sábado, 31 de janeiro de 2009
Mentiras do "evangelho da prosperidade"
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
O contraste entre Wesley e os pastores capitalistas
7 características das igrejas que cometem abuso espiritual
2) Autocratic Leadership (liderança autocrática): discordar do líder é discordar de Deus. É pregado que devemos obedecer ao ditador, digo discipulador, mesmo que este esteja errado. Um dos "bispos" de uma igreja diz que se jogaria na frente de um trem caso o "apóstolo" ordenasse, pois Deus faria um milagre para salvá-lo ou a hora dele tinha chegado. A hierarquia é em forma de pirâmide (às vezes citam o salmo 133 como base), e geralmente bastante rígida. Em muitos casos não é permitido chamar alguém com cargo importante pelo nome, (seria uma desonra) mas sim pelo cargo que ocupa, como por exemplo "pastor Fulano", "bispo X", "apostolo Y", etc. Alguns afirmam crer em "teocracia" e se inspiram nos líderes do Antigo Testamento. Dizem que democracia é do demônio, até no nome.
3) Isolationism (Isolacionismo): o grupo possui um sentimento de superioridade. Acredita que possui a melhor revelação de Deus, a melhor visão, a melhor estratégia. Eu percebi que a relação com outros ministérios se da com o objetivo de divulgar a marca (nome da denominação), para levar avivamento para os outros ou para arranjar publico para eventos. O relacionamento com outros ministérios é desencorajado quando não proibido. Em alguns grupos no louvor são tocadas apenas músicas do próprio ministério.
4) Spiritual Elitism (Elitismo espiritual): é passada a idéia de que quanto maior o nível que uma pessoa se encontra na hierarquia da denominação, mais esta pessoa é espiritual, tem maior intimidade com Deus, conhece mais a Biblia, e até que possui mais poder espiritual (unção). Isso leva à busca por cargos. Quem esta em maior nível pode mandar nos que estão abaixo. Em algumas igrejas o número de discipulos ou de células é indicativo de espiritualidade. Em algumas igrejas existem camisetas para diferenciar aqueles que são discípulos do pastor. Quanto maior o serviço demonstrado à denominação, ou quanto maior a bajulação, mais rápida é a subida na hierarquia.
5) Regimentation of Life (controle da vida): quando os líderes, especialmente em grupos com discipulado, se metem em áreas particulares da vida das pessoas. Controlam com quem podem namorar, se podem ou não ir para a praia, se devem ou não se mudar, roupas que podem vestir, etc. É controlada inclusive a presença nos cultos. Faltar em algum evento pro motivos profissionais ou familiares é um pecado grave. Um pastor, discípulo direto do líder de uma denominação, chegou a oferecer atestados médicos falsos para que as pessoas pudessem participar de um evento, e meu amigo perdeu o emprego por discordar dessa imoralidade.
6) Disallowance of Dissent (rejeição de discordâncias): não existe espaço para o debate teológico. A interpretação seguida é a dos lideres. É praticamente a doutrina da infalibilidade papal. Qualquer critica é sinônimo de rebeldia, insubmissão, etc. Este é considerado um dos pecados mais graves. Outros pecados morais não recebem tal tratamento. Eu mesmo precisei ouvir xingamentos por mais de duas horas por discordar de posicionamentos políticos da denominação na qual congregava. Quem pensa diferente é convidado a se retirar. As denominações publicam as posições oficiais, que são consideradas, obviamente, as mais fiéis ao original. Os dogmas são sagrados.
7) Traumatic Departure (saída traumática): quem se desliga de um grupo destes geralmente sofre com acusações de rebeldia, de falta de visão, egoismo, preguiça, comodismo, etc. Os que permanecem no grupo são instruídos a evitar influências dos rebeldes, que são desmoralizados. Os desligamentos são tratados como uma limpeza que Deus fez, para provar quem é fiel ao sistema. Não compreendem como alguém pode decidir se desligar de algo que consideram ser visão de Deus. Assim, se desligar de um grupo destes é equivalente a se rebelar contra o chamado de Deus. Muitas vezes relacionamentos são cortados e até familias são prejudicadas apenas pelo fato de alguém não querer mais fazer parte do mesmo grupo ditatorial.
