quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Congresso "Filosofia e Cristianismo" na Univ. Mackenzie / Dr. Merold Westphal




A primeria palestra com o prof. da Fordham University - New York, Dr. Merold Westphal (mestre e ph.d. em filosofia pela Yale University) foi breve e direta. No auditório Rui Barbosa da Universidade Mackenzie, Dr. Merold versou sobre o tema "Os usos religiosos de ateísmo moderno".

Segue abaixo a sinopse da palestra:


Ateísmo por definição é a negação do teísmo (principalmente o teísmo monoteísta). O teísmo tradicional cristão afirma que Deus é um criador pessoal, doador da lei moral e um salvador misericordioso. Logo, o atéismo nega estas proposições e proclama a ausência deste ser.


O que entendemos quando falamos em Deus pessoal?

- Um agente e não simplesmente uma causa.
- Realizador de atos de linguagem como promessas e mandamentos.
- Realizador de atos de justiça, misericórida e amor.


Ateísmo pré-filosófico - é a ausência de um Deus pessoal, mas sem uma negação explícita. Não é um sisteme filosófico bem delineado. (Algo como o agnósticismo). Não é impossível que Deus exisa, mas ele não deve existir. Neste caso, não há um explicação racional, é apenas uma preferência cosmovisionária.


Atéismo filosófico - diferentemente do ateísmo pré-filosófico, envolve uma reflexão racional sobre esta crença. É também chamado de ateísmo evidencialista.
- O ateísmo evidencialista com referência a verdade, busca evidências para justificar a negação do ser de Deus. E por outro lado, declara insuficientes as evidências que justificam o teísmo.
- O ateísmo evidencialista com referência a racionalidade, declara que são insuficientes os argumentos teístas que procuram torná-lo uma crença irracional. E por outro lado, declara que os argumentos que tornam o teísmo irracional são suficientes.

Ateísmo de suspeição

O principal foco do Dr. Merold não foi exatamente o "ateísmo filosófico", mas o ateísmo de suspeição ou suspeita. De acordo com Dr. Merold, este sistema pode ser considerado como um auto-engano, pois não é avaliado de acordo com os princípios que norteam a lógica. São simplesmente aceitos por seus expoentes sem avaliação racional, que parecem querer dizer: "Cremos no que cremos porque queremos crêr nisso!" Obviamente, existe interesses nisso, sejam eles individuais ou sociais. Os principais teóricos desta corrente são: Marx, Freud e Nietzsche.

1) Freud - a religiosidade é como sonho ou desejos disfarçados. É uma realização da mente humana que busca na religião; proteção contra os enigmas da morte, juízo contra opressão, preenchimento da falta de afeto paternal e meios para deerminados fins.

2) Marx - a religião está ligada a "história das classes e idéias dominantes". Para Marx, qualquer sistema de idéias (política, filosófica, econômica, social, etc.) deriva de suas força/utilidade e não de sua veracidade. Chama-se isso de ideologia. Todavia, Marx estabelece que a ideologia deve legitimizar aspectos sociais para ter seu valor, e obviamente, a religião não tinha. Isto significa que para Marx, a religião é um forma de exploração que traz alívio a consciência do opressor e neutraliza a revolta do crédulo. Por isso a máxima que diz "a religião é o ópio do povo".

3) Nietzsche - A religião tem origem na "revolta dos escravos" e no ressentimento dos escravos contra os senhores. Isto explica o surgimento do preconceito moral, uma vez que os escravos faziam dos senhores, os "maus", e por exclusão, eles mesmos se tornavam os "bons" (auto-afirmação/superioridade moral).

Estas propostas ateístas e teóricas acimaIquerem demonstar que a visão teísta é rudimentar. Um sistema mental que busca a realização de desejos escondidos, manipulação social e a auto-afirmação (negação do outro).

Como responder, de acordo com Dr. Merold? (Em nenhum momento Dr. Merold defendeu que seus argumentos são invencíveis). Para este estudioso, eles podem ser classificados como; 1) argumentos pouco convicentes, 2) argumentos não tão bons, e 3) melhor argumento.

1) Pouco convicente (Falácia genética).

- É falacioso pressupor que a crença é injustificável apenas porque existe problemas com os crentes. Segundo Merold, parece ser recusa em reconhecer a verdade daquilo que a suspeição desconfia.
- Ataque tu quoque - qualquer argumento corta os dois lados. Se para Freud a crença religiosa é infantil porque busca a figura de um Pai, então a teoria de Freud não passa de uma crença adolescente. Isto é, a recusa adolescente em reconhecer um autoridade superior.

2) Argumento não tão bom.

-A argumentação ateísta não reflete toda a história, é parcial. Exemplo: No USA usaram a telogia para justificar atos racistas, mas também foi usada como a base do abolicionismo e dos direitos civis.

3) Melhor resposta.

-Reconhecer a verdade da crítica da suspeição e usá-las para auto-exame.
-Muitas críticas tem sua origem em textos bíblicos de orientação profética e não no ateísmo moderno. Para Dr. Merold, Marx foi uma grande plagiador de Amós, Oséias, Isaias, Jesus e Tiago, uma vez que todos estes eram críticos sociais. Nietzsche diz que sua crítica é semelhante a crítica de Jesus aos fariseus. Freud diz que a psicanálise e a religião concordam que somos fracos.
- Viver piedosamente e trabalhar para sanar os erros encontrados pelos ateísmo. Neste caso, o melhor argumento é a própria vida do cristão.

Soli Deo Gloria

5 comentários:

Vitor disse...

Muito bom, Daniel!

Tem aúdio?

Daniel Grubba disse...

Eu nao gravei, mas vi o pessoal gravando. Vou me informar sobre a disponibilidade do audio.

Abçs,
Daniel

Daniel Grubba disse...

Ontem ele falou sobre fé e conhecimento. Vou postar depois. Foi bem interessante. Na verdade, as falas do Dr. Merold são bem simples e diretas.

Daniel Grubba disse...

Vitor,
Em breve eles vão disponibilizar o conteúdo das palestras para o público.

abçs,
Daniel

Daniel Grubba disse...

Quero destacar nesta fala a ênfase que Dr. Merold Westphal dá ao poder do testemunho cristão no que diz respeito aos desafios do ateísmo.
Como um doutor em filosofia em Yale (umas das melhores universidades do mundo) esperava argumentos mais elaborados, mais "racíonais" ou sofisticados. Todavia, Dr. Merold não dá quase nenhuma ênfase a eles.

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