sexta-feira, 24 de outubro de 2008

2º Palestra - "Fé e conhecimento" / Dr. Merold Westphal, ph.D.

Segue abaixo os príncipais pontos da 2º palestra do Dr. Merold Westphal na Universidade Mackenzie-SP (22/10).

O que é fé?

Para Mark Twain a "fé consiste em acreditar naquilo que você sabe que não é assim". Isto significa que a fé é uma crença ilógica na ocorrência do improvável. Estas concepções de fé, como algo antagônico ao verdadeiro saber, tem suas origens em Platão. Segundo este filósofo grego, a fé é uma tentativa fatal de alcançar o conhecimento. Crenças tal como realidades experimentais e sensoriais nunca chegam ao nível do verdadeiro e imutável conhecimento. A palavra usado por Platão para este conceito de fé, é a palavra grega pistis, algo parecido com opinião. E é o máximo que podemos alcançar com os sentidos, a opinião (pistis). A idéia geral de que a fé é uma tentativa fracassada de conhecimento.

Para Dr. Merold Westphal, a fe é uma confiança em um Deus pessoal, em suas promessas e mandamentos. O NT também faz uso da palavra pistis, todavia com sentido complemente diferente de Platão. Pistis no NT é uma confiança real em um Ser pessoal (Hb.11.1). Segundo Merold, existe um risco cognitivo na fé, porque a certeza não é garantida ela visão (II Co 5.7). - A definição de fé, segundo Merold, é pautada pela cosmovisão bíblica.

É unânime que apareça as seguintes perguntas: Fé é conhecimento falho? Somente a filosofia pode nos aproximar do verdadeiro conhecimento conforme o conceito platônico?

O que é a razão?

De acordo com o projeto do Iluminismo, a razão dá as garantias que a fé não provém. A razão é a base para crença e prática. E ainda, promove a tolerância tão vilipendiada pelo autoritarismo religioso. Razão nestes moldes, então, passa a ser a religião universal revelada pela razão e não revelação. Isto significa que cada ser deve ser livre para averiguar a verdade.

Este projeto universalizante e pacificador não deu certo. Primeiro porque promoveu um Reino de Terror (Ex: comunismo soviético e revolução francesa) e segundo, porque o nome "razão" se tornou um conceito extramente contráditório como mostra os séculos posteriores, onde a razão foi elaborado de formas diametralmente opostas. A razão se tornou símbolo do pluralismo. Os conceitos racíonais de Spinoza, kant, Hegel (sec 16,17 e 19) são totalmente diferentes tal como judaísmo, cristianismo e islã.

Dr. Merold argumenta que a razão, segundo revela seu desenvolvimento histórico, se tornou uma fé particular sem garantia. Ele acredita que tudo depende dos pressupostos que temos trazido conosco, uma vez que a razão nunca está isenta de pressupostos.

Aonde Dr. Merold quer chegar? Devemo apelas a intuição na busca da verdade? Devemos ser abitrários em nossas escollhas?

Para Merold, toda fé, seja ela religiosa ou "racional", envolve riscos cognitivos. Dr. Merold sugere que em todas escolhas de nossa mente existe o aspecto volitivo. Não é uma questão puramente teórica, uma vez que não somos máquinas pensantes abstratas. Quando começamos a pensar sobre algo, estamos em algum lugar e não em lugar nenhum (vácuo).

A fé com dádiva

- Não é produto humano, mas uma conversação de um Deus amoroso.
- Deus está ativamente envolvido no nascimento da fé (Ef 2.8). Ele infunde em nós a verdade.
- Porque nem todos tem fé? Dr. Merold responde: Não sei!

Para Dr. Merold na questão que envolve a fé, a oração exerce um aspecto central e na razão, ela não tem espaço.

3 comentários:

Daniel Grubba disse...

Primeiro quero destacar a simplicidade da palestra do Dr. Merold Westphal. È incrivel como um doutor em filosofia pela Yale pode escolher o caminho mais curto para chegar na conclusão de seus argumentos.

Segundo, em toda esta sinopse, parece que Merold é um fideísta. Mas este não é o ponto chave da palestra. Merold, na verdade, quer mostrar que a razão é plural, mutável e transitória. Nestes termos, existe um risco cognitivo em olharmos para o mundo com as lentes da "razão.

Terceiro ponto que ficou claro para mim é a confissão cristã de Merold. Devo lembrar a todos que Dr. Merold é professor de filosofia em NY, em uma universidade católica de orientação jesuíta. Para Dr. Nicodemus isto significa que o cara deve saber alguma coisa, uma vez que ele é um cristão protestante.

Fiquei em dúvida se ele é um epistemólogo reformado (como Alvin Plantinga) ou um pressuposicionalista (como Vicent Cheung).

Valéria disse...

Olá Daniel....só hoje soube que esta palestra já aconteceu...acredito que teria sido muito útil para meu trabalho Fé X Racionalidade ou Fé & Racionalidade?
Valéria

Daniel Grubba disse...

Oi Valéria,

A palestra foi muito interessante realmente. Acredito que eles devem disponibilizar os videos logo mais.

Houve uma fala muito interessante que abordou o divórcio da Fé e Razão em Guilherme de Ocham. Muito interessante.

Estou lendo alguns textos de filosofia da religião que trata muito sobre sua tese de pós. Alguns conceitos em Locke, Spinoza, Hegel...filosofia moderna. Mas gosto mesmo de Agostinho e Aquino.

Abçs,
Daniel

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