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Ronald M. Enroth, americano, sociólogo da religião, que escreveu um livro a respeito do abuso espiritual (Churches that abuse), após horas e mais horas de depoimentos de ex-membros da Jesus People USA, um grupo religioso dos EUA
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Igreja como ambiente de cura e restauração
"Quanto potêncial enorme de cura existe dentro da comunidade dos adoradores. Só podemos experimentar a compaixão e a aceitação incondicional de Jesus Cristo quando nos sentimos valorizados e acolhidos por outros - então é a própria família da igreja que efetua a cura do ódio a si mesmo para divorciados, viciados em álcool, malandros e delinquentes carregados de desordens emocionais e mentais. A qualidade de uma presença cristã na congregação - seu relacionamento não somente com Deus, mas com seus irmãos e irmãs - é aquilo que Paulo quis dizer com "reconhecer o Corpo". A cordialidade e a afabilidade do cristão, a atitude que não condena, o amor receptivo pode muito bem ser o catalizador que permita ao poder de cura de Jesus se tornar eficaz na vida alienada ou desamparada de um irmão ou irmã. Esse casamento cativante entre adoração e vida ritualizada a mesa da comunhão de Jesus com os pecadores, traz cura e restauração a toda a comunidade".
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Igreja: Indústria ou Atelier?
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Os neo-profetas da paz
Vejam abaixo este e-mail profético da vitória.
Disse, pois, Jeremias, o profeta: Amém! Assim faça o SENHOR; confirme o SENHOR as tuas palavras, que profetizaste, e torne ele a trazer os utensílios da casa do SENHOR, e todos os do cativeiro de Babilônia a este lugar. Mas ouve agora esta palavra, que eu falo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo:
Os profetas que houve antes de mim e antes de ti, desde a antiguidade, profetizaram contra muitas terras, e contra grandes reinos, acerca de guerra, e de mal, e de peste. O profeta que profetizar de paz, quando se cumprir a palavra desse profeta, será conhecido como aquele a quem o SENHOR na verdade enviou.
O "evangelho da saúde perfeita" e a culpa dos doentes
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Apologética e o judaísmo / Parte III
...um antigo etos de demonstração havia muito estabelecido na tradição do Antigo Testamento. Dos milagres de Moises na corte de faraó (Ex 7), passando pela disputa de Elias como os profetas de Baal (1 Rs 18), até o próprio Deus chamando seus oponentes para “exporem a sua causa” e “apresentarem as suas provas” (Is 41.21) havia um padrão divino já estabelecido bem antes de Jesus entrar em cena[1].
O Antigo Testamento também faz amplo uso da apologética em sua composição literária-histórica. Isto mostra claramente que a antiga religião judaica foi assediada por influências pagãs do mundo circundante e teve que aprender a defender a originalidade de sua fé. Muitos acreditam que não podemos ver a religião de Israel como um sistema fechado, livre das influências religiosas, filosóficas e sócio-culturais de sua época. Um defensor fervoroso desta visão chama-se Werner H. Schmidt, trata-se de um teólogo alemão expoente da alta crítica histórico-literária que pesquisou a relação entre a história e teologia do Antigo Testamento. Ele afirma:
Diversas influências fizeram que surgissem elementos novos; ainda assim, o termo “sincretismo” não apreende suficientemente esse fenômeno. A adoção de material estranho é um processo sumamente crítico, que encerra seleção e transformação, revelando assim uma confrontação: coisas incompatíveis são rejeitadas[2] [...] Por conseguinte, a adoção de ideário estrangeiro não acontecia de modo nenhum em termos globais, mas era um processo extraordinariamente crítico, que, por isso se torna testemunho do conflito de Israel com as religiões ao seu redor[3].
No primeiro livro da bíblia temos um exemplo clássico de como funcionava esta revisão crítica dos escritores do AT. Não cabe discutir quem foi o autor, mas o fato é que ele teve muita perícia ao confrontar certos aspectos míticos da criação da sua época logo nos primeiros capítulos de Gênesis. A epopéia babilônica da criação conhecida como Enuma elish[4] era um mito bastante comum no mundo antigo, e comparando com a criação de Gênesis, apesar das semelhanças, existe um confronto claro entre as cosmogonias israelitas e babilônicas. A fé em Javé sempre sobressai quando comparado ao panteão de deuses pagãos.
