se precisamos realmente de mais um programa que aborde este assunto. Será que ele vai ajudar a população brasileira a tratar o sexo com responsabilidade ou iremos ver mais um programa em favor da "propaganda da libertinagem"?

Me lembrei de um texto do C.S. Lewis intitulado Moralidade Sexual. Ele diz:

"As perversões do instinto sexual, porém são numerosas, difíceis de curar e assustadoras. Desculpe-me por descer a esses detalhes mas tenho de fazê-lo. Tenho de fazê-lo porque, há vinte anos, temos sido obrigados a engolir diariamente uma série enorme de mentiras contados sobre sexo. Tivemos de ouvir, ad nauseam, que o desejo sexual não difere de nenhum outro desejo natural, e que, se abandonarmos a tola e antiquada idéia vitoriana de tecer uma cortina de silêncio em torno dele, tudo neste jardim será maravilhoso. No momento em que examinarmos os fatos e nos distanciamos da propaganda, vemos que a coisa não é bem assim. Dizem que o sexo se tornou um problema grave porque não se falava sobre o assunto. Nos últimos anos, não foi isso que aconteceu. Todo o dia se fala sobre o assunto, mas ele continua sendo um problema [...] Existem pessoas que querem manter o nosso instinto sexual em chamas para lucrar com ele." (Grifos meus)

De fato, falar mais sobre o assunto não irá resolver nada, enquanto mentiras baseadas em verdades forem bombardeadas na mente das pessoas. A verdade é que o sexo é bom e divino, e a mentira é a sugestão de que qualquer ato sexual é saudável e normal e que reprimir os desejos é uma anomalia.

*****
"A submissão a todos os nossos desejos obviamente leva à impotência, à doença, à inveja, à mentira, à dissimulação, a tudo, enfim, que é contrário à saúde, ao bom humor e à franqueza. Para qualquer tipo de felicidade, mesmo neste mundo, é necessário comedimento."
(C.S. Lewis)
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Fontes:
http://televisao.uol.com.br/ultimas-noticias/2009/08/28/ult4244u3893.jhtm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u612871.shtml
C.S. Lewis. Cristianismo puro e simples, p.124-136.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O propósito da construção literária

Por Daniel Grubba

A construção de um texto é uma etapa apaixonante no ofício literário. Quem gosta de escrever, sabe bem do que falo. Há um envolvimento dinâmico do escritor com os processos de inspiração-ação, que confere a alma um sentido estético todo especial.

Poderíamos dizer que nesta construção, a inspiração sem ação é atividade etérea e contra-producente. E ação literária, sem inspiração, é sequidão gramatical; não carrega em si a essência que desperta nossas sensorialidades.

No meu caso, percebo que geralmente um texto começa com um pensamento, uma idéia (ainda vaga), ou um desejo de dar luz a algo que lá no fundo ainda não passa de "rabiscos desconexos" em um papel, que chamamos de mente. Estas idéias iniciais são despertadas por livros, pregações, aulas expositivas, ou simplesmente via "atos de reflexão" a respeito de um objeto qualquer de investigação.

Este processo de construção literária, ganha força na medida que revisitamos este brain storm e o tornamos mais coeso. A coesão se dá justamente quando começamos a colocar no papel as idéias essênciais. Esta parte é muito interessante, pois geralmente é um momento em que começam a aparecer outros elementos que ajudam a tornar o produto final em uma reflexão lógica e racional. Aqui neste ponto entra os elementos complementares da pesquisa.

Deixando de lado o que já foi dito, eu pergunto a vocês: Porque escrevemos? Porque gastamos tanta energia na atividade literária? O que um texto pode despertar no leitor? Pergunto primeiramente a mim mesmo e depois para blogueiros, que como eu, não passam de pseudo-escritores amadores, no bom sentido do termo. Ou alguém aqui, salvo raras excessões, já virou um best-seller? Será que não somos como loucos gritando na praça para os transeuntes que não estão nem um pouco interessados em ler o resultado final de nossas reflexões?

