terça-feira, 22 de setembro de 2009

O paradoxo da nossa humanidade


Por Daniel Grubba


Todos os seres humanos, sem distinção alguma, carregam dentro de si mesmos uma dimensão existêncial de paradoxos. Para alguns, isto se traduz em angustia e desespero, e para outros é apenas um desafio a ser vencido.


Todos os seres humanos, sem distinção alguma, são feitos a imagem e semelhança de Deus, e paradoxalmente também possuem uma natureza caída e corrompida, o que os teólogos costumam chamar de "consequências do pecado original"

Viktor Frankl, psicanalista vienense e sobrevivente dos campos nazistas de concentração, captou com exatidão este paradoxo de nossa humanidade quando disse que o ser humano "é o ser que inventou as câmaras de gás; mas é também aquele ser que entrou nas câmeras de gás, de cabeça erguida, com uma oração nos lábios"

O pastor e professor John Stott corrobora dizendo que "somos capazes da mais excelente nobreza e da mais baixa crueldade. Somos capazes de nos comportar por um momento como Deus, a cuja imagem fomos criados, e no momento seguinte como bestas, de quem fomos feitos para ser para sempre distintos."

É exatamente este paradoxo, que nos torna capazes de, por exemplo, jogar aviões em prédios, e ao mesmo tempo, adentrar bravamente dentro deles enquanto estão ruindo para salvar vidas.

Este paradoxo abalou as razões dos seres pensantes durante toda história humana. E foi pensando em resolvê-lo, como quem busca saída para contradições, que a filosofia antropológica se debruçou sobre o paradoxo de nossa humanidade e chegou basicamente a duas conclusões distintas. Um de seus entroncamentos mais otimistas, de tendências humanistas, enfatiza a gloria do ser humano e o coloca no centro do universo. A outra via, de orientação existencialista, vai ao extremo oposto, é pessimista e beira ao desespero.

Penso que ambas tradições filosóficas nos ajudam a compreender a dimensão de nossa humanidade, mas nenhuma delas consegue ser tão equilibrada quanto a proposta que somente o cristianismo autêntico estabelece como o realismo radical da Bíblia. "As Escrituras preservam o paradoxo, a saber: a glória e a vergonha de nossa humanidade, nossa dignidade e nossa depravação" diz John Stott.

Não sei quanto a você, mas sou um daqueles que em virtude destes paradoxos interiores, revolve-se em uma dolorosa dialética entre cinzas e glória, entre fraquezas e conquistas. Fico deprimido, angustiado, perco-me em meio as inconstâncias do meu ser e entro em desespero frente aos meus desvios de conduta. No entanto, tenho a absoluta convicção de que serei completamente purificado e absolvido da degradação do meu pecado e viverei a plenitude que só é possível ao novo coração que recebi do Pai.

Porque mais forte que nosso paradoxo, é a oferta revolucionária do Evangelho. Pois Cristo morreu para nos purificar e, pela obra regeneradora de seu Espírito Santo, ele pode nos tornar novos.

7 comentários:

Alex Malta Raposo disse...

Daniel, parabéns pelo texto.

Simplesmente fantástico.

Aproveitando a oportunidade, se não for muita inconveniência da minha parte, gostaria de lhe fazer uma consulta.

Tô querendo personalizar meu blog, mas aqui, em Ilhéus, Bahia, ainda não consegui arrumar alguém para fazer isso.

Na verdade, tô querendo apenas colocar uma faixa (acho que o nome é esse) no alto do blog, como vc fez aqui, no Soli Deo Gloria. Já fiz no Corel, mas não tá ficando legal porque não consegui identificar o tamanho exato que a nova faixa deve ter.

Se vc puder me ajudar, ficarei muito grato.

alexmaltta@gmail.com

vivendooevangelho.blogspot.com

Daniel Grubba disse...

Oi ALex,

Rapaiz...Ilhéus é bom demais...rs..passei por ai quando fui para Itacaré.

Na verdade foi um amigo que fez para mim. Vou te mandar um modelo, e você pega as medidas, ok? Depois te mando no e-mail.

Obrigado pela visita e pelo comentario.

Abraços,
Daniel

Alex Malta Raposo disse...

É...Esta cidade é inigualável...Não é a toa que foi imortalizada pela obra de Jorge Amado. Fico aguardando então.

Tô quebrando a cabeça para fazer isso e nada. O problema tá, na verdade, entre o computador e a cadeira. Rs.

Forte abraço

Jeanne disse...

Daniel, fico embevecida cada vez que leio um texto seu! A lucidez, beleza e verdade impregnadas nos seus artigos me abençoam demais. Oro a Deus que continue levantando arautos como vc, vozes que clamam no deserto em meio a tanta heresia e podridão da igreja dita cristã.

Roberto Vargas Jr. disse...

Daniel, belo texto, meu caro!
Sobre a proposta do pensamento humanista, secular e cristã, fiz um estudo para a faculdade e publiquei no meu blog. Se quiser conferir: Humanismo: Renascença e Reforma. Ah, e este post complementa este estudo: O homem está no controle!.

Grande abraço, no Senhor,
Roberto

Daniel Grubba disse...

Oi Jeanne,

Fiquei muito feliz com seu comentário; É como na foto: uma rosa em meio a uma via de concreto. São tantas críticas, preconceitos, desdéns, acusações, que um elogio como o seu, nos dá forças para continuar anunciando o evangelho da graça de Deus.

Obrigado, de coração.

Deus abençoe,
Daniel

Daniel Grubba disse...

Oi Roberto,
Vou ler seus textos.

É muito bom podermos trocar estas figurinhas. Assim, aprendemos muito uns com os outros.

Abração,
Daniel

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