Período interbíblico
De fato, toda a literatura judaico helenística, da época da Septuaginta até Josefo ao final do primeiro século d.C., tinha como alvo a condenação da idolatria, principalmente através de ridicularizacões, e a defesa do Judaísmo contra as intromissões de tal influencia pagã[5].
Oskar Skarsaune, doutor em teologia, professor de patrística e história da igreja primitiva pesquisou alguns pedaços e fragmentos da rica literatura judaica que foram dedicadas à refutação do paganismo. Na verdade são escritos preservados, ou fragmentos de escritos que vai do período de 200 a.C. a 100 d.C. Para Oskar Skarsaune estes escritos podem ser considerados como legitima apologética judaica. Entre estes escritos se encontram:
Sabedoria de Salomão é refutação judaica clássica do culto aos ídolos. Carta de Aristeas conta a historia da tradução da Septuaginta e ao mesmo tempo é um documento que tece elogios a Tora e a excelência da lei mosaica. Contra Flaco e Mensagem a Gaio de Filo de Alexandria narra a historia da perseguição em Alexandria e sua jornada para Roma como líder de uma delegação judaica. Num sentido mais amplo, todos os livros de Filo podem ser considerados apologéticos e missionários dedicados à defesa do judaísmo. A obra de Josefo Contra Apion é uma defesa hábil do judaísmo e Historia dos Hebreus também pode ser considerada apologética[6].
Oskar Skarsaune acredita que os discípulos diretos de Jesus e seus primeiros seguidores encontraram dentro do território espiritual dos judeus uma batalha vencida contra o paganismo em virtude os esforços dos apologistas judeus. Ele diz que:
O paganismo é, em grande parte, um fenômeno distante, presente o tempo todo nas imediações das comunidades, porem não constituía ameaça ou desafio porque os cristãos a haviam abolido, em larga medida, mesmo antes de se tornarem cristãos [...] A verdadeira ameaça vinha de outra parte: das várias distorções da doutrina bíblica, de facções e falsas ambições entre os próprios cristãos[7].
[1] William L. Craig & J.P Moreland, Ensaios Apologéticos, p.45, 46.
[2] Werner H. Schmidt, A fé no Antigo Testamento, p.21.
[3] Idem, p. 271.
[4] A epopéia babilônica Enuma Elish atribui a criação ao deus Marduque que ao vencer a deusa do mar Tiamat, forma da metade superior desta o céu e da inferior da terra. Os homens foram criados com o sangue divino.
[5] David S. Russel, Entre o Antigo e o Novo Testamento, p. 13.
[6] Oskar Skarsaune, A sombra do templo, p.231.
[7] Idem, p.231.
sábado, 10 de janeiro de 2009
Apologética é necessária? Parte II
...Santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam com mansidão e respeito...
Estes versículos nos mandam estarmos prontos para responder aqueles que nos questionarem coisas da nossa fé em Jesus. Uma má comunicação do evangelho pode ser uma grande frustração para cada um de nos, principalmente quando não estamos preparados.
Este mandamento também tem haver com nossa tarefa de evangelismo. Para evangelizarmos devemos nos apropriar da tarefa apologética destruindo argumentos. Em 2Co 10.4b,5 diz que devemos:
...destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.
É interessante notar que a defesa da fé é uma ênfase da teologia de Paulo. Em Filipenses 1.7 ele faz alusão a sua missão de “defesa e confirmação do evangelho”. No versículo 16 ele ainda diz: “aqui me encontro para a defesa do evangelho”. Não é exagero dizer que o sucesso apostólico de Paulo estava ligado a sua paixão de defender o evangelho de Jesus Cristo, perante um mundo mergulhando no paganismo politeísta, na intenção de ganha-los para o reino de Deus. No pequeno livro de Judas também encontramos uma referência clara ao dever da apologética, no verso 3 diz:
Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé de uma vez por todas confiadas aos santos.
Em Tito 1.9 encontramos o ministério apologético como uma obrigação da liderança eclesiástica. O bispo deveria ser “apegado firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela”.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
A importância da apologética / Parte I
Durante o decorrer de 2007/2008 dediquei um bom tempo ao estudo da apologética. Aprofundei meu conhecimento nesta área e mergulhei neste universo de temas tão abrangentes. Porem algo chamou minha atenção enquanto estudava e compartilhava minha experiência com outros crentes: a visível falta de profundidade dos cristãos em geral no que se refere à defesa de sua fé. O teólogo R.C Sproul chama este período de o mais antiintelectual da história da igreja.