Arriscaria dizer que todo escritor quer ser lido. Nada mais óbvio. O escritor quer uma audiência, um público para suas palavras, suas visões, suas verdades. Eis o que todos nos queremos: uma chance de dizer ao mundo o que sentimos, em que acreditamos, e como a realidade é para nós.

domingo, 30 de agosto de 2009

Manter a mente aberta

Charles Finney (1792-1875)


Ainda não consegui esteriotipar minhas opiniões teológicas e parei de pensar consegui-lo um dia. A idéia é absurda. Nada, senão um intelecto onisciente, pode continuar mantendo uma identidade precisa de concepções e opiniões. Mentes finitas, a menos que adormecidas ou entorpecidas por preconceitos, devem avançar no conhecimento.

A descoberta de uma nova verdade modificará concepções e opiniões antigas, e talvez esse processo não tenha fim em mentes finitas, qualquer que seja o mundo. A verdadeira coerência cristã não consiste em estereotipar nossas opiniões e concepções e em recursar-nos a fazer qualquer progresso para não sermos acusados de mudança, mas consiste em manter a mente aberta para receber os raios da verdade por todos os lados e em mudar nossas opiniões, linguagem e prática na frequência e na velocidade com que conseguimos obter informações complementares.

Chamo-o de coerência cristã porque só essa trilha está de acordo com uma confissão cristã. Uma confissão cristã implica a confissão de uma sinceridade e de uma disposição de conhecer toda a verdade e obedecer a ela. Deve-se seguir que a coerência cristã implica investigação contínua e mudança de opinião e prática em correspondência ao conhecimento crescente.

Nenhum cristão, portanto, e nenhum teólogo deve temer uma mudança em suas concepções, linguagem ou práticas em conformidade com a luz crescente. A predominância desse temor manteria o mundo no mínimo numa imobilidade perpétua, e todos os objetos da ciência e, por conseguinte, todos os aperfeiçoamentos tornar-se-iam impossíveis.

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Charles Finney (1792-1875) em Teologia Sistemática, p.24.

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Comentário: Não sei quanto a vocês, mas quando eu li esta reflexão de Finney, eu lembrei daquela canção do Raulzito que dizia: "Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Nunca gostei da Raul, era muito louco para minha lucidez, mas há uma sabedoria no que ele cantou se analisarmos o tanto de gente que está presa a dogmas e tradições humanas julgando ser mandamento de Deus. E o pior é que estão alicerçados na firmeza da areia, acreditando de todo coração que estão na rocha.

Li em algum lugar um dia desses que o problema não está na constante mudança de idéias, mas na falta de idéias para que possa haver uma possível mudança.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As crônicas de Nárnia


As Crônicas de Nárnia - Volume Único

Nos últimos cinqüenta anos, As crônicas de Nárnia transcenderam o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Cada um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações. Esta edição apresenta todas as sete crônicas integralmente, num único volume magnífico. Os livros são apresentados de acordo com a ordem de preferência de Lewis, cada capítulo com uma ilustração do artista original, Pauline Baynes. Enganosamente simples e direta, As crônicas de Nárnia continuam cativando os leitores com aventuras, personagens e fatos que falam a pessoas de todas as idades, mesmo cinqüenta anos após terem sido publicadas pela primeira vez.

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O Site Submarino traz um desconto imperdível para quem deseja adquirir esta obra prima da literatura (de R$ 93,20 por apenas R$ 15,90)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Teologia filosófica é...


