sexta-feira, 22 de maio de 2009

A pessoa de espírito público

Foto ilustrativa: Jonathan Edwards pregando


Sinto-me atônito com a indiferença de tantos evangélicos para com a causa dos direitos humanos no Brasil, especialmente no que se relaciona à morte por assassinato de tantos brasileiros. Esses homicídos ocorrem num contexto em que evangélicos estão sendo igualmente assassinados. Em algumas comunidades pobres o horário do culto é determinado pelo crime organizado. Fora o fato perceptível de que a freqüência aos cultos de meio de semana tem caído por força do medo gerado pela violência.

Nesses dias de uma igreja sem alma, vale a pena ler essa citação do teólogo americano, Jonathan Edwards (1703-1758):

"O amor cristão é oposto ao espírito egoísta, no sentido de que ele é misericordioso e liberal, por este mesmo motivo ele dispõe a pessoa a ter um espírito público. Um homem com um espírito correto não é um homem de visões estreitas e privadas, mas alguém grandemente interessado e preocupado com o bem da comunidade à qual pertence, e particularmente à cidade ou vila na qual reside, portanto trabalha para o verdadeiro bem estar da sociedade da qual ele é membro. Deus mandou os judeus que foram levados longe, para o cativeiro da Babilônia, que procurassem o bem daquela cidade, embora esta não fosse seu lugar de nascimento, mas apenas a cidade do seu cativeiro".

Como explicar o protestantismo brasileiro à luz de uma declaração como essa? Toda a contribuição que poderíamos dar para o desenvolvimento e cura dessa nação é obliterada por um discurso que aliena e conduz os que se dizem salvos a se sentirem culpados apenas nas ocasiões em que praticam seus pecados privados, muitos dos quais restritos ao templo. O sujeito se arrepende porque não participou do ensaio do coral, porque não deu sua oferta ou não foi à vigília, mas não tem a mínima preocupação com o fato de que milhares estão sendo explorados, torturados e mortos ao seu redor, enquanto ele e os seus amigos permanecem preocupados com o próximo festival de música da igreja.

A ausência de um espírito público é grave sinal de uma conversão insincera, fecha o coração de milhares para a pregação do evangelho e faz com que o Espírito Santo se aparte das nossas assembléias.

Texto: Antonio Carlos Costa

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