terça-feira, 17 de março de 2009

Bem-aventurado os pobres


Os teólogos da prosperidade costumam relacionar pobreza material com maldição. Pobreza é maldição, e por implicação todo pobre é maldito. Um deles chegou a afirmar "a única vez em que as pessoas foram pobres na Bíblia foram quando elas estiveram sob uma maldição"1.

Para nós que vivemos em uma sociedade que organiza sua economia segundo o sistema capitalista, este discurso não chega a ser nenhuma novidade, posto que apenas os mais fortes se destacam em um mercado de concorrência. Os pobres? Segundo o sistema econômico vigente, são fracos e merecem a pobreza como seu salário; 30 milhões que morrem de fome ao ano porque não são bons suficientes para vencer seu concorrente direto. Quem são estes mortos miseráveis? Segundo a religião do mercado, são os "sacrifícios necessários" para o desenvolvimento e progresso econômico.

É evidente que esta necrófila lógica de mercado e a teologia da prosperidade andam de mãos dadas. Para a primeira pobre é um fraco, para a segunda um maldito. Por isto está na hora de passar a criticar não apenas os pressupostos teológicos desta teologia burguesa, mas sua absoluta desumanidade para com os pobres, oprimidos e miseráveis da terra.

Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? Tiago 2.5-6

Será que existe alguma vantagem em ser pobre? O pobre pode ser considerado um bem-aventurado? O que faz os pobres merecerem a preocupação de Deus? Achei algo interessante no livro de Phillip Yancey2. Veja algumas vantagens:

01- Os pobres sabem que têm necessidade de redenção.
02-Os pobres reconhecem não apenas sua dependência de Deus e de gente poderosa como também interdependência uns dos outros.
03-Os pobres depositam sua confiança não nas coisas, mas nas pessoas.
04-Os pobres não têm um senso exagerado de sua própria importância...
05-Os pobres esperam pouca da competição e muito da cooperação.
06-Os pobres conseguem distinguir entre necessidade e luxo.
07-Os pobres podem esperar, porque adquiriram uma espécie de paciência obstinada...
08-Os temores dos pobres são mais realistas e menos exagerados...
09-Quando os pobres ouvem o evangelho, ele soa como boas novas e não como uma ameaça ou repreensão.
10-Os pobres podem reagir ao apelo do evangelho com certo abandono e com uma inteireza descomplicada porque têm tão pouco a perder e estão prontos para tudo.

Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus...Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação. (Lucas 6.20 e 24)

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1 - Paulo Romeiro, Supercrentes, p.68
2 - Phillip Yancey, O Jesus que eu nunca conheci, p.122

Um comentário:

Anonymous disse...

nossa Dani...é urgente resgatar pregações que promovam nos corações iludidos, ou enganados o sentido do evangelho genuíno, ensinado por Jesus- amor ao próximo e não humilhação e condenação ao próximo.
Permaneça Nele e com o blog...me anima a continuar!!!
abraço, Val

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