terça-feira, 14 de julho de 2009

A paz que não promove alienação



Texto: Daniel Grubba

No Sermão da Montanha (Mateus - cap. 5 a 7), Jesus diz que felizes são os pacificadores e que por tal razão os tais seriam chamados "filhos de Deus". Paulo também em Romanos 12.18 nos aconselha, no que depender de nós, procurarmos ter paz com todos os homens. Posto que Deus não é Deus de confusão, senão de paz (I Co 14.33).

No entanto, o esforço pelo estabelecimento da paz não deve nos alienar. A verdadeira paz nunca legitimará a omissão frente as distorções da mensagem de Jesus. Aquele que disse "felizes são os pacificadores", é o mesmo que diz "felizes são os que tem fome e sede de justiça". E o mesmo que disse "não julgueis" é o mesmo que diz para exercermos o discernimento pois "pelos frutos conhecereis". São muitas orientações neste sentido: “Acautelai-vos!Vede que não os sigais!” Muitos virão em meu nome...”

Caio Fábio comentando o Sermão da Montanha e a aparente discrepância entre o "nao julgar" e o dever de "discernir frutos" disse:

"Desse modo, o mesmo texto que ordena que não se julgue a individualidade de quem quer que seja, termina mandando que se discirna o fruto de cada um que chega falando em nome de Jesus, visto que o próprio Senhor advertiu que eles viriam, e que precisariam ser discernidos, a fim de que se não os seguisse, no caso de falsificarem o Evangelho
".

Penso que não é saudável neste tempo presente fazer do "argumento da busca pela paz" um ópio que embriaga nossa capacidade de discernir. Quem se cala diante da idolatria reinante no arraial evangélico e se recusa a denunciar as falsas doutrinas não ama a paz, antes é um ser absolutamente conformado com o status quo, e demonstra mediante a passividade ser alguém cuja mente não foi transformada pela renovação do entendimento segunda a verdade da Palavra (Rm.12.2). Como disse Lutero: “Paz se possível, mas verdade a qualquer custo.”

A falta de discernimento é uma porta aberta para entrada de toda sorte de aberrações. Para Charles Colson "o inimigo entre nós e se infiltrou de tal modo em nossa linhas que muitos simplesmente já não conseguem distinguir entre o amigo e o inimigo, entre a verdade e a heresia".

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o Pr. Ubirajara foi feliz quando disse:

"Batalha espiritual não se resume a confrontações públicas ou privadas com demônios, inclui resistir à heresia, desmascarando-a e ensinando a sã doutrina, exigindo um profundo conhecimento da Palavra, o que demanda tempo e dedicação ... Estamos demorando a admitir que muitas destas lutas já foram perdidas, pois enquanto concentramos nossa munição nos demônios falantes, o que inúmeras vezes não passa de uma distração, a sua tropa de elite penetra por portões que não estão sendo vigiados, ele faz isto introduzindo aqui e ali algumas heresias destruidoras. Destacamos aqui deturpações em áreas como a prosperidade, a maldição hereditária, a autoridade, a santificação, os títulos, a unção, o avivamento, os dons e o governo eclesiástico".
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Quem conhece a mensagem de Jesus e o ensino do Evangelho em Paulo, por exemplo, não tem como ver todas essas coisas (distorções) e não desnudá-las como falso ensino e como perversão do Evangelho - Caio Fábio
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* ver também o texto: Paz sem voz não é paz, é medo

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