"...o ramo da teologia cristã que procura apresentar uma explicação racional para as verdades afirmadas pela fé cristã".
(William L. Craig)

"...o empenho para 'encontrar o ponto em comum' entre a fé cristã e as demais áreas da atividade intelectual".
(Alister E. McGrath)

"...o conhecimento de Deus que temos por meio da razão, independente de qualquer autoridade especial tal como a Igreja ou a Bíblia".
(Millard Erickson)

"...o conhecimento humano provisório sobre o mesmo e único Deus que a mensagem cristã proclama. Porém, distingue-se da teologia revelada, que é o conhecimento que se tem a partir da revelação histórica de Deus em Jesus Cristo".
(Wolfhart Pannenberg)

"...o estudo racional de Deus, ou seja, é o estudo da existência, natureza, atributos, operações de Deus, tais como podem ser captados pela inteligência humana ao refletir sobre os fenômenos que podemos experimentar neste mundo".
(Battista Mondin)

"...a tentativa de explicar o conteúdo da mensagem cristã a partir das questões de ordem última levantadas pela filosofia".
(Paul Tillich)
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Fonte: Blog do Jonas Madureira

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sucesso


"Não procurem o sucesso. Quanto mais vocês o procurarem e o transformarem num alvo, mais vocês vão errar. Porque o sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou como subproduto da rendição pessoal a outro ser. A felicidade deve acontecer naturalmente, e o mesmo ocorre com o sucesso; vocês precisam deixá-lo acontecer não se preocupando com ele. Quero que vocês escutem o que sua consciência diz que devem fazer e coloquem-no em prática da melhor maneira possível. E então vocês verão que a longo prazo - estou dizendo: a longo prazo! - o sucesso vai persegui-los, precisamente porque vocês esqueceram de pensar nele"

Viktor E. Frankl (1905-1997) no prefácio do livro "Em busca de sentido - Um psicólogo no campo de concentração".

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Breve histórico de Viktor E. Frankl: Foi professor de Neurologia e Psiquiatria na Universidade de Viena. É o fundador da Logoterapia, chamada de terceira escola vienense de terapia (as duas primeiras são a da Psicanálise de Freud e da Psicologia individual de Adler). Publicou 32 livros, que foram traduzidos para 27 línguas. Sobreviveu durante 13 anos ao terror de Auschwitz, o pior campo de concentração nazista. Perdeu o pai, a mãe, o irmão e a esposa em campos de concentração.

domingo, 23 de agosto de 2009

Deus sobre a cruz



O único Deus em quem eu creio é aquele que Nietzche, filósofo alemão de século 19, ridicularizou, chamando-o de "Deus sobre a cruz". No mundo real da dor, como adorar um Deus que fosse imune a ela? ... O crucificado é o Deus por mim! Ele colocou de lado a sua imunidade para sentir a dor. Ele entrou em nosso mundo de carne e sangue, lágrimas e morte. Nossos sofrimentos tornam-se mais suportáveis à luz do Cristo crucificado. Há ainda um ponto de interrogação no sofrimento humano, mas sobre ele estampamos ousadamente outra marca - a cruz, símbolo do sofrimento divino.

John Stott em Por que sou cristão.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ladrões de ovelhas

Por C.H. Spurgeon (1834-1892)

Não consideramos como ganhar almas roubar membros de outras igrejas já estabelecidas, e ensinar-lhes nosso shiboleth peculiar, isto é, as coisas que caracterizam nossa igreja ou denominação. Nosso objetivo é levar almas a Cristo, antes que conseguir adeptos para nossa igreja.

Não faltam ladrões de ovelhas. Deles nada direi, exceto que não são “irmãos” ou, pelo menos, não agem de maneira fraternal. A juízo de seu Mestre, permanecem ou caem. Achamos que é suma baixeza construir nossa casa com os escombros das mansões de nossos vizinhos. Preferimos mil vezes extrair nós mesmos as pedras da pedreira.

Desejamos que as igrejas prosperem porque Deus abençoa os homens por meio delas, e não por causa das igrejas em si. Há uma espécie de egoísmo em nossa avidez pelo engrandecimento do nosso grupo. Que Deus nos livre deste mau espírito! O crescimento do reino é mais desejável do que aumento de um grupo sectário.

