quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A judaicidade de Jesus


Por Daniel Grubba


Meu interesse pelo judaísmo começou bem no início da minha conversão, há 06 anos atrás, quando pela primeira vez abri o evangelho de Mateus no capítulo um. Confesso que fiquei meio perdido, pois encontrei alguns personagens até então bem desconhecidos para mim. O primeiro versículo diz assim: Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1.1). O rodapé da minha Bíblia indicava livros do Antigo Testamento e descobri rapidamente que a genealogia de Jesus era de um modo geral profundamente judaica.

Para meu espanto, diante de mim agora estava um Jesus tipicamente judeu. Na verdade, minha pré-concepção era simbolizada pela imagem de um Jesus bastante europeu, com cabelos loiros e olhos azuis, assim como ele estava pintado nas gravuras que vi na minha infância em um colégio católico.

Oskar Skarsaune, responsável pelo projeto The History of Jewish Believers in Jesus [A História dos Crentes Judeus em Jesus], professor da História da Igreja Primitiva, pesquisou a fundo as raízes históricas do cristianismo e publicou um livro sobre o assunto "A sombra do Templo". Sobre a nacionalidade judaica de Jesus, ele diz: "Simplesmente não se pensava em Jesus como judeu; para muitos cristãos piedosos, tal idéia deve ter sido chocante."

Logo após a Segunda Guerra Mundial, um ministro escocês, R.A. Stewart, escreveu: "É impossível ter uma compreensão histórica adequada do Novo Testamento sem um conhecimento detalhado da literatura e do pensamento judaico."

Mas antes de embarcar na biografia de Jesus segundo o evangelista Mateus, procurei ler as principais histórias do Antigo Testamento, para poder entender a profundidade do evangelho. Esta aventura de descobrimentos foi fantástica. A cada página descortinava um mundo onde Deus é real, participativo e atuante. Nesta peregrinação espiritual minha paixão pela bíblia e pelo povo de Israel foi despertada e pude entender a razão do choro de Jesus ao avistar a rebelde Jerusalém (Lc 19.41).

Josh McDowll, missionário do Campus Crusade for Christ (Cruzada Estudantil e Profissional) aclamado como um dos principais defensores da fé nos Estados Unidos, afirma que: Para analisar como Jesus de Nazaré realmente era quando Ele passou pela terra da Palestina, não se pode ignorar a evidência de sua judaicidade.

É triste, mas na igreja do século XXI são poucos os cristãos que entendem o contexto histórico onde surgiu o cristianismo e em qual ambiente ele foi gerado. Bruce L. Shelley, pesquisador e professor da historia do cristianismo costuma dizer que “os cristãos de hoje em dia sofrem de amnésia histórica”.

Certa vez minha esposa pediu em uma reunião de intercessão para orar pelos judeus e foi repreendida. Tínhamos acabado de voltar de Jerusalém, onde foi celebrada a nossa cerimônia de casamento. Disseram a ela que existem coisas mais importantes para orar. Na época me lembro de ter chegado a conclusão de que não os conhecemos como deveríamos e não os amamos como a Bíblia nos ensina.

Não defendo de modo algum um estilo de vida judaizante, ou um retorno ao judaísmo, mas se você deseja entender a profundidade do Evangelho, então você precisa obter algumas informações sobre como os ouvintes do tempo de Jesus viviam e pensavam. Tenho a absoluta certeza que sua leitura do Evangelho será muita mais interessante.

Deixo um trecho do Novo Testamento para meditação. Nas palavras do apóstolo Paulo, judeu da linhagem de Benjamim, conforme registrado em Romano 9.3-5;

Porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segunda a carne. São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a gloria, as alianças, a legislação, o culto e as promessas, deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!

Mas se Paulo não convence quanto a importância do povo judeu na história da revelação divina, talvez às palavras de Jesus quebrem as resistências, pois ele mesmo quando falava a mulher samaritana disse: Vos adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus (Jo 4.22).

4 comentários:

Alice disse...

Muito bom texto e ótima reflexão ! em meu caminhar , eu tb me apaixonei pela cultura judaica assim que me converti e isso, para mim que sou filha de alemães, foi importantíssimo para compreender e entender o fundamento dos princípios de Cristo.

super abraço pra vc !

Alex Malta Raposo disse...

Daniel,

Sou visitante assíduo do seu blog. Gosto muito dos seus textos.

Sou iniciante na chamada blogosfera cristã com o meu vivendooevangelho.blogspot.com

Um forte abraço,

Daniel Grubba disse...

Oi Alex,
Obrigado por nos acompanhar. Espero que os textos lhe sejam úteis e edificantes.

Vou visitar seu blog.

Abraços,
Daniel

Daniel Grubba disse...

Oi Alice,
Obrigado pela visita. Acredito que temos em comum a admiração pela cultura judaica. É sempre importante orarmos para que eles reconheçam Yeshua como o Messias prometido.

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