quarta-feira, 4 de março de 2009

O destestável vírus do legalismo

Texto: Daniel Grubba

O legalismo, em linhas gerais, é um sistema teológico-espiritual que tem por objetivo buscar a aprovação de Deus mediante esforço pessoal. Se trata na verdade de um caminho diametralmente oposto ao caminho do evangelho da graça de Deus, mas mesmo assim são milhões de pretensos devotos que o trilham carregando fardos insuportáveis.


O caminho do legalismo é o modo farisaico de conquistar os favores de Deus. Na mente farisaica não bastava obedecer as 613 leis mosaicas. Além delas, outras 1524 emendas foram criadas para não facilitar as quebras das leis (ex: ao mandamento de não quebrar o sábado foram acrescentadas mais 39 regras proibitivas). O objetivo está claro, barganhar com quem detém o poder. Segundo o entendimento deste grupo legalista, o reino de Deus somente viria se todos praticassem com perfeição tais leis. Este é o motivo dos fariseus odiarem tanto os pecadores que Jesus amava, eles atrapalham os planos eternos; e também motivo do esforços proselitistas, posto que quanto mais fariseus mais rápido o reino virá. Jesus reprova: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito.


A questão é: Será que existe legalismo na atual práxis evangélica?


Pergunto com sinceridade, pois parece que existe uma multidão de piedosos esmagados pelo sentimento de culpa. Muitas vezes, bons cristãos que estão desenvolvendo neuroses profundas em virtude disto. Quer dizer, tentaram com todas forças fazer o melhor, fundamentaram sua fé em si mesmo, mas tropeçaram. Pessoas sinceras que se sentem o vapor exalado do tártaro por terem fracassado. Se tornam tão angustiadas que esperam a cada instante a notícia de que foram rejeitadas para sempre. São tantas as neuroses obcessivas que Sigmund Freud ficaria atordoado só de ouvi-las.


É muito sútil, ninguém vê o tal do vírus chegando. Mas ele começa a agir quando você começa a barganhar com Deus, procurando agradá-Lo, mostrando a Ele todas tuas conquistas espirituais. Deus, olha minha devoção, meus decretos proféticos, minhas horas acumuladas de oração e jejum, milhões de dias a reuniões no templo, olha como sou santo e separado dos demais pecadores, quantos capítulos bíblicos lido, quantas ofertas financeiras, quanto evangelismo e almas ganhas...


Deste modo, instalado no orgulho humano o vírus descaracteriza o ser e cria um distorção, que Jesus chamou de hipócritas (que vem do grego hypokrites e significa ator). Sim, atores que escondem atrás de sua falsa grandeza, a fraqueza inerente de todos os seres. Assim sendo, voltam-se a lei e rejeitam a graça. Tornam-se "atores" em busca do aplauso dos céus, olham apaixonadamente para Sião esperando o esplendor, e ironicamente rejeitam o crucificado do Gólgata.


Como diz Caio Fábio, cair da Graça é se entregar aos mecanismos de repetição de sacrifícios e barganhas, que por mais ingênuos que pareçam, significam a não validação do sacrifício eterno de Cristo.

3 comentários:

Priscyla disse...

Ehhhh...

Parece que vivemos num mundo de fantasias criado pelos homens.kkkk! Quem são os autores dos nossos problemas se não é a natureza ou os animais? Parece que os autores dos nossos problemas estão no conjunto de nós mesmos.Então...no que vamos acreditar?!?!?!?!?


abraçosssssss!

Suderland disse...

Belo texto, mano!

Eu diria que vivemos num mundo onde muitos cristãos são atores. Atores cujo o papel é se mostrarem "santos" (=cumpridores da Lei) para os "pecadores", com os quais esses atores não podem se misturar, até porque eles são "estrelas". O problema é que, segundo a Bíblia, "estrelas orgulhosas" caem...

Parabéns pelo texto!
Graça e PAZ!

Frá disse...

Lindo texto mestre!

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