O nosso grande objetivo não é a revisão de opiniões, mas sim a regeneração da natureza das pessoas. Queremos levar os homens a Cristo, e não aos nossos conceitos particulares do cristianismo. Nosso primeiro cuidado é no sentido de que as ovelhas se reúnam com o grande Pastor. Haverá tempo depois para mantê-las seguras em nossos diversos apriscos. Fazer prosélitos é bom trabalho para fariseus; conduzir almas a Deus é o honroso propósito dos ministros de Cristo.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A casa vazia do diabo


Texto: Daniel Grubba


Quem deu este tipo de poder a esta criatura? Certamente não Deus!Ele o baniu! Ele não tem poder natural...A triste verdade é que a força dele vem de nós. Porque acham que ele trabalha tanto? Arrematando o máximo de almas humanas possíveis só porque elas possuem o que ele não tem: livre-arbítrio.

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Esta pequena sentença acima foi pronunciada por Anthony Hopkins no filme "O Julgamento do diabo". Com estas palavras o júri composto por alguns mortos ilustres, entres eles Oscar Wilde e Ernest Hemingway (não me pergunte o motivo), decretou a libertação da alma do fracassado escritor interpretado por Alec Baldwin, que após uma série de desgraças vendeu sua alma para o diabo (interpretado pela atriz Jennifer Love Hewitt) em troca de sucesso e fama. Não precisamos dizer que a vida do pobre escritor mudou para melhor, no entanto os efeitos colaterais se tornaram, com o passar do tempo, insuportáveis. O preço desta negociata com o diabo foi alto demais: ele se tornou um ser infeliz, vazio, descaracterizado e sua vida se tornou uma grande farsa.

Algo me chamou atenção na fala de Hopkins, o advogado do escritor vendido. Ele disse que o diabo não possui nada que venha dele mesmo. Esta criatura desprezível, é absolutamente vazia. C.S. Lewis no seu irônico livro "Cartas de um diado a seu aprendiz" se referiu ao diabo como um ser vazio, que deseja ardentemente sugar a essência dos homens, e que seu principal objetivo nesta guerra é criar um mundo no qual o Pai das Profundezas possa absorver todos os outros seres nele mesmo. Em outras palavras, sua maligna intenção é afastar o homem da luz, arrastá-lo para o nada e absorve-lo até que este ser não exista para si mesmo mas para o "existir do inferno".

Esta é a estratégia desde o Éden. A serpente se alimenta de pó. E de que somos feito afinal de acordo com a antropologia bíblica? Sim, somos pó, e a antiga serpente se alimenta de tal modo que se torna um Dragão no Apocalipse. Seu alimento é sugar a vontade e a liberdade dos seres mais fracos.

É por isso que ele sai em procura de casas vazias e adornadas. Somente em uma casa vazia que este ser vazio encontra habitação, possui e assume controle. Portanto, no desenrolar da história humana ele vai se tornando um regente de pessoas vazias que ironicamente acabam tornando-se "cheias de si mesmo", levando-as a viver uma busca cada vez maior por um prazer cada vez menor, possuindo suas almas e não dando nada em troca. Deste modo, o príncipe da potestade do ar toca sua banda, escraviza, subjuga, e engole os filhos da desobediência, que vivem livremente de acordo com suas paixões vazias, na circunscrição de sua perversa manipulação (Ef. 2.2).

O Deus trino é cheio. Cheio de graça e verdade, benignidade e misericórdia. Ele é a luz verdadeira que ilumina todo homem, e nele não há trevas (vazio). A vida de Jesus revela esta verdade com exatidão, pois o texto sagrado diz que Cristo foi habitado corporalmente por toda a plenitude de Deus (Cl 2.9); Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse (Cl 1.19). - Jesus era absolutamente cheio da vida de Deus. E assim, seguindo a ordem das coisas, somos chamados a sermos cheios da luz divina e de seu santo Espírito (Ef 5.18), transbordando do nosso interior rios de água viva, para a gloria do nosso Deus e Pai de nosso Senhor Jesus.

