sexta-feira, 26 de junho de 2009

O ser humano na visão dos filósofos


Ontem (25/06) tive o grande privilégio de assistir uma palestra com o filósofo e professor da PUC, Luis Felipe Pondé (foto), que abordou o tema "O ser humano na visão dos filósofos".


Para poder definir ou apresentar definições acerca do gênero humano, Pondé começou o discurso abordando o nascimento da Filosofia Ocidental ainda na antiga Grécia e o contexto de seu aparecimento. Segundo o filósofo da PUC, a filosofia como a entendemos hoje, nasceu porque alguns resolveram pensar sistematicamente acerca das questões mais elementares: De onde viemos? Porque existimos? E para onde vamos? No entanto, a mitologia e os poetas trágicos já tinham estabelecido as respostas mediante as narrativas mitológicas. O que então fizeram estes pensadores pré-socráticos? Assumiram uma postura negativa diante da mitologia e passaram a dizer: Não, não queremos estas respostas mitológicas, vamos procurá-las mediante a razão somente. Começa então a filosofia e a busca pela essência da existência sem o aparato mitológico. Segundo Pondé, a filosofia é uma tradição que surge na Grécia (conceito histórico).

O que é ser humano? Podemos defini-lo ou não?

As respostas são intermináveis, portanto é mais fácil narrar o ser humano dizendo: Ser humano é "tipo gente que nem nós", é um ser questionador com sede de saber, e um sujeito que vive na história.

A definição aristotélica é interessante pois postula em diferenciação. Ou seja, existe a alma vegetativa (plantas), alma sensorial (animais) e alma intelectual (homem racional). E o último é inerente apenas a nós, portanto humano por definição é um ser racional.

Mas afinal de contas, de onde viemos?

Pondé discorreu de forma brilhante as principais variáveis elaboradas ao longo da história, desde os pré-socráticos até os pensadores modernos. E colocou todos no auditório em uma grande aporia ou em um impasse que desassossega. Posto que, não há uma resposta definitiva, mas tentativas que vem de todos os lados e tradições, sejam elas religiosas ou não.

Onde está, no entanto, a razão de pensarmos filosoficamente acerca do homem?

De acordo com Pondé, a filosofia contribui na evolução do homem e no seu processo de crescimento-amadurecimento. Pois segundo ele, a filosofia ousou dizer a raça humana que o homem não está aprisionado pelo destino dos deuses da mitologia (sempre irritados e inconstantes) conforme as antigas tradições, e que pode assim contribuir na construção de seu próprio destino. Isto é, podemos melhorar e aperfeiçoar nosso caminho ético e moral.

Chegando ao fim da palestra, Pondé falou sobre as concepções mais modernas elaborados pelos pensadores darwinistas, construtivistas e também marxistas. O que obviamente ajudou ainda mais a bagunçar a cabeça do povo.

Em suma, ninguém tem respostas filosóficas definitivas, nem uma concepção filosófica, senão concepções (plural).

***

Bom, o que temos haver com isso?

Veja só: Este discurso todo é extremamente importante para a sociedade pois qual seja a definição que dermos ao homem, seja religiosa ou não, automaticamente desembocará em algum tipo de implicação moral e ética em resposta a esta concepção. Veja: Se alguém diz que "os homens não são iguais" e que não adianta tentar aproximá-los, a sociedade se organizará para defender e sustentar as diferenças. Se por outro lado alguém disser que "somos todos iguais", então a sociedade se organizará para lutar pelos direitos da igualdade. A resposta que escolhermos demandará visões políticas bem distintas.

Qual meu palpite como estudante de teologia?

Nós somos o sujeito contigente. E existe o objeto. O problema em estudar o gênero humano e tentar defini-lo é que nós "o sujeito da questão" está analisando um objeto, que somos nós mesmos - "o sujeito". É um círculo vicioso. Portanto, precisamos de um sujeito que está acima de nós para poder explicar o sentido de nossa existência. E este sujeito é Deus.

*****

Luiz Felipe Pondé, pernambucano, é escritor, filósofo e ensaísta. Doutor em filosofia pela USP, é professor do Departamento de Teologia da PUC-SP, da Faculdade de Comunicação da FAAP e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo. É autor de “O Homem Insuficiente” (Edusp) e “Crítica e Profecia – Filosofia da Religião em Dostoievski” (Editora 34), entre outros. Escreve às segundas-feiras no caderno Ilustrada da Folha.

2 comentários:

Anonymous disse...

ai que blog chato, nao tem Silvio Santos, nem Gugu, nem Faustao......

Daniel Grubba disse...

Eu também acho..rs...

Mas o dia em que o Silvio, o Gugu e o Faustão fizerem algo digno de nota, não penas entretendo o povo com futilidades, eu prometo que os colocarei no blog. No mais, sou livre para postar o que me interessa e você livre para ficar vendo Silvio, Gugu e Faustão...Assim livres, vamos vivendo. Cada um respeitanto suas preferências.

abçs,
Daniel

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