...o maior perigo que o cristianismo evangélico enfrenta é o antiintelectualismo. Em suas esferas mais importantes e profundas a mente não tem recebido a atenção devida. [...] Quem, entre os evangélicos, pode se opor aos grandes estudiosos secularistas, naturalistas ou ateus no nível de erudição deles? [...]Será necessário um espírito totalmente diferente para vencer esse grande perigo do antiintelectualismo.
William L. Craig, professor de pesquisas em filosofia na Talbot School of Theology (Biola University) e autor de diversos livros e artigos sobre filosofia e apologética, transparece sua preocupação com a falta de responsabilidade intelectual, quando diz:
O cristão comum não percebe que há uma guerra intelectual em andamento em nossas universidades, nas revistas especializadas e nas associações de pesquisadores. O Cristianismo esta sendo atacado de todos os lados como irracional ou antiquado, e milhões de estudantes, nossa próxima geração de lideres, absorveram esta perspectiva.
Exista ainda um outro motivo para nos preocuparmos ainda mais; O antiintelectualismo tem ceifado muitos jovens cristãos que são bombardeados intelectualmente ao entrarem nas universidades por um emaranhado de filosofias e conceitos anticristãos. Craig relata que em suas palestras nas igrejas por todo a solo americano algo tem chamado sua atenção:
Quando falo em igrejas por todo o país, sempre encontro pais cujos filhos abandonaram a fé porque não havia ninguém na igreja que podia responder as suas perguntas. Por amor aos nossos jovens, precisamos desesperadamente de pais informados e preparados para encarar as questões no nível intelectual.
A verdade é que o evangelicalismo de hoje ataca a intelectualidade como ataca um ídolo pagão. A ênfase sustentadora da fé não é mais a Escritura, mas as experiências subjetivas e “místicas”. Menno Simons, o mais importante líder do ramo anabatista da reforma radical, desaprovava a teologia misticista pois esta era usada como um pretexto para desobedecer à palavra escrita de Deus. Ele costumava dizer: “Não sou nenhum Enoque”, “não sou nenhum Elias”. Não sou alguém com visões [...] ou inspirações angelicais.
Em 1756, John Wesley pregou um discurso à um grupo de homens que se preparavam para o ministério e os exortou a adquirir habilidades intelectuais em áreas diversas do conhecimento humano para que assim pudessem argumentar com um pouco mais de competência. Em outro momento, Wesley usou uma de suas freqüentes correspondências para exortar um liderado intelectualmente desestimulado. “Seus dons de pregador” escreveu à um deles, “não melhoraram; são iguais a sete anos atrás; você possui vida, mas não profundidade; há alguma monotonia em sua mensagem; não há amplidão de pensamento. Somente a leitura diária pode remediar isso, combinada com meditação e a oração. Você causa a si próprio graves prejuízos ao omitir tais coisas. Sem elas, você nunca chegara a ser um pregador profundo, e nem sequer um cristão completo”.
Mateo Lelièvre, biografo de João Wesley, após estudar o método de disciplina aplicado por João Wesley no Metodismo, descobriu que uma das principais preocupações, além da vida religiosa, era a cultura intelectual de seus cooperadores:
Desde as primeiras conferencias estabeleceu um plano de estudos e leituras sistemáticas [...] recomendava-lhes que se levantassem as quatro da manha, conforme ele mesmo fazia, para que tivessem tempo de estudar sem descuidar se suas obrigações pastorais.
Oxalá o conselho de I Pedro 3.15 que nos exorta a estarmos preparados para responder aos que nos questionam coisas concernentes a nossa fé, fosse absorvido pelos cristãos de hoje em dia. O fato é que precisamos acordar para os perigos da falta de preparo frente aos freqüentes e cada vez mais ferozes ataques ao cristianismo. É necessário um preparo adequado para combatermos a acelerada proliferação das seitas e heresias. O renomado apologista e pesquisador Jan karel Van Baalen afirma em tom de exortação:
A resposta escolar “eu sei, mas não sei explicar”, engana somente o estudante. Se não soubermos responder ao argumento do sectário é porque não dominamos os fatos. É nosso conhecimento inadequado que nos obriga a abandonar o campo derrotados, desonrando o Senhor.