"E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus." (Efésios 3 : 19)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cão de caça do céu



Texto: Daniel Grubba

Nós aprendemos desde cedo, e de modo bastante enfático, que devemos a todo custo buscar a Deus. Aprendemos também que cabe a nós, exclusivamente, esta busca pelo divino-transcedental. Somente quem busca; encontra. Mas não pense que é uma busca qualquer “a gosto do freguês”, com licença da expressão. Deve ser, antes de mais nada, uma busca de coração extravagante, algo tão apaixonado que converta a atenção de Deus a nós e o constranja a agir em nosso favor. É assim que aprendemos.

Penso que há grande sabedoria nisso tudo. No entanto, há algo que aos poucos foi deixado de lado, e em virtude de influências antropocêntricas, Deus se tornou “alguém-a-ser-caçado” e nós, os caçadores. A partir daí, todo sucesso desta relação entre o humano e o divino, está em nossas mãos. Ou seja: é você que decide, o controle está em suas mãos e você pode (ou não) mover as mãos de Deus.

Temos em virtude deste ensino grande apreço por livros como “Caçadores de Deus” e também por outras literaturas que nos ensinam os caminhos espirituais-devocionais que nos levam a Deus. Gostamos muito também de reuniões espirituais que nos prometem conexões com as realidades metafísicas. Afinal, quem não deseja viver em proximidade com Deus? E quem dentre nós não quer descobrir os “meios” que abrem as portas do céu e tornam possível uma dinâmica relacional e intensa com o divino?

Porém, esta busca pelo divino reflete apenas um lado da moeda, e de acordo com a espiritualidade cristã-judaica, vista da perspectiva cristocêntrica, este lado é a parte mais frágil. E mais do que isso, além de ser a mais frágil, este lado humano apenas subsiste por causa do outro lado, absolutamente mais determinante nesta relação: Deus é caçador do homem. Por isso dizemos “Cão de caça do céu” relembrando a linda poesia de Francis Thompson.

Sim, antes de sermos os caçadores das coisas divinas, Deus é aquele que caça o homem apaixonadamente. Não é verdade que “nós apenas amamos a Deus, porque Deus nós amou primeiro?” (I Jo 4.19). R.M. Gautrey, não gostou do termo “cão de caça”, mas enfim ele se rendeu e disse que Deus é como aqueles esplendorosos cães de caça (collies) que buscam as ovelhas perdidas nas altas montanhas escocesas, a fim de livrá-las dos perigos da morte. É ele que, antes de qualquer ato devocional nosso, para todos seus deveres para procurar a dracma perdida; é Ele que deixa as noventa e nove no aprisco e sai em busca da desgarrada; é Ele que antes de toda a criação foi imolado como cordeiro que tira o pecado do mundo; é Ele que deixou toda sua gloria celestial e veio como luz ao mundo morrer como um maldito na cruz para nos atrair a Ele. Este é a verdadeiro segredo da atração, não a nossa busca por Ele, mas seu eterno amor que nos atrai a sua santíssima presença.

"Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor, e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e lhes dei mantimento." (Oséias 11 : 4)

"Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí." (Jeremias 31 : 3)

John Stott dedicou um capitulo de seu livro “Porque sou cristão?” para exaltar ao Cão de caça do céu, afirmando que foi a caça deste “amante tremendo” que tornou possível sua conversão a Cristo. Assim ele disse: “Jesus nos assegura em suas parábolas que, quer estejamos conscientemente buscando a Deus, quer não, ele com certeza está nos buscando.”

Agostinho em suas "Confissões" também registrou esta caça divina:

"Tu me chamaste, gritaste por mim, e venceste minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor pôs em fuga minha cegueira. Exalaste teu perfume, respirei-o, e agora suspiro por ti. Eu te saboreei, e agora sinto fome e sede. Tocaste-me, e o desejo de tua paz me inflama."


