quinta-feira, 2 de abril de 2009

O escambo nos mocambos espirituais



Escambo.
Prática antiga que consiste na troca direta de bens ou mercadorias.
Mocambo sm. Habitação miserável.

Cerca de dois milênios após a vinda de Cristo na terra, o ser humano parece que ainda não assimilou a razão desse evento e promove uma das realidades mais trágicas da era cristã. E pasmem, a tragédia é originada pelos cristãos.

Nunca a igreja cristã teve total condição de ser o que não é. Nunca a igreja cristã com o tanto que tem fez tão pouco. Nunca a igreja cristã promoveu tanto o que de fato não é. A avareza corporativa e o pragmatismo estrutural da igreja tem alcançado outros espaços e encontra guarida também no coração dos fiéis, fazendo com que as práticas que Cristo combatia em seu tempo sejam hoje praticadas em nome dele.

Existe nos ambientes eclesiásticos uma distorção clara das palavras de Jesus. Os temas do sermão da montanha como o desapego às ilusões dessa vida, o amor ao próximo, a total confiança em Deus, tem sido trocados por mensagens superficiais que não se preocupam com a integralidade da vida humana, mas apenas corrobora para o egocentrismo “cristangélico”. A igreja chegou na pós-modernidade perdendo o seu sentido de existência.

Perdeu-se o seu papel pedagógico, de ensinar com verdade a Verdade, perdeu-se também o seu papel terapêutico, de desenvolver o interesse das pessoas para um relacionamento sincero e sem culpas com Deus. Dessa forma, um lugar que poderia ser o melhor lugar para a convivência de homens e mulheres, está se tornando um espaço trágico para a vida humana.

Por isso tais espaços tornam-se mocambos espirituais e fazem ressurgir a mais antiga das práticas comerciais, o escambo, que negocia e mercadeja “as bênçãos” de consumo. É absurdo como negociam tão facilmente o divino nos espaços sagrados, assim como tentam profanar o que é santo (como se isso fosse possível). Esse sistema primitivo, coisifica, ridiculariza e desumaniza os seus integrantes.

Diante disso, lembro-me da passagem de João 2.15, onde Jesus prepara um azorrague para expulsar os cambistas do templo. Jesus sempre foi misericordioso e compassivo com os pecadores, e assim também devemos ser. Mas a relação com os fariseus e dominadores não era tão branda. Ele sempre combateu o sistema opressor, corrupto e injusto do seu tempo, e como ele é Senhor do tempo, não seria diferente em nossos dias, essa é a nossa esperança.


Ivan Cordeiro, 26 anos, é administrador, teólogo e MBA em Liderança pela Faculdade Teológica Sul Americana, de Londrina, PR. É também idealizador do site Bom Líder (www.bomlider.com.br).

Fonte: www.ultimato.com.br

Um comentário:

Daniel Marinho disse...

A própria cobiça do povo alimenta esse sistema na igreja onde o mundo ($) é valorizado.

Que pelo menos 7.000 não se prostem a Baal, ou melhor Mamom ... e que eu seja um deles, rs!

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