segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A igreja também precisa de teólogos?


Por Lourenço Stelio Rega

Tendo em vista nossas raízes ligadas na outra América, herdamos o foco de pragmatizarmos o ministério e a vida da igreja, acreditando que a igreja é o reino de Deus e, pior ainda, acreditando que o Cristianismo se resume em atividades eclesiásticas. Creio que essa seja a principal causa de se levantar a questão “formar pastores ou teólogos?” Como já expliquei, não há como formar pastores ou ministros sem dar-lhe conteúdo teológico. É como ensinar um médico a aplicar injeção, sem dar-lhe o conteúdo (medicamento que vai na seringa).

Por outro lado, a igreja, que tem sido transformada num fim em si mesma, parece-me que tem se tornado num gueto de fim de semana ou um instrumento “fabril” de manufaturar convertidos. Mas Jesus nos deixou a missão de sermos sal da terra e luz do mundo, portanto a igreja (como instituição e como membrezia) precisa ser expressiva em seu entorno, como os cristãos primitivos que onde passavam “transtornavam” o ambiente não apenas com a pregação (kerygma), mas com a sua comunhão (koinonia) manifesta e a vida de seus membros (matyreo – testemunhas de vida e não apenas de pregação ou palavra). Uma boa parte das igrejas já não cumprem mais este papel. Como ser sal da terra e luz do mundo sem compreender o próprio mundo, o espírito de época, as forças ideológicas que governam as pessoas e o mundo?

O papel dos teólogos

Aqui entra o papel dos teólogos – interpretar o mundo à luz da Palavra de Deus e encontrar respostas para que as igrejas possam ser como que a “encarnação” de Cristo em seu entorno. Mas o que tem acontecido com os teólogos?

1- Isolados

Ou eles estão isolados nos seminários ou entrincheirados. Os primeiros descobriram que seu discurso não tem efeito nas igrejas, então, preferiam se “isolar no mosteiro” e o seu relacionamento mais forte acaba sendo no meio editorial.

2- Entrincheirados

O segundo grupo (os da trincheira), acabam se amargurando pela rejeição que sofrem dos líderes-práticos, que acabam se tornando críticos-ácidos contra as igrejas e denominação. Se entrincheiraram transformando seu ministério-magisterial numa ação belicosa. Precisamos conquistar os primeiros para que possam servir às igrejas e orar pelos segundos para que revejam suas prioridades e estratégias.

3- Servos atuantes

Recentemente os pastores de São Paulo precisaram se manifestar sobre a homofobia e o infanticídio indígena. Nos pediram socorro e pudemos produzir manifestos que foram publicados e encaminhado às autoridades. São os teólogos à serviço da igreja, dando-lhe suporte para reagir a este mundo sem Deus.

Enfim, em vez de considerar componentes antagônicos ou nutrir preconceitos, desafio você a repensar a pergunta inicial considerando o que aqui foi possível propor. Um abraço a todos – pastores e teólogos.

***
Lourenço Stelio Rega, Mestre em Teologia, Mestre em Teologia, Mestre em Educação, Doutor em Ciências da Religião; diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo

2 comentários:

joão Inacio disse...

Meu antigo convivio social me mostrava teólogos como ET's, ou excluidos da vida cristam prática, ou eles mesmos se comportavam como pessoas mais elevadas(isso não era falado, mais sentido). E estou falando de uma Igreja que o Pastor é um mestre e que formava outros mestres(acho que me encaixo nesses)... Queria saber se vc já passou por algo assim ou já viu.

Daniel Grubba disse...

Oi João,

A idéia que tinha de teólogos era bem depreciativa. Quando ouvia a palavra "teólogo" me vinha mente alguém crítico, questionador, e mais que isso; sem vida com Deus.

Descobri duas coisas:

1) existe de fatos teólogos sem Deus. Mas isso não é nada, se lembrarmos que há "crentes" sem teologia e sem Deus. Tem gente que se perde com teologia e outrs se perdem sem teologia.

2) Quando comecei estudar a vida dos grandes herois da fé (Huss, Lutero, Calvino, Wesley, Edwards, Spurgeon Finney, etc) descobri que todos eram teólogos, e mais do que isso; servos do Deus Altíssimo que adoravam a Deus e serviam o próximo incluvive com a teologia. Tambem vim a conhecer neste ultimos anos pessoalmente pastores-teólogos e teólogos-pastores cheios do Espírito Santos, piedosos, apaixonados por Jesus.

Tudo isto me ajudou a compreender a importância da teologia, e sua relevância para os dias que vivemos, dias de "profunda crise doutrinária".

Deus abençoe e que Ele nos dê a graça de buscarmos o Reino em primeiro lugar.

Abraços,
Daniel

Postar um comentário