domingo, 30 de agosto de 2009

Manter a mente aberta

Charles Finney (1792-1875)


Ainda não consegui esteriotipar minhas opiniões teológicas e parei de pensar consegui-lo um dia. A idéia é absurda. Nada, senão um intelecto onisciente, pode continuar mantendo uma identidade precisa de concepções e opiniões. Mentes finitas, a menos que adormecidas ou entorpecidas por preconceitos, devem avançar no conhecimento.

A descoberta de uma nova verdade modificará concepções e opiniões antigas, e talvez esse processo não tenha fim em mentes finitas, qualquer que seja o mundo. A verdadeira coerência cristã não consiste em estereotipar nossas opiniões e concepções e em recursar-nos a fazer qualquer progresso para não sermos acusados de mudança, mas consiste em manter a mente aberta para receber os raios da verdade por todos os lados e em mudar nossas opiniões, linguagem e prática na frequência e na velocidade com que conseguimos obter informações complementares.

Chamo-o de coerência cristã porque só essa trilha está de acordo com uma confissão cristã. Uma confissão cristã implica a confissão de uma sinceridade e de uma disposição de conhecer toda a verdade e obedecer a ela. Deve-se seguir que a coerência cristã implica investigação contínua e mudança de opinião e prática em correspondência ao conhecimento crescente.

Nenhum cristão, portanto, e nenhum teólogo deve temer uma mudança em suas concepções, linguagem ou práticas em conformidade com a luz crescente. A predominância desse temor manteria o mundo no mínimo numa imobilidade perpétua, e todos os objetos da ciência e, por conseguinte, todos os aperfeiçoamentos tornar-se-iam impossíveis.

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Charles Finney (1792-1875) em Teologia Sistemática, p.24.

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Comentário: Não sei quanto a vocês, mas quando eu li esta reflexão de Finney, eu lembrei daquela canção do Raulzito que dizia: "Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Nunca gostei da Raul, era muito louco para minha lucidez, mas há uma sabedoria no que ele cantou se analisarmos o tanto de gente que está presa a dogmas e tradições humanas julgando ser mandamento de Deus. E o pior é que estão alicerçados na firmeza da areia, acreditando de todo coração que estão na rocha.

Li em algum lugar um dia desses que o problema não está na constante mudança de idéias, mas na falta de idéias para que possa haver uma possível mudança.

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