domingo, 2 de novembro de 2008

Divagações filosóficas do sentido da vida


Todos buscam um sentido na vida e mentem os que dizem não. Acredito que esta busca é inerente a todos os seres humanos. Um antigo provérbio israelita, provavelmente escrito pelo sábio rei Salomão, há pelo menos mil anos atrás, revela isto. Lá diz que “Os caminhos do coração do homem são como águas profundas”. Sem esta busca apaixonada, não haveria filosofia. Alias, não haveria nada. Não é a pergunta mais elementar aquela que questiona: Porque existe algo ao invés de nada?

A busca pelo significado da vida é custosa, leva tempo, trás desabores. Mas se não houvesse mundo, o que haveria? Nada? Agradeço ao filósofo que disse que o “nada é aquilo que as rochas sonham”. Bem, existe algo, então existe propósito. A questão é se é possível descobrir ou não. Na continuação do provérbio de Salomão, ele diz que é sábio o homem que nas profundas águas de seu ser encontra um sentido. Todavia, o sentido não pode estar dentro, deve estar fora deste ser chamado homem. Somos seres contingentes, não podemos nem mesmo determinar o lugar e dia em que nos tornamos seres reais e não podemos saber o fim. Algo maior que nós deve existir, seja o Motor Imovel de Aquino, seja o Cosmos de Carl Sagan, existimos, e devemos nossa existência a este algo. Posso ser cético o bastante para dizer que devo tudo ao acaso, mas tenho que ter fé demais para defini-lo como uma entidade real. Acaso não é algo que possamos definir ontologicamente, é como o infinito. Vago para ser sincero. Tão vago que torna a busca pelo significado totalmente nula.

Mas para defender que a vida é um absurdo sem sentido, tenho que no mínimo saber que o sentido da vida é um absurdo sem sentido, e isto é um sentido absurdo, mas não deixa de ser um sentido. Obviamente esta idéia é absurda e contraditória.

René descartes duvidou de tudo, até que duvidou tanto, que encontrou sentido. Não foi ele que disse “penso, logo existo”. Sócrates disse “só sei que nada sei”, mas ele sabia alguma coisa, que nada sabia. Isso já é um começo. E a partir deste começo, este brilhante filósofo buscou sentido na vida. Trilhar o caminho de Kant é também quase não ter certeza de nada. Mas não ter certeza de nada pressupõe conhecer alguma coisa da vida.

Quero defender que a vida precisa ter um sentido. Pois se tentar dizer que a vida não tem sentido, como os niilistas, afirmam que a vida tem sentido. Não temos como escapar. Pois se eu disser que vou viver minha vida como se não houvesse sentido para ela, estou querendo dizer que dei a ela um sentido. Então, devemos questionar se existe um sentido bom e outro contrário? Qual é o sentido bom e qual o sentido mal? Quem define? Se mais uma vez eu for irracional o suficiente que sentido bom e mal é dogmatismo religioso, implica que posso viver como eu quiser? Isto é, não faz diferença em viver como Madre Tereza ou Hitler? Ninguém pode suportar isso. Segue-se que viver como lhe apraz mostra que há um sentido na vida, mas não o revela completamente.

Soren Kierkgaard acredita que a ética trazia sentido, mas ninguém conseguia viver sem maculá-la. Certamente, viver como se a perfeição moral fosse o alvo trará frustração, viver desconsiderando que exista algo como um legislador moral acima de nos, trará libertinagem caótica. Então, deva haver algo além, um nível de vida superior, um segundo andar, como dizia Schaffer. E só passa para cima, não falo de paraíso, quem acredita na singularidade de sua própria existência. Singularidade que só pode ser atribuída a quem tem poder de diferenciar entre seres e seres. Quero dizer, sentido implica em projeto e projeto em aquele que projeta. Eu não projetei minha existência, Deus sim. Concluímos que Deus trás sentido a existência, em todos os níveis que podemos imaginar.


Daniel Grubba - Soli Deo Gloria

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