Deus é quem nos busca. Ele mesmo está empenhado em nos guiar em toda verdade e outorgar a nós seus atributos comunicáveis. E somente a partir deste esforço celestial que podemos então buscar a Deus. Por isso, somente o buscamos porque Ele nos buscou primeiro. Esta deve ser a raiz de toda nossa espiritualidade e devoção. Fomos caçados graciosamente de modo tão irresistivel que agora não resta mais nada, senão escolher a melhor parte como fez Maria, e ficar prostrado aos Seus pés.

Se somos de fato cristãos, não é porque tenhamos nos decidido por Cristo, mas porque Cristo se decidiu por nós. É a busca desse “amante tremendo” que nos torna cristãos. (Francis Thompson )

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Desperta, tu que dormes



Texto: Daniel Grubba


A verdadeira mensagem cristã não é alienadora, ao contrário disso, é libertadora; Ela nos liberta de uma vida auto-centrada e egoísta; e uma vez iluminados pela verdade, nada mais fica no mesmo lugar, pois no seio desta anunciação está a boa notícia para o oprimido.

A verdade é que o espírito desta mensagem está em profundo antagônismo a alienação em todas suas matizes e esferas. E isto significa que o verdadeiro evangelho carrega uma mensagem de despertamento de consciências letárgicas, que por sua vez podem ter se tornado letárgicas em virtude de filosofias secularizadas ou sistemas religiosos. E penso que o segundo caso é mais perigoso que o primeiro. Sim, pois prerrogam para si um "carimbo do céu" que supostamente legaliza seu estado de dessensibilização.

Por isso não causa espanto nenhum ver nos evangelhos Jesus chamando a atenção daqueles ultra-religiosos que diziam: "Nós vemos". Ora, se de fato vissem alguma coisa, não seriam repreendidos por Jesus por causa de sua cegueira, e veriam com clareza seu estado de alienação. Portanto à estes Jesus disse: "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece." (João 9 : 41).

Alienação-cegueira a que exatamente?

Alienação em relação a agenda de Deus. E a agenda de Deus é o próximo. E quem é meu próximo? Foi o que perguntou um certo doutor da lei para Jesus, na inútil tentativa de justificar a si mesmo. Jesus disse que o próximo é um homem que descia de Jerusalém para Jericó, foi roubado, ferido e agora está abandonado a própria sorte. E pior do que isso, dependendo da compaixão de sacerdotes e levitas completamente alienados a dor que ele sente, pois são gente que julgam enxergam alguma coisa mas na verdade são cegos. Que tipo de cegos eles eram? Do tipo daqueles que se preocupam com suas atividades religiosas acima de tudo e de todos, e o caído para estes é mais um pecador que merece seu fardo, afinal só um pecador pode estar assim; tão caído.

Ora, quem são os caídos pelo caminho em nosso atual contexto? Se disponha a olhar ao seu redor nos ambientes que você frequenta e você os verá. Ande algumas quadras em seu bairro e ali eles estarão.Você encontrá o nu que não foi vestido, o faminto que não foi alimentado, o prisioneiro que não foi visitado e além deles; o Senhor (Mateus 25.35-46).


Menno Simons, teólogo da reforma, disse: "A fé evangélica verdadeira [...] não pode permanecer adormecida, mas manifesta-se em toda bondade e ações de amor. Ela veste o nu, alimenta os famintos, consola os aflitos, abriga os miseráveis, ajuda e consola todos os oprimidos, retribui o bem pelo mal, serve àqueles que a ferem e ora por aqueles que a perseguem"

Segundo o IPEA, 10% da população mais rica do Brasil detêm 75,4% de todas as riquezas do país. O que o Evangelho que pregamos pensa a respeito disso?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Demônios


Há dois erros semelhantes mas opostos que os seres humanos podem cometer quanto aos demônios. Um é não acreditar em sua existência. O outro é acreditar que eles existem e sentir um interesse excessivo e pouco saudável por eles. Os próprios demônios ficam igualmente satisfeitos com ambos os erros...

C.S. Lewis em Cartas de um diabo a seu aprendiz, p. IX.