É interessante que neste aspecto a reforma também foi instrumento de alerta para a igreja de Cristo. O próprio Lutero, apesar de não ser um apologista, se envolveu em calorosos debates acerca da sã doutrina, e ele mesmo disse:
Se não existissem as seitas, pelas qual o diabo nos despertasse, tornar-nos-íamos demasiadamente preguiçosos e dormiríamos roncando para a morte. A fé e a palavra de Deus seriam obscurecidas e rejeitadas em nosso meio. Agora, essas seitas são para nos como esmeril, para nos polir; elas nos amolam e estão lustrando a nossa fé e a nossa doutrina, para se tornarem limpas como um espelho brilhante. Também chegamos a conhecer Satanás e seus pensamentos e seremos hábeis em combatê-lo.
Minha esperança é um dia poder contribuir e servir a amada noiva do cordeiro no serviço apologético, não somente com palavras, mas principalmente com atitudes que revelem nosso Senhor Jesus a um mundo envolvido por um véu de cegueira.
William L. Craig, A veracidade da fé cristã, p. 12
Timothy George, Teologia dos Reformadores
Mateo Lelièvre, João Wesley sua vida e obra.
Bíblia apologética
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Cruzada contra a Teologia da Prosperidade
Porque a Teologia da Prosperidade é tão atrativa?
No século XV, Tomás de Kémpis, monge e escritor místico alemão, deixou registrado algo muito interessante sobre este "evangelho das portas largas", em uma das obras de maior influência no cristianismo, "Imitação de Cristo". Vejamos o que ele tem a dizer:
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Genocídio cananeu (Js. 6.21) - Parte II
Controlador mesquinho, injusto e intransigente; genocida étnico e vingativo, sedento de sangue; perseguidor misógino, homofóbico, racista, infanticida, fifícida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista, malévolo.
Em segundo lugar, porque uma má compreensão destes registros veterotestamentários pode levar o intérprete a um caminho perigoso de liberalismo teológico. Muitos são os teólogos que vêem no genocídio cananeu e em outros textos violentos, um erro irreparável, distante de qualquer justificativa razoável. C.S. Cowles, professor na Point Loma Nazaré University é um deles. Ele confessa dizendo:
Se crermos que Jesus realmente é a “imagem de Deus” (Cl 1.15), então, temos de resistir a qualquer tentativa de defender as ordens genocidas do AT como expressão da vontade e do caráter de Deus. Uma vez que Jesus já veio, não temos obrigação de justificar o que não pode ser justificado e só pode ser descrito como anterior a Cristo, inferior a Cristo e contrário a Cristo.
Será que o genocídio cananeu é realmente injustificável? Esta “limpeza étnica” é um ato divino ou diabólico como C.S. Cowles parece dizer? Existe uma hermenêutica que nos ajude a dar uma resposta plausível para ateus, teólogos liberais e cristãos de um modo geral?
Em terceiro lugar, porque uma má interpretação destas passagens pode levar a uma contextualização perigosa e em alguns casos, pode gerar violência, contrariando completamente o espírito pacífico do cristianismo. As cruzadas, a santa inquisição e o julgamento das feiticeiras de Salem são apenas alguns exemplos de como a hermenêutica pode ser guiada por leis subjetivas e perniciosas.
Stanley Grundry, Deus mandou matar.
Alister Macgrath, O delírio de Dawkins.
Cansei da Teologia da Prosperidade
Por Leonardo G. Silva – Th.M
Desde que comecei a minha militância cristã, tenho tido muitos choques com alguns adeptos da teologia da prosperidade. Com a promessa de riquezas, carros mansões e de uma saúde de ferro, os pastores adeptos desse movimento iludem os “fiéis” manipulando-os ao seu bel prazer.
È muito interessante notar que nos círculos da heresia da prosperidade, a benção do crente sempre está relacionada a algum tipo de sacrifício financeiro: o famoso “toma lá, dá cá”. Deus, nesse sistema teológico mercantil, é uma espécie de banco de crédito: Você dá o dinheiro pra ele, para depois receber o investimento de volta com juros e interesses.
Muitos adeptos dessa teologia são tele-pastores e tele-evangelistas que vivem pedindo dinheiro para manter um programa no ar. O programa deles está sempre fechando as portas por falta de patrocínio, mas a verdade é que esses programas levam anos no ar e nunca fecham. Seria um milagre? Sim, talvez o milagre da multiplicação de marionetes, de novos parceiros-fiéis, socios-contribuintes do Show (da exploração) da Fé.
Acho que o que esses tele-pastores precisam, além dum bom óleo de peroba para passar na cara, é de uma aula de cristianismo bíblico. Se esses homens lessem a Bíblia, saberiam que Jesus nasceu num estábulo emprestado, proferiu suas pregações num barco emprestado, montou num jumento emprestado, recolheu o que sobrou dos pães e peixes num cesto emprestado e foi sepultado em um túmulo emprestado. Só a cruz era dele.
Pedro e João, quando subiam ao templo para orar foram interpelados por um mendigo coxo que pedia esmolas. Pedro disse àquele coxo: “não tenho ouro nem prata”. Creio que naquele dia o mendigo era mais próspero financeiramente do que Pedro, pois é possível que ele estivesse esmolando ali há algum tempo. Contudo, Pedro e João tinham algo que aquele mendigo coxo não possuia: “Mas o que tenho, isso te dou...”
Cada vez que leio a narrativa de Atos dos Apóstolos, fico ainda mais revoltado com o que os modernos pastores estão fazendo com o cristianismo. Nos tempos do cristianismo primitivo, ser pastor significava transformar-se em alvo. Eles eram os primeiros a morrer em tempos de crise e perseguição. Hoje é diferente: ser pastor significa ter status. E os crentes? Estes eram humilhados, aprisionados e açoitados, lançados às feras; outros eram icinerados vivos na ponta de uma estaca para iluminar os jardins do imperador. Vejo isso e me pergunto onde está a prosperidade desses homens? Onde está a promessa de riqueza na vida deles? Será que eles não eram crentes? Sim, o eram. E em maior proporção que muitos de nós, que em meio à comodidade e ao luxo nos esquecemos de incluir Deus na nossa agenda diária.
E não é só na igreja primitiva que encontramos esses exemplos não: e o que dizer dos crentes de aldeias paupérrimas da África, que padecem das coisas mais necessárias e comuns? Crentes que fazem uma só refeição por dia e ainda agradecem a Deus pelo pouco que têm. Será que eles são amaldiçoados? Será que a promessa de prosperidade não se estende a eles? Quanta hipocrisia!
Quando ouço falar de pastores presidentes que ganham 100 salários mínimos e de telepastores cuja renda mensal ultrapassa a soma de 1 milhão de reais, ou ainda de salafrários que constroem mansões de mármore importado em Campos do Jordão, meu coração entristece ao ver o quanto nos distanciamos daquele cristianismo bíblico, saudável, puro e simples, que não promete riquezas na terra, mas garante um tesouro no céu.
Definitivamente não posso compactuar com essa corja de ladrões, vendilhões do templo e comerciantes da fé. Não posso concordar com essa doutrina diabólica e anti-cristã que transforma o evangelho em uma empresa religiosa, em uma sociedade onde o distintivo do crente não é o amor, mas a folha de pagamento do “fiel”. Não consigo deixar de odiar esse sistema porco, imundo, onde o nome de Jesus é usado para ludibriar os ingênuos. Também não posso deixar de desmascarar esses falsos mestres, discípulos de Balaão, que por causa da paixão pelo vil metal vão além dos limites bíblicos e profetizam o que Deus não mandou. Minha alma é protestante, e por isso não posso calar. Sei também que há exceções, e que há muitos pastores que são sérios e não mercadejam a fé, mas acaso não são as exceções a confirmação de uma regra?
domingo, 4 de janeiro de 2009
O Genocídio cananeu (Js. 6.21) - Parte I
[1] Pode ser entendida como uma luta, mediante vontade pessoal, de se buscar e conquistar a fé perfeita. Ao contrário do que muitos pensam, jihad não significa "Guerra Santa", nome dado pelos Europeus às lutas religiosas na Idade Média.
[2] Stanley Gundry(editor), Deus mandou